Diário do Brasil

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2013, julho

Bisbilhotice. Governo brasileiro revela indignação ao governo dos Estados Unidos por causa da descoberta de que vinha sendo espionado. Reportagem de jornal O Globo informa que o Brasil seria alvo prioritário do monitoramento norte-americano.

 

Sem complacência. Tribunal de Pequim condena à pena de morte Liu Zhijun, ministro das Ferrovias, acusado de se apropriar do equivalente a R$ 23,1 milhões de empresas, em troca de contratos ferroviários. A sentença poderá ser convertida em prisão perpétua. No Brasil, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) é acusado de haver se transformado em antro de corrupção, mas nada se comprova e a punição se resume a algumas demissões.

 

Festival de multas. Prefeito paulistano Fernando Haddad aumenta para 220 km a extensão das faixas exclusivas para ônibus e o resultado é um festival de multas – 226 mil punições por invasão de área do transporte coletivo só no primeiro semestre do ano. A pressão contra proprietários de veículos, que não têm como escapar, segue sem trégua.

 

Faixas de ônibus em São Paulo aumentaram número de multas

 

Recado papal. Em visita ao Brasil, o papa Francisco diz que o povo brasileiro, sobretudo as pessoas mais simples, pode dar ao mundo uma grande lição de solidariedade e que os jovens não devem desanimar por causa das notícias sobre corrupção, pois “a realidade pode mudar”.

 

Agosto

Somos 200 milhões. Projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a população brasileira chega aos 200 milhões de pessoas. A estatística vem acompanhada da informação de que, a partir de 2043, os brasileiros começarão a ficar mais velhos rapidamente. Até lá, o País precisa se preparar para essa mudança. Ele corre o risco de ficar mais velho sem conseguir enriquecer.

 

Apagão. Um blecaute deixa nove estados do Nordeste às escuras. O governo atribui o apagão a uma queimada numa fazenda no Piauí. Técnicos se dizem espantados por dois motivos: 1º) Por que se deixou que um incêndio acontecesse nas proximidades de linhas de transmissão? 2º) Por que numa ocorrência desse tipo não se acionou um mecanismo de segurança para bloquear o incêndio e não deixar que todo o sistema fosse afetado? Por aí pode-se inferir que a segurança implícita, que deveria proteger os trechos críticos das linhas de transmissão, na prática não existe.

 

Salvador foi uma das cidades atingidas pelo apagão

 

Trem-bala. Governo volta a adiar leilão do trem-bala e, desta vez, setores da sociedade condenam explicitamente o empreendimento, considerado descabido. Acham que a ideia de tal desperdício deve ser abandonada, pois o País tem coisa mais importante para fazer.

 

Setembro

União versus Estados. Edição de O Empreiteiro demonstra, a partir da análise de planilhas do próprio governo, que cinco Estados (SP, RJ, PE, BA e MG) pagaram mais por obras públicas executadas (R$ 11,4 bilhões), do que o governo federal (R$ 11,3 bilhões) em um período de 12 meses. Cai por terra, assim, o mito de que o governo federal é o maior contratante de obras. De fato, contrata mais, mas não consegue executar.

 

Ducha de água fria. Cortes de investimentos por parte de duas empresas que contratam grandes projetos de engenharia – a Petrobras e a Vale – ameaçam causar um “apagão” entre profissionais dessa área. O temor é que se repita o que aconteceu nos anos 1980, quando muitos engenheiros viraram suco ou outra coisa. Ou foram trabalhar na rede bancária.

 

O custo da burocracia. A indústria de transformação fez lá os seus cálculos e está concluindo que é muito caro arcar com os custos da burocracia brasileira. Ela gastou R$ 24,6 bilhões só para poder pagar tributos devidos no ano passado. Um diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) criticou: “É um monte de dinheiro escoando pelo burocrático.”

 

Outubro

Mote de Paulo Coelho. O autor de O Alquimista e de outros livros de sucesso d&aacut
e; o mote para o editorial de O Empreiteiro deste mês. Ele diz na feira do livro de Frankfurt, Alemanha, que o governo brasileiro não cumpre as promessas de crescimento que fez. Também, com uma taxa de crescimento inferior a 1%, em 2012, e com projeção para repetir número semelhante, ao longo deste ano, fica muito difícil esperar que haja crescimento em um País que não tem um Projeto de Nação.

 

USP perde posição em ranking. E, não bastasse o pífio crescimento, o País vê a Universidade de São Paulo (USP) perder 68 posições no ranking das universidades do mundo. Após ocupar o 158º lugar, resvala para uma posição entre do 226º e o 250º lugares na lista do Times Higher Education, publicação britânica que faz essa emulação. A primeira posição ficou com o Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA).

 

Falta de investimentos afeta engenharia

 

Tripé econômico. O economista Eduardo Giannetti da Fonseca não vê risco algum na hipótese de um governo presidido por Marina Silva. Ele acha que a ex-senadora poderia administrar o País em cima do tripé formado pelo superávit primário, câmbio flutuante e as metas da inflação. No fundo, ela poderia ser menos estatizante que Dilma Rousseff.

 

A USP vive situação crítica

 

Lucro da Petrobras. Mais um desastre: a empresa registra queda de 39% no terceiro trimestre do ano.

 

Novembro

Sob o Bósforo. A Turquia inaugura uma das suas principais obras de engenharia: o túnel subaquático ferroviário de 13,6 km de extensão no estreito de Bósforo, ligando a Europa à Ásia. As gigantescas seções de concreto da obra foram pré-fabricadas em canteiros e imersas no mar, num trabalho semelhante ao que será realizado na travessia Santos-Guarujá, para substituir as balsas na travessia.

 

Uma tendência no mundo. E túneis submersos é tema de seminário, realizado em São Paulo (SP), reunindo engenheiros do País e de outras regiões do mundo. Eles acham, conforme matéria publicada em O Empreiteiro, que essa metodologia construtiva representa nova tendência capaz de agilizar obras desse tipo para facilitar as travessias subaquáticas.

 

Corrupção. A Justiça Federal determina o sequestro de R$ 57 milhões em ativos financeiros de ex-diretores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), além de consultores investigados por suspeita de fraude em licitações no segmento dos transportes públicos. É a corrupção que não para.

 

CPTM é investigada por suspeita de fraude

 

Deságio de 52% na BR-163. A baiana Odebrecht ganha o leilão da BR-163, em Mato Grosso, oferecendo um deságio de 52%. A empresa argumenta que o deságio mostra o quanto ela aposta no crescimento do agronegócio na região.

 

Negócios em energia eólica continuam aquecidos

 

O arquiteto espanhol Santiago Calatrava sob críticas

 

Dezembro

Nelson Mandela. Morre aos 95 anos, em Johannesburgo, África do Sul, o maior líder político do século 20: Nelson Mandela. Conhecido pela luta contra o apartheid, ele emergiu da prisão, onde ficou por 27 anos, mais tolerante, paciente e conciliador, virtudes demonstradas antes, durante e depois de exercer a Presidência de seu país. Dele disse sua conterrânea, a escritora Nadine Gordimer, em seu livro Tempos de reflexão: “Mandela não quer ser cultuado; quer apenas que o povo da África do Sul se recrie em união. Essa é a sua grandeza”.

 

Eike Batista. Sidney Finkelstein, professor de estratégia e liderança da Escola de Administração Tuck, da Faculdade de Dartmouth (EUA), vem, desde 2010, elaborando um ranking sobre os piores e melhores desempenhos de executivos. E está apontando o empresário brasileiro Eike Batista como o pior presidente executivo de 2013. Os melhores, segundo Sidney, foram Jeff Bezos, da Amazon, e Akio Toyoda, da Toyota.

 

Eólicas de vento em popa. A Associa&cc
edil;ão Brasileira de Energia Eólica informa que esse segmento de atividades encerra 2013 projetando investimentos da ordem de R$ 27 bilhões no País, até 2017. Esse valor é quase o equivalente ao orçamento da usina hidrelétrica de Belo Monte.

 

Concessões. Em sua última edição do ano, a revista O Empreiteiro traz matéria informando que os mais recentes leilões de concessão de rodovias federais (realizados em novembro e dezembro) representam investimentos da ordem de R$ 25,2 bilhões. São recursos que, somados àqueles que deverão ser aplicados na BR-050 (MG), chegam a R$ 28,2 bilhões.

