A execução de um poço com 9 m de diâmetro e 16 m de profundidade em solo de argila mole, na unidade industrial da Rhodia Brasil em São Bernardo do Campo (região do ABC paulista), precisou recorrer a tecnologia criogênica.
Depois de tentativas frustradas de consolidação com técnicas mais convencionais, a ESTE Geotecnia e Fundações foi contratada para executar o serviço por meio de congelamento do solo, isto é, com a aplicação da criogenia (de tecnologias para produção de temperaturas muito baixas) à geotecnia. A ESTE utilizou nitrogênio líquido (LN2), gás extraído da atmosfera e liquefeito sob altas pressões.
Segundo o engenheiro João Duarte Guimarães Filho, ao fazer circular o LN2 gaseificado (a ebulição do gás ocorre a quase 200°C negativos) no interior de tubos metálicos introduzidos no maciço de solo úmido, cria-se um cilindro de solo congelado no entorno dos tubos de cerca de 1 m de diâmetro em poucas horas. O engenheiro da ESTE explica que, no caso do poço para a Rhodia, com a introdução das lanças criogênicas na periferia da área a escavar, congelou-se cerca de 700 m³ de argila mole em 96 horas, sem ruídos e sem interferências nas atividades da fábrica, que estava em pleno funcionamento. Como resultado, a argila mole adquiriu resistência de rocha alterada e permitiu a escavação do poço pelo método NATM (sigla em inglês para New Austrian Tunnelling Method). A aplicação teve caráter de pioneirismo no País.
Fonte: Revista O Empreiteiro