A partir desta antiga capital da Baviera, que conquistou o título de cidade ainda na Idade Média, é possível constatar que a chamada velha Europa está se remoçando. Feira Internacional de Propriedade e Investimentos mostra que em muitas regiões ela é considerada, hoje, “a nova Europa”. E é assim que gosta de ser chamada
Nildo Carlos Oliveira – Munique (Alemanha)
Velha Europa? Sim, pela história e pelo legado, sob todos os aspectos, que ela foi acumulando em seu processo civilizatório ao longo dos séculos. Mas suas cidades, em diversos países, estão se renovando e procurando criar instrumentos para atrair investimentos, sejam eles de onde forem, para ajudar na recomposição urbana, mediante a construção de edifícios corporativos e residenciais modernos e de bairros inteiros com projetos identificados com o selo da sustentabilidade.
A 17ª edição da feira, realizada de 6 a 8 deste mês (outubro), reuniu mais de 1.600 expositores de 34 países, com um pormenor: a programação, muito cuidadosa, preserva um alinhamento entre projetos e obras exibidos nos estandes, com os temas das diversas conferências realizadas diariamente nos espaços amplos e confortáveis do centro de exposições.
Os palestrantes, dentre eles engenheiros, arquitetos e empresários, revezavam-se de manhã à tarde prestando ao público informações adicionais sobre o mercado imobiliário, logística, investimentos e financiamentos de obras nos diversos países ali representados: Alemanha, Áustria, Holanda, Suíça, Polônia, Reino Unido, Rússia, Itália, Estados Unidos, Luxemburgo, República Checa, Portugal e Brasil, que se fez presente por intermédio de uma única empresa.
Portugal compareceu com cinco empresas, entre as quais a Wondering, especializada no desenvolvimento de projetos 3D, exibindo amplos trabalhos, a maior parte situados em Lisboa, a fim de mostrar o interesse do país com empreendimentos inovadores.
Esforço semelhante, naquela direção, foi observado entre empresários e outros profissionais das cidades de Gotemburgo (Suécia), reconhecida pelo perfil industrial moderno (é sede da Volvo) e desenvolvimento tecnológico. Birmingham (Inglaterra), enormemente sacrificada pelos bombardeios da Alemanha durante a 2ª Guerra, mostra que está renovando amplas áreas urbanas, beneficiadas pela integração dos diversos modais de transporte. E Lyon, França, apresentou projetos com os quais pretende explorar todas as suas possibilidades de modernização.
Moscou e São Petersburgo têm sido tradicionais participantes da feira, junto com outras duas cidades russas – Leningrado e Tula. Arquitetos de Moscou fizeram várias conferências expressando o interesse por investimentos, sobretudo para ativar o mercado imobiliário local. E Tula exibiu grandes áreas urbanas, onde é possível a construção de parques industriais. Essa região, próxima de Moscou, tem área total de 25.700 km² e uma população de mais de 1,5 milhão de habitantes.
Autoridades alemãs das áreas culturais, meio ambiente e construção, e entidades de engenheiros e arquitetos, referiram-se ao exemplo de Hamburgo, que vem discutindo modelos urbanos de crescimento. A finalidade é pesquisar meios para aprimorar o desenho das metrópoles de amanhã, dentro de critérios de sustentabilidade, com vistas ao equilíbrio entre os diversos fatores intervenientes no processo de urbanização.
No geral, as conferências, que ocorreram durante a feira, levantaram questões que convergem para o bem-estar futuro das cidades: financiamentos imobiliários com taxas de juros compatíveis e acessíveis ao bolso da população; a expansão demográfica, que deve ser monitorada, e a crescente construção e oferta de estruturas para acolhimento da população idosa.
Um dos estandes mais movimentados foi o da alemã Hochtief. Painéis e outros meios de divulgação e comunicação visual exibiam obras das quais ela já participou ou está participando tanto na Europa quanto em outras regiões do mundo. Dentre elas estão pontes, rodovias, túneis, aeroportos, plantas industriais e obras no campo da energia, incluindo instalações eólicas. Ela informa que tem presença marcante nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá e em diversos outros países, inclusive o Brasil.
Presença brasileira
A presença brasileira nesta feira foi marcada por uma única empresa, a HausBau, que revela expertise no desenvolvimento de projetos residenciais e comerciais compactos, em especial em São Paulo (SP). Dois executivos da empresa, Tobias Bremer e Fernanda Flauzino, informaram ser esta a segunda vez que participaram do evento.
Ambos disseram que a feira é muito importante para o setor imobiliário e para os demais segmentos interessados na questão da renovação urbana, embora “esteja muito focada nos países da Europa Ocidental e Oriental”. Eles acham que o Brasil deveria estar mais presente, junto com outros países da América Latina, uma vez que o contato com nações diversas e com muito mais quilometragem na solução de problemas, tais como habitação, saneamento e transporte público, poderia lhes proporcionar respostas para problemas que continuam a afligir as suas populações.
“Para a nossa empresa um evento desse tipo e porte é muito útil. Nós trabalhamos com capital estrangeiro, basicamente alemão, suíço e francês, e estamos aqui buscando investimentos, junto aos nossos parceiros, para o mercado brasileiro”.
À margem da feira, Munique é uma atração particular. Ampla, agradável, com seus pontos turísticos tradicionais, é um grande centro cultural, aleacut
em de ser uma das mais belas cidades do mundo. Marienplatz e a New Town Hall são o passado que gostamos de ver, com um olho no futuro.
Durante a feira de Munique comentou-se muito sobre um local, nas proximidades de Paris, França, que se encontra em processo de crescimento organizado: Paris-Saclay, no sudoeste daquela capital. O governo francês considera que essa região, que agrega centros de pesquisa e empresas privadas, está apta a receber substanciais investimentos. Com isso, ela poderá planejar e construir moderna rede de transporte público e conjuntos habitacionais.
Paris-Saclay, segundo o governo, é “uma força motriz que estimula o crescimento urbano e industrial, além de oferecer ambiente agradável para as mais diversas modalidades de ensino, pesquisa e tecnologia”. A região tem, hoje, 650 mil habitantes e parte das investigações científicas atualmente realizadas nos centros de pesquisa ali instalados é financiada por fundos públicos. Uma linha de metrô é apontada como essencial ao crescimento local.
O governo informa que investidores internacionais podem e devem participar do projeto Paris-Saclay, onde edificações residenciais, cuidadosamente projetadas, estão sendo construídas para abrigar o contingente de interessados em viver e trabalhar na região.
Fonte: Revista O Empreiteiro