Com 11,9 milhões de habitantes atualmente, a capital paulista está com mais duas obras do Metrô de São Paulo que prometem atender acima de um milhão de pessoas que utilizam o transporte metropolitano: a extensão da Linha 2-Verde, que atualmente vai da Vila Madalena até a Vila Prudente e se estenderá até a Penha, compreendendo a 14,7 km e 14 estações, e com a construção dividida em duas fases – para 2027 e 2028. A segunda obra é a nova Linha 17-Ouro, um monotrilho que vai operar com trens elétricos. Esta, por sua vez conectará as linhas 5-Lilás e 9- Esmeralda – pelas estações Campo Belo e Morumbi, respectivamente – através de um ramal de 6,7 km e 8 novas estações. Este monotrilho vai interligar o Aeroporto de Congonhas às outras linhas da cidade.
Para mostrar o andamento dessas obras, a revista O Empreiteiro visitou, com exclusividade, alguns dos principais trechos dos dois projetos. Uma das visitas, que compreende as obras da expansão da Linha 2-Verde, foi na futura Estação Anália Franco, um dos seis lotes que fazem parte da primeira fase, que será a expansão entre Vila Prudente e Penha. Com a conclusão desta, prevista para 2027, serão acrescidos 8,3 km e 8 novas estações. Já na Fase 2, para 2028, serão implantados mais 6 km e 5 estações, alcançando até o município de Guarulhos. Ao final da obra, a Linha 2-Verde terá cerca de 29 km de extensão.
Dividida em 6 diferentes lotes, a Fase 1 da expansão da Linha 2-Verde da Vila Prudente até a Penha, terá 8 novas estações: Orfanato, Santa Clara, Anália Franco, Vila Formosa, Santa Isabel, Guilherme Giorgi, Aricanduva e Penha. As obras contam com uma média aproximada de 830 profissionais de construção, engenharia e montagem por lote.
Segundo o Metrô de São Paulo, nesta fase, a extensão total escavada foi de aproximadamente 3,6 km e o volume de solo movimentado foi cerca de 395 mil m³. Já sobre os novos trens, fazem parte de uma licitação realizada pela Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo (STM), responsável pela aquisição de 44 trens que também serão distribuídos para as linhas 1-Azul e 3-Vermelha. Em março, a secretaria estadual homologou o contrato com a CRRC Sifang, empresa selecionada na licitação.
A fase atual das obras civis estão atualizadas com os seguintes dados, referentes ao andamento em cada nova estação:
Orfanato – 85% – Estruturas internas e cobertura
Santa Clara – 83% – Estruturas internas
Anália Franco – 88% – Estruturas internas e cobertura
Vila Formosa – 60% – Estruturas internas, acesso secundário
Santa Isabel – 69% – Estruturas internas e cobertura
Guilherme Giorgi – 82% – Estruturas internas e cobertura
Aricanduva – 72% – Estruturas internas
Penha – 66% – Estruturas internas e instalação para operação da TBM
ESTAÇÃO ANÁLIA FRANCO BUSCA CERTIFICAÇÃO LEED E POSSUI TÚNEL PARA ESTACIONAR TRENS
Compreendendo uma área total de aproximadamente 18 mil m², a Estação Anália Franco, que corresponde ao lote 4 da Fase 1 da Linha 2- Verde, possui vários diferenciais em sua construção. Dentre ele destacam-se algumas ações ambientais em busca da certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), uma iniciativa inédita no Brasil e América Latina em estação de metrô. Além disso, este lote, que emprega 642 colaboradores, possui particularidades nas obras civis como a construção de um túnel para estacionar os trens nos horários de pico.
A equipe da revista O Empreiteiro esteve nas obras da Estação Anália Franco, que além das dimensões, se distingue pelas diversas atividades em cumprimento aos requisitos ambientais exigidos para obter a certificação LEED. “Esta obra é especial porque é a primeira estação de metrô da América Latina que busca esta certificação. Nosso objetivo aqui é ter eficiência termo energética, no consumo de água e um tratamento de ar para quem está dentro da estação e os funcionários. Nessa obra, por exemplo, toda a água de chuva é tratada, filtrada e clorada e volta para a estação para limpeza e atividades sanitárias. Nós temos uma Estação de Tratamento só para isso”, explicou Agnelo Gomes Júnior, coordenador da área de Projetos da Linha 2.

Sobre a Estação de Tratamento de efluentes da Estação Anália Franco, Aline Santana Sá, engenheira ambiental e supervisora da Falcão Bauer, uma das empresas do consórcio executor, explicou como é o processo para o reuso da água da chuva nas obras. “Todo material bruto das escavações e do processo construtivo da obra vai para caixas e uma bomba de ar comprimido faz o processo de separação do sólido e o material mais fino. Fazemos um acompanhamento também de aplicação com produtos químicos para reduzir tanto os sedimentáveis quanto o pH da água, porque o material bruto tem um pH mais elevado, e temos que seguir a legislação de atender o pH de 5 a 9”, detalhou a engenheira. “Nesse processo o material bruto faz a primeira decantação e depois vai para os dois Geobags, que fazem a decantação mais precisa separando o material sólido e escoando o fino.
Depois dessa separação, essa água tratada com o pH controlado vai para reuso dentro da Estação Anália Franco, como para umectação das vias, lavagem de caminhões e outras finalidades de limpeza”, justificou Aline. Além do reuso de água, a eficiência energética é monitorada.
Segundo o Metrô, o projeto considera que todas as luminárias são de tecnologia LED, de alto desempenho e durabilidade, e conforme a certificação LEED. Serão 3.513 luminárias a serem instaladas, cujos modelos variam conforme o local, visando a padronizar soluções para os ambientes nas novas estações. Já a captação de energia solar será voltada ao aquecimento de água, com 32 placas solares instaladas e reservatório de 2.500 litros, suficiente para 57 banhos/dia.

Diferenciais da Estação Anália Franco:
Fornecedor dos bags: Huesker
Sistema GEOBAG de retenção de sólidos
2 conjuntos, totalizando 32 bags (diversos tamanhos)
Início da operação: maio de 2021
Lama retida: estimativa de 4.483,296 m³
Efluente tratado: estimativa de 26 m³/hora, durante 8 horas de operação diária
ESTAÇÃO SUBTERRÂNEA ADOTA MÉTODO INVERTIDO
Outros aspectos diferenciais das obras da Estação Anália Franco se referem à execução da imensa estrutura subterrânea da estação. Quem acompanhou a equipe da OE e explicou sobre as obras civis foi Sérgio Moço, gerente de Produção da Construtora Mendes Júnior, uma das empresas do consórcio. Durante a visita, o gerente detalhou as características da escavação e estruturas construídas para a nova estação.
“É uma das maiores estações que atenderá duas linhas, porque além da Linha 2, futuramente, irá receber a Linha 16, por isso, precisamos deixar ela preparada para comportar duas linhas. Na execução de estações de metrô existem 4 tipos de metodologias construtivas. No caso da expansão da linha 2 é utilizada o método invertido. No primeiro momento desse método se faz a contenção, executando a parede diafragma utilizando hidrofresa Na sequência foram feitos os estacões, como pilastras gigantes. Esses estacões nesta etapa serviram como uma estrutura provisória que depois se tornará definitiva. Esses estacões são chamados provisórios por ser um método invertido. Em seguida prossegue a escavação até uma determinada cota e logo já é executada a laje de cobertura”, explicou Moço.
Segundo o gerente, a Estação Anália Franco tem 149 m de comprimento por 44 m de profundidade para atender duas vias, sendo uma de ida e outra de vinda.
Sobre as lajes, Moço explicou que elas variam conforme a geologia, medindo a laje de fundo 2,40 m de altura. Já os mezaninos superior, inferior e intermediário são dimensionados para atender o fluxo de pessoas e o peso que será instalado nas lajes.

“Um grande diferencial nesse projeto é que todos os poços contemplam um túnel singelo, só de uma via, chamado de túnel de estacionamento. Nenhuma outra linha de metrô tem essa estrutura. No primeiro momento chamamos de túnel de estacionamento e no segundo momento ele serve como auxilio operacional. Por exemplo, se o trem no horário de pico estiver lotado, ele não precisa ir até o final da linha e voltar; ele pode usar o túnel de estacionamento como opção”, revelou Sérgio. “É uma estrutura complexa e extensa, tecnicamente difícil, que requer profissionais capacitados em todas as áreas devido à sua complexidade. É uma satisfação muito grande participar desta obra”, concluiu.
