Um engenheiro e um arquiteto me falaram, frustrados: "Se fosse possível combinar as coisas. Estabelecer equilíbrio entre prazos políticos e prazos técnicos. Esse equilíbrio traria um bem para a cidade e, mais do que para a cidade, para o Estado e para o país. Mas tal possibilidade jamais é obtida. Daí, a situação que a gente conhece".
A situação que a gente conhece: as obras que são programadas, iniciadas e abandonadas. Ou as que são entregues pela metade. Se calhar, são anunciadas, aplaudidas e engavetadas. E nem se trata de obras eventualmente dispensáveis. São aquelas prioritárias, mesmo. Como as do metrô, ferrovias, rodovias. Ou mesmo as mais simples, de impacto direto na vida cotidiana, como a transposição de um córrego; um buraco que precisa ser tampado; um obstáculo que precisa ser removido.
Um ex-presidente da Emurb me relaciona uma série de obras cujos prazos técnicos batem de frente com os prazos políticos. Aponta que esse é um dos motivos da condição urbana adversa para o cidadão. A cidade não acompanha a dinâmica das atividades humanas. Ela está sempre atrasada no atendimento das necessidades mínimas. "A cidade fica para trás, enquanto o crescimento avança. O resultado é esse desajuste, essa constatação da absoluta impotência diante de tudo: o transporte trôpego; o saneamento, um esgoto; a organização espacial, um caos permanente. E, esse exemplo de precariedade municipal chega a todas as instâncias".
Poderia ser diferente. Ao menos, uma aproximação entre prazo político e prazo técnico. Se considerarmos, no entanto, que nada é feito para encurtar essa distância, o futuro será um túnel. Sem luz lá no fim.
Um humanista
Uma nota muito triste para a biologia aqui e do mundo. Morreu dia 24 último, em SP, o cientista Oswaldo Frota-Pessoa, apontado como pioneiro na pesquisa e descoberta de doenças genéticas. O biólogo, que conquistou em 1982, o Prêmio Kalinga, da Unesco, dedicou sua vida ao estudo para melhoria da espécie humana.
Fonte: Estadão