Operação remota de equipamentos amplia segurançae antecipa prazos na descaracterização de barragens

Operação remota de equipamentos amplia segurançae antecipa prazos na descaracterização de barragens

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Visando aumentar a segurança na indústria da mineração e evitar novos acidentes com barragens de rejeitos a montante, a alteração na legislação da Política Nacional de Segurança de Barragens – Lei nº 23.291, de 2019 – fez com que as mineradoras buscassem desativar suas estruturas nos últimos anos, a fim de concluir a descaracterização e adquirir a declaração de condição de estabilidade pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), em Minas Gerais.

À medida que essa demanda tomou forma, surgiram também os desafios: como executar a descaracterização das barragens, onde há grande movimentação de solo e rejeitos, em locais onde não é permitida a presença de pessoas?

Para atender essa necessidade do mercado da mineração, a Construtora Barbosa Mello (CBM) iniciou, em 2019, um programa de pesquisa e desenvolvimento de produtos para Tele Operação de equipamentos para uso na Construção Pesada.

Diante deste cenário, os desafios eram múltiplos. Segundo a Barbosa Mello, era necessário repensar cada etapa do fluxo de construção tradicional, adaptando processos como levantamentos e marcações topográficas, operação de equipamentos e medições de serviços para o ambiente remoto, utilizando as tecnologias existentes e desenvolvendo produtos juntos com os fabricantes através da metodologia ágil. Tudo isso, mantendo a integridade estrutural das barragens e garantindo que aspectos como vibrações no solo e a segurança em geral fossem rigorosamente monitorados, prevenindo a criação de gatilhos de liquefação que poderiam causar danos às barragens.

O PROJETO PILOTO
A primeira versão da solução de engenharia foi estruturada e convertida em um MVP (Minimum Viable Product). O piloto da operação remota foi implementado em um ambiente de teste controlado, onde foram realizados os primeiros experimentos com equipamentos tele operados.

A CBM levou engenheiros e operadores ao campo para testar a efetividade dos controles remotos, a resposta dos equipamentos e a confiabilidade da infraestrutura tecnológica. Diante de resultados positivos alcançados no período de concepção e validação da solução de operação remota, a CBM seguiu para execução dos serviços em escala, iniciando o comissionamento da 1a geração de equipamentos não tripulados.

PRODUÇÃO DOS EQUIPAMENTOS NÃO TRIPULADOS

Atuando como protagonista neste formato de operação, a construtora desenvolveu um modelo de operação remota, sustentado por três pilares: automação e controle de máquinas, infraestrutura tecnológica e capacitação do capital humano.

A CBM direcionou investimentos com os fabricantes de rádio para a criação de uma infraestrutura tecnológica que possibilitasse a comunicação entre equipamentos e operadores remotos. Paralelamente, foram desenvolvidos novos processos para treinamento de motoristas e operadores, adequando-os às evoluções do produto. Os colaboradores precisaram se adaptar a uma nova realidade, onde o trabalho à distância substituiu o contato direto com os equipamentos, sem comprometer a segurança ou a precisão dos serviços.

Na etapa inicial sobre o levantamento topográfico, a CBM adotou novo modelo de drone e recursos de plataforma de aerofotogrametria. Essa tecnologia foi essencial para mapear rapidamente as áreas de intervenção

com alta precisão e segurança, eliminando a necessidade de exposição humana em zonas críticas. As
imagens capturadas pelos drones foram processadas para gerar modelos tridimensionais detalhados
do terreno, que serviram como base para o desenvolvimento de projetos em Building Information Modeling – BIM 3D. Essa mesma tecnologia foi utilizada no decorrer das operações para monitorar e medir os volumes movimentados. A CBM também integrou o Planejamento Puxado (LPS) ao BIM e
ao AWP (Advanced Work Packaging), permitindo um fluxo contínuo de trabalho e reduzindo variações
que impactam a produtividade. No campo da automação, a CBM implementou o uso de equipamentos
tele operados e sistemas avançados de Machine Control. Escavadeiras, tratores, motoniveladoras e caminhões basculantes, controlados remotamente, foram integrados a modelos BIM 3D para dar maior precisão nas escavações e no transporte de material. A modelagem digital das superfícies e volumes permitiu o planejamento detalhado e a execução assertiva de cada etapa da obra, reduzindo erros, retrabalhos e os impactos ao meio ambiente. Além disso, o georreferenciamento remoto, com projetos embarcados, eliminou a necessidade de equipes de topografia em campo. moradores reduziram variações operacionais e ampliaram a eficiência e sustentabilidade das atividades.


EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE OPERAÇÃO REMOTA

Desde o início da concepção do piloto em 2019, o sistema de operação remota da CBM percorreu uma trajetória de inovação. Na época, os controles remotos baseavam-se em sistemas de operação de mesa, com comunicação limitada e gerenciamento técnico sob a supervisão direta dos clientes. Os operadores trabalhavam em containers adaptados (shelters), com infraestrutura de conectividade básica para atender às demandas iniciais de segurança e eficiência. Em 2024, a CBM promoveu uma transformação. O controle remoto, que antes se limitava a um painel básico, deu lugar a cockpits avançados que replicam fielmente as cabines dos equipamentos. Esses novos cockpits elevam o padrão de ergonomia, produtividade e segurança para os operadores, gerando maior precisão nas operações.
Além disso, os Shelters foram substituídos por um Centro de Operações Remotas (COR), projetado para suportar os desafios de infraestrutura crítica com resiliência e confiabilidade.
Equipado com redes de alta estabilidade e conectividade, incluindo tecnologias como redes mesh e ponto-a-ponto como principais provedoras de conectividade e a rede satelital (Starlink) em estudo piloto, o COR assegura operações em áreas remotas, com suporte a contingências que priorizam a continuidade operacional. Essa infraestrutura impactou positivamente no tempo médio de carregamento, a produtividade das máquinas e a eficiência geral das operações. O uso de tecnologias como balanças payload, direção elétrica e sistemas de controle atripuladas para o controle e monitoramento de compactação. Com apoio de parceiros de tecnologia e aplicação, a CBM está comissionando o primeiro rolo compactador controlado remotamente. Isso permite a execução de aterros em áreas críticas de forma precisa, com ou sem vibração, indicando através de sensores o grau de compactação de cada ponto da superfície até o nível esperado, sem necessidade de ter equipes de qualidade em campo como no modelo convencional.

OUTRAS TECNOLOGIAS E SISTEMAS

Além da evolução do sistema, a gestão de performance foi fortalecida com a implementação da plataforma Gestão 360º, que integra em um único ambiente os principais indicadores operacionais e sua
aderência às metas estratégicas. A plataforma permite uma análise colaborativa e interativa dos resulta
dos em tempo real. Outro destaque, é que a CBM também desenvolveu o primeiro caminhão 8×4 tele operado em operação e o primeiro caminhão–pipa tele operado, ambos projetados para atender a demandas específicas de obras em áreas críticas. O sistema de câmeras e viewers foi otimizado com hardwares avançados, reduzindo o consumo de rede e ampliando a precisão visual, um reflexo do compromisso com a tecnologia de ponta e o cuidado com as pessoas. Esse pioneirismo consolidou a CBM como o maior operador do sistema CatCommand no mundo. Em seguida, a construtora também implementou novas máquinas não tripuladas para o controle e monitoramento de compactação. Com apoio de parceiros de tecnologia e aplicação, a CBM está comissionando o primeiro rolo compactador controlado remotamente. Isso permite a execução de aterros em áreas críticas de forma precisa, com ou sem vibração, indicando através de sensores o grau de compactação de cada ponto da superfície até o nível esperado, sem necessidade de ter equipes de qualidade em campo como no modelo convencional.

RESULTADOS

A conclusão do primeiro projeto de descaracterização de barragens em 2024 não apenas consolidou a empresa como pioneira nesse segmento, mas também gerou números positivos. Durante o período de 2019 a 2024 foram mais de 4,5 milhões de horas trabalhadas sem “vidas mudadas”; a operação da frota de 27 equipamentos não tripulados envolveu a formação de mais de 150 profissionais altamente especializados em operações remotas; mais de 2.512.937m3 de material escavado e transportado com a solução de equipamentos não tripulados, alcançado picos de produtividade na escavação equivalentes ao de condições tripuladas de operação, comprovando a eficiência e inovação das tecnologias aplicadas.
Além disso, o projeto foi entregue 403 dias antes do prazo contratual determinado. Outro ganho é que a descaracterização integral da barragem utilizando solução inovadora de engenharia trouxe um impacto positivo direto às comunidades do entorno, reduzindo significativamente os riscos aos moradores e ao meio ambiente.

EQUIPAMENTOS NÃO TRIPULADOS EM BARRAGENS

Atualmente, com 66 anos de atuação, a Construtora Barbosa Mello possui uma frota completa para obras
de engenharia em áreas críticas, utilizando equipamentos não tripulados. A frota é composta por equipamentos de linha amarela (tratores, escavadeiras, motoniveladoras) e linha branca (caminhões basculantes, pipa, entre outros). Segundo a empresa, a perspectiva para este ano de 2025, no pico das obras em andamento, são de 64 equipamentos operando remotamente.

Entre as principais aplicações estão os projetos de descaracterização e descomissionamento de barragens, por se tratar de serviços em locais de risco, onde não é permitida a presença de pessoas.
De acordo com a empresa, um case recente de sucesso foi a descaracterização de barragem em nível 3 de segurança, em Macacos, distrito de Nova Lima-MG, onde os equipamentos foram aplicados para retirada de mais de 2,5 milhões de metros cúbicos de rejeito que levou a barragem a retomar os níveis de segurança adequados, mitigando o risco a comunidades e meio ambiente.


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