 

2014, janeiro

Corrupção. A Lei Anticorrupção (12.846/13), sancionada pela presidente Dilma Rousseff, que permite apurar e punir com multas de até R$ 60 milhões empresas envolvidas em fraudes de contratos públicos, está entrando em vigor. A sociedade espera que, um dia, ela seja aplicada.

 

Congonhas pode mudar. Esse aeroporto, que opera cinco das dez rotas mais movimentadas do País, pode demolir a pista atual, construir outra, maior, e até criar um segundo terminal de passageiros. Mas há controvérsias. Para executar as obras previstas, seria necessário desapropriar área de 114 mil m².

 

Paradoxos brasileiros. A presidente Dilma Rousseff, em sua visita a Cuba, onde se encontrou com o chefe de governo, Raul Castro, diz que o Brasil oferece ao país investimento adicional da Odebrecht à zona econômica do porto de Mariel, agora inaugurado. Cerca de 85% daquele montante será financiado pelo BNDES e os 15% restantes resultarão de contrapartida cubana. Tal diplomacia terceiro-mundista incorre no risco de colocar em segundo plano os acordos comerciais com a Europa e a China.

 

Calatrava. O arquiteto espanhol Santiago Calatrava, autor do projeto do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, vive fase desfavorável, por conta de seus críticos. Estes dizem que os projetos dele não têm sido acompanhados de planejamento correspondente. Ele dá asas à imaginação, mas se esquece da retaguarda. A partir daí surgem, nas obras, falhas atribuídas à carência de planejamento. Apesar das críticas, Calatrava segue sonhando. E criando.

 

Rombo nas contas externas. Contudo, apesar das benesses que o governo oferece no exterior, o Brasil não está bem. Registra rombo de US$ 81,4 bilhões, correspondente a 3,66% do PIB, em suas contas externas. Trata-se, segundo analistas econômicos, de um rombo histórico.

 

São Paulo, 460 anos. São Paulo, que comemora 460 anos, cresceu e amadureceu anarquicamente. Oded Grajew, coordenador geral da Rede Nossa São Paulo, diz que dos 96 distritos da cidade, 31 não têm hospital, 38 não têm parque e em 44 não há nem sequer uma biblioteca pública.

 

Fevereiro

Sistema Cantareira. Prolongada estiagem começa a afetar a capacidade de armazenagem de água do sistema Cantareira. Contudo, chega a 25% o volume de água que se perde por causa de vazamentos ao longo das tubulações da Sabesp. Racionamento, nem pensar.

 

Manifestações. Rojão mata cinegrafista Santiago Andrade, no Rio de Janeiro, e aguça o processo de criminalização dos movimentos sociais.

 

Decisão estapafúrdia. Por conta do calor e do gradativo esvaziamento das represas (volume de água chega a 53,4% da média histórica), o governo federal decide acionar mais as usinas termelétricas. E informa que “vai dividir com a população” o custo extra dessas usinas. Os consumidores só deverão sentir o efeito dessa decisão, depois das eleições. O suposto desconto nas contas de luz virou anedota.

 

Portos. É um parto difícil a licitação de 158 terminais portuários. A Advocacia-Geral da União (AGU) informa que existem 32 ações de operadores portuários dificultando as concorrências. As ações partiram dos portos públicos de Santos e São Sebastião (SP), Aratu (BA), Belém (PA) e Paranaguá (PR). No fundo, é o corporativismo defendendo seus privilégios, mesmo com prejuízos para a economia.

 

Reforma portuária segue atravancada

 

Delfim Netto. Em entrevista a José Carlos Videira, de O Empreiteiro, este mês, o economista e ex-ministro Delfim Netto reconhece as vulnerabilidades da infraestrutura brasileira. Comenta: “Quando o Brasil crescia 7% ou 8% ao ano, a carga tributária bruta era de 24%, e o governo investia 5%. Hoje, a carga tributária é 36% e o governo não investe nem 2%”.

 

Dívidas das empresas de transmissão de energia se acumulam
 

 
 

 

Março

Cantareira. Estudo contratado pelo governo paulista há cerca de cinco anos recomenda a construção de dois novos sistemas Cantareira até 2035. Para isso, deveriam ser disponibilizados recursos da ordem de R$ 10 bilhões.

 

Setor elétrico. Empresas de transmissão de energia advertem que já existe um rombo de R$ 10 bilhões afetando o setor elétrico. A solução dessa dívida é considerada prioritária a fim de que as empresas mantenham saúde financeira e preservem seus ativos em bom estado.

 

Estatais afetadas. A agência de classificação de risco Standard & Poor´s dá notas baixas, de crédito, a Eletrobrás, Petrobras e Samarco, subsidiária da Vale. A perspectiva de risco, sobretudo no caso da Petrobras, é agravada por sua dívida, que chega a R$ 221 bilhões.

 

Abril

O pesadelo de Pasadena. E pesa ainda, contra a empresa, a compra estapafúrdia da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Isso provocou perdas superiores a US$ 530 milhões à estatal, cuja presidente, Graça Foster, reconheceu que a aquisição foi “um mau negócio” – um negócio que teve, à época, o aval de Dilma Rousseff, então presidente do conselho de administração da estatal.

 

Maio

Expansão de gastos. É gasto para além do razoável. Para fontes do Tesouro Nacional, as despesas do governo somaram R$ 235,3 bilhões, registrando alta de 8,8% sobre os primeiros três meses do ano passado. Com essa elevação de despesas, o abatimento da dívida governamental, o chamado superávit primário, ficou em R$ 13 bilhões, abaixo, portanto, dos R$ 20 bilhões do ano anterior.

 

Transnordestina, ainda uma ficção. Com 1.700 km de extensão, a ferrovia é, ainda, uma ficção. Só um trecho pequeno deverá ficar pronto este ano. Trata-se de uma ligação entre duas cidades pernambucanas. A promessa de que seria o grande escoadouro da produção ligando os estados do Piauí, Paraíba, Pernambuco e Ceará continua no papel. O concessionário privado protela as obras e o governo não reage.

 

A Transnordestina prossegue em obras sem prazo definido para terminar

 

Joaquim Barbosa. Um melancólico final no STF. O ministro Joaquim Barbosa, que poderia exercer a magistratura, ali, até 2024, resolve fechar as gavetas, recolher os objetos de uso pessoal e ir embora, aposentado. Ele se afasta dizendo que a ação penal 470 (processo do mensalão) sai de sua vida.

 

Os estádios ficaram prontos, mas boa parte das obras prometidas de mobilidade para a Copa não acabou

 

Junho

Belo Monte. Considerada a terceira maior hidrelétrica do mundo, Belo Monte está atrasada. A entrada em operação comercial é adiada de fevereiro de 2015 para abril de 2016. A concessionária alega que o atraso se deve “a fatos resultantes de atos do poder público”. A obra foi projetada sob o foco de problemas ambientais. Conseguiu superá-los adequando projetos executivos; articulou soluções logísticas e sociais. Mas as ONGs e indígenas não saem de sua porta.

 

Legado da Copa. Haverá legado. Não tanto quanto os prometidos. Muitas obras foram abandonadas antes mesmo de iniciadas; ficaram apenas as que foram julgadas imprescindíveis para dar visibilidade internacional ao evento. Calcula-se que é de pouco mais de 50% o volume de obras prometidas e acabadas. No fundo sabia-se que seria assim. Apesar disso, os custos chegaram a R$ 35 bilhões, superiores aos inicialmente previstos.

 

Irresponsabilidade fiscal. Em entrevista à FSP, o economista Gustavo Franco bate forte ao dizer que a Copa foi um exemplo de irresponsabilidade fiscal. Afirma ele: “Cada estádio representa um rombo de mais ou menos R$ 1 bilhão. Se esse dinheiro existia, por que não foi utilizado para outra coisa?”

 

Surpresa. O ex-presidente José Sarney, ex-governador do Maranhão e senador pelo Amapá, provoca surpresa ao anunciar que não vai mais disputar nenhum cargo nas próximas eleições. Em São Luís, capital do Estado, um de seus adversários comenta: “O Maranhão agradece”.

 

Julho

Copa do Mundo. Alemanha 7 – Brasil 1.

 

 

Fonte: Revista O Empreiteiro


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