Augusto Diniz – Goiânia (GO)
Já passam de duas dezenas o número de fábricas de cimento montadas pela Tecnomont nos seus 25 anos de existência. Mas não é somente em montagem eletromecânica que a empresa atua. Há negócios de fabricação de estruturas metálicas, além de locação e vendas de máquinas e equipamentos de construção.
“O crescimento na atuação foi uma necessidade para atender o cliente”, conta Marcelo Magalhães, diretor-presidente da empresa. Hoje, o grupo conta com cerca de 4.500 funcionários em unidades estratégicas distribuídas pelo País.
Em Goiânia (GO) está o escritório central do grupo. Em Senador Canedo (GO), Bicas (MG) e Conde (PB) funcionam unidades industriais de estrutura metálica. Em Araçoiaba da Serra (SP), a empresa mantém base de logística e suprimentos para a Região Sudeste. As cidades do Rio de Janeiro e São Paulo contam com escritórios comerciais.
Em Salto de Pirapora (SP) e Senador Canedo (GO) o grupo implanta fábricas de módulos industriais construtivos (contêineres) para canteiros de obras e outras utilidades temporárias, como postos policiais e de saúde.
Logística e planejamento
A Tecnomont se consolidou inicialmente na construção industrial no eixo Goiânia-Brasília. Depois foi criando braços pelo Brasil afora. A empresa se especializou no atendimento dos mercados de portos (Tubarão, Ponta da Madeira, Guaíba e Sudeste são alguns exemplos), siderurgia e mineração.
Marcelo considera a logística um passo importante nos projetos desenvolvidos pela empresa. “É preciso entender o Brasil e traduzir isso em valor. Logística é um componente importante de custo”, diz. “Existe ainda a logística da mão de obra”, ressalta, acrescentando que seus colaboradores costumam andar pelas obras da Tecnomont pelo País, agregando qualidade aos trabalhos da empresa.
O executivo ressalta também a importância do planejamento. “Uma equipe de montagem tem, por vezes, 80 equipamentos pesados para usar. Isso exige muito planejamento”, destaca.
A empresa montou há cinco anos sistema tecnológico de acompanhamento em tempo real de suas obras, chamado Multcon. “O cliente tem acesso a ele e pode ver mobilização de mão de obra até a fabricação de suas peças”, conta Gustavo Rincon, diretor de produção de estrutura metálica da Tecnomont.
Em alguns projetos que realiza, a empresa chega a montar calderaria no canteiro de obras. “É questão de logística e custo de transporte de peças. Por vezes, elas têm grandes diâmetros, não pesam tanto, mas exigem transporte de veículo de carga especial, com batedor”, exemplifica Marcelo Magalhães.
Roberto Machado, diretor de Operações da Tecnomont, cita que calderaria e pré–montagem são dois aspectos importantes de uma obra de montagem industrial. “Agregam muito valor. São feitas no canteiro de obras, utilizando recursos próprios”, diz.
Na fábrica de cimento que estão montando em Arco (MG), para a CSN, por exemplo, eles criaram local de conformação de peças no canteiro. Lá, a empresa erguerá o maior forno de clínquer de uma unidade industrial desse tipo no Brasil, com capacidade de 6 mil t/dia.
Atualmente, a Tecnomont desenvolve mais dois projetos de fábrica de cimento: em Adrianópolis (PR), para a Margem Cimentos, e em Pitimbu (PB), para a Brennand Cimentos.
A Tecnomont tem trabalhado em sistema de EPC em construção industrial. “A montagem mecânica é a locomotiva de uma obra”, define seu diretor-presidente.
O executivo revela que quer caminhar no segmento de pontes, viadutos e ferrovias. “Temos know-how de montagem, e podemos levar isso para a infraestrutura”, afirma.
Novos negócios
O dinamismo de Marcelo levou recentemente a empresa a fabricar salas primárias prontas de distribuição de energia em plantas industriais. “Aproxima o prazo e diminui aplicação de mão de obra”, avalia. As salas – chamadas de eletrocentros – são do tamanho de um contêiner, que chegam prontas para ser posicionadas no empreendimento, representando mais um item de industrialização da construção.
A Tecnomont é ainda dealer no Brasil da marca chinesa de máquinas XCMG, especificamente nos Estados do Centro-Oeste e em Tocantins. Sobre o desafio de trabalhar com os chineses, ele cita vários ingredientes: exercitar a paciência por conta da língua, o fato de ser testado constantemente e a necessidade de trazer produtividade nos negócios. “O chinês tem humildade para aprender”, ressalta Marcelo Magalhães. “Estamos levando engenheiros para lá, para mostrar a eles o que fazer antes de chegar aqui”.
A Tecnomont começou recentemente prospecção internacional, começando pela América Latina. A empresa trabalha propostas de montagem na Argentina, Uruguai e Bolívia (montagem). “Estamos bem desenvolvidos no Brasil. Temos condições de atuar lá fora.”
No Peru, está negociando um sistema solar móvel que conheceu com os chineses. O incrível equipamento gera energia de placas fotovoltaicas em uma espécie de cinturão que pode ser carregado por uma pessoa.
Segundo Roberto Machado, a empresa tem olhado mais de perto a cogeração e geração de energia em plantas industriais, que “precisarão de energia barata e farta”.
Fonte: Redação OE