Nildo Carlos Oliveira
É possível um país crescer com um ajuste fiscal que eleva a carga tributária a 36,22%? A pergunta fica no ar, embora os defensores do ajuste digam que a medida se justifica no longo prazo. O caso é que longo prazo significa deixar postos de trabalho fechados e muitas iniciativas frustradas no meio do caminho.
O que move um país é o crescimento. Por isso é importante a reflexão do ex-ministro Antonio Delfim Netto, em artigo recente intitulado Salvar o Senado. Ponