Tudo deveria ser óbvio. E desaparelhado. Difícil entender, a título de exemplo, um psicólogo à frente de uma repartição que trata de questões ligadas a técnicas de escavação arqueológica. Ou da colocação de um engenheiro, afeito à vivência em canteiro de obras rodoviárias, numa mesa burocrática para tratar dos problemas institucionais da previdência. Da mesma forma como parece absurdo, um executivo engravatado, que nada sabe sobre prospecção, ser designado para fazer explanações sobre o futuro da exploração do petróleo sob a camada do pré-sal. Isso é definitivamente o avesso do avesso. Já houve caso de um político, que nada conhecia de piscicultura, ser colocado no Ministério da Pesca.
Uma vez, ao procurar informações sobre a metodologia adotada na perfuração de um túnel em serra nos arredores de uma cidade litorânea, me disseram que a pessoa designada para aquele fim seria um executivo de alto coturno, postado à frente de um órgão estatal. Argumentei que o projeto era de um engenheiro que eu conhecera. Um profissional no pleno gozo de suas faculdades intelectuais e técnicas. Seria ele quem deveria me prestar os esclarecimentos necessários. Mas uma assessoria bateu o pé. O homem seria o sujeito engravatado, embora não fosse do ramo. Em resumo, um burocrata de plantão, colocado ali por força de seus compromissos partidários.
Cito esses exemplos de modo aleatório apenas para dizer que tudo deveria ser óbvio, mas não é. Cada peça deve ser colocada no lugar natural. Conforme fez JK, tanto na prefeitura de BH, quanto no governo de MG e, depois, na Presidência da República.
Mas, o que vem ocorrendo, especialmente nos últimos governos, é uma subversão. E, o resultado do aparelhamento gera esses desvios que estão sendo denunciados. Portando, tudo deveria ser óbvio. E desaparelhado.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira