ERG2 incorpora alta mecanização para montar blocos

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Em construção, novo estaleiro no Porto de Rio Grande (RS) vai atender a contratos de cascos FPSOe navios-sonda para exploração do pré-sal. Megablocos dão forma à embarcação

Guilherme Azevedo

A primeira fase da edificação do Estaleiro ERG2, no complexo do Porto de Rio Grande, no município de Rio Grande (RS), a 300 km da capital Porto Alegre, está perto de ser concluída. Segundo Alexandre Canhetti, diretor da Ecovix, braço da Engevix Engenharia para indústria naval, as instalações hoje em execução devem estar prontas para produzir ainda este ano, em dezembro.

O futuro Estaleiro ERG2 vai atuar de modo coordenado com o Estaleiro ERG1, em atividade, na fabricação de oito cascos FPSO (embarcação que produz, armazena e transfere óleo e gás). Os cascos serão entregues à Petrobras e suas empresas parceiras, para a exploração da camada de petróleo do pré-sal da Bacia de Santos. Os dois contratos assinados com a Ecovix-Engevix para esse fim totalizam US$ 3,5 bilhões (R$ 7,6 bilhões, aproximadamente). Os oito cascos são idênticos e podem processar diariamente até 150 mil barris de óleo e 6 milhões de m3 de gás, segundo a Petrobras. O aço do casco alcança 40 mil t, com calado máximo de 23,2 m e comprimento de 288 m. Cento e dez pessoas podem ser acomodadas no interior de cada um deles. Conforme o acordo, os cascos serão entregues já aprovados pela American Bureau of Shipping (ABS, uma das sociedades classificadoras que atuam na área de construções navais para garantir qualidade) e terão todos os sistemas navais e offshore e módulos de utilidade e de acomodações. As entregas estão programadas para começar no primeiro semestre do ano que vem e encerrar, com a conclusão do oitavo e último casco, no fim de 2016.

O ERG2 também trabalhará diretamente na fabricação de três navios-sonda para a Sete Brasil, um contrato de US$ 2,36 bilhões (cerca de R$ 5 bilhões). Os navios-sonda que ali emergirão, do tipo Gusto MSC PRD 12000, estarão equipados com todos os itens necessários à operação e podem perfurar poços de petróleo numa profundidade de até 10 mil m. Os navios-sonda terão cerca de 200 m de comprimento e 56 mil t de peso e podem acomodar 180 pessoas. A primeira embarcação desse tipo deve estar pronta no primeiro semestre de 2016 e a última, no segundo semestre de 2017. Serão destinados, como os cascos FPSO, à exploração do petróleo do pré-sal.

Novas fábricas de blocos, novos galpões

As obras do novo estaleiro ERG2, contíguo e complementar ao Estaleiro ERG1, foram divididas em duas etapas. Os serviços principais que compõem a etapa 1, quase finalizada, são a execução da fábrica de painéis e blocos de aço (FPB) e de oito galpões de acabamento (GAB). “A fábrica de painéis e blocos recebe como insumos chapas e perfis e entrega ao estaleiro blocos aprovados, com acabamento avançado (escadas, plataformas, tubulação etc.), e tem capacidade de 8.500 t/mês”, descreve Canhetti.

Os blocos de aço são as partes que compõem o FPSO e cada casco soma 288 blocos. A sequência produtiva na fase 1 do Estaleiro ERG2 já tem uma lógica: cada bloco entregue pela fábrica segue para pintura nos galpões de acabamento, que são capazes de pintar até 54 blocos por mês. Então, já pintados, os blocos seguem para a área de pré-edificacão no ERG1, onde são soldados em megablocos, formando um conjunto que pode ultrapassar mil t de peso. Daí, os megablocos aprovados são transferidos ao dique seco e soldados entre si, formando, por fim, o casco FPSO completo.

As instalações da segunda fase do Estaleiro ERG2 vão se dedicar especialmente à fabricação dos navios-sonda da Sete Brasil. Os principais itens da etapa são execução da fábrica de blocos curvos (FBC, com capacidade para 1.800 t por mês e 11 mil m2 de área construída), carreira horizontal (pátio de edificação, de 230 m x 34 m) e cais de 190 m, além de prédios administrativos, vestiários e refeitórios para 3 mil colaboradores. Já em construção, essa etapa deve ser entregue em fevereiro do ano que vem, com o início da produção de blocos curvos.

Como no caso dos FPSOs, explica Alexandre Canhetti, da Ecovix, a execução de um navio-sonda segue uma rota: a fábrica de blocos curvos recebe perfis e chapas e entrega blocos curvos aprovados, com acabamento avançado. Levados para os galpões de acabamento, os blocos prontos são pintados e, depois, já na área de carreira, soldados e unidos, formando a embarcação.

Elementos pré-fabricados

O projeto de engenharia do Estaleiro ERG2 como um todo foi desenvolvido, explica Carlos Eduardo Strauch Albero, diretor da Engevix, com foco no aproveitamento de técnicas e métodos construtivos que privilegiassem a pré-fabricação, das estruturas metálicas, das peças de concreto e das instalações eletromecânicas.

Especificamente na fábrica de painéis e blocos, da fase 1 do novo estaleiro, com área construída de 42 mil m2, pontua Albero, as fundações e estruturas foram dimensionadas tendo em vista as características dos equipamentos de um estaleiro altamente mecanizado. “A interface e a coordenação do projeto com os fabricantes internacionais desses equipamentos foi essencial para os trabalhos”, confirma Albero. Dada a magnitude das máquinas para movimentação de cargas pesadas (duas pontes rolantes de 150 t, seis pontes rolantes de 30 t, duas pontes rolantes de 15 t e dez pórticos de 15 t) e do maquinário necessário ao processo de fabricação automatizada, a execução do piso, por exemplo, mereceu cuidado extra, com alta densidade de armadura para as lajes. “As estruturas metálicas e de cobertura contam com 7.000 t de aço”, aponta.

Segundo o diretor da Engevix, a construção da fase 2 do Estaleiro ERG2 também tem características próprias. O edifício da fábrica de blocos curvos está sendo executado inteiramente com estrutura metálica, para dar agilidade à obra. Na construção do cais, a fim de minimizar impactos ambientais, utilizou-se o perfil natural do solo com uma laje de superposição.

Gestão

Dois fatores condicionantes da obra têm exigido gestão firme da Engevix: suprimentos e mão de obra. Segundo Albero, o cronograma acelerado do empreendimento pede ação rápida dos profissionais encarregados de suprir as demandas do canteiro, tarefa que envolve uma série de fornecedores nacionais e também estrangeiros. A dificuldade de obter mão de obra, disputada pelos grandes empreendimentos da região, foi contornada com o treinamento de pessoal local, via parcerias com instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O pico dos trabalhos uniu 1.200 trabalhadores diretos e indiretos.

Com início em maio de 2011 e término previsto para fevereiro de 2015, o conjunto de obras de infraestrutura no Estaleiro Rio Grande, que inclui melhorias no ERG1, a execução do ERG2 e a futura construção do ERG3, totaliza R$ 1 bilhão, segundo a Engevix. A empresa, assim, vai inscrevendo seu nome num novo marco no Brasil: o do início da exploração do petróleo do pré-sal, com seu aguardado desenvolvimento econômico, e também social.

Ficha técnica —

Execução do RG Estaleiro ERG2

Local: Porto de Rio Grande (RS)

Projeto estrutural e de arquitetura e construção: Engevix

Projeto de engenharia: Engevix e Ecovix

Projeto de instalações hidráulicas e elétricas: Engevix

Fundações: Lamb Construções e Engenharia

Terraplenagem: Embrasmaqui Máquinas e Empilhadeiras

Montagem industrial: Engevix

Gerenciamento: Ecovix

Principais fornecedores de máquinas, equipamentos, materiais e insumos: IMG mbH, HGG, Messer, Anupam, Truckfort, Murzello, Tertecman, Nieland

Fonte: Revista O Empreiteiro


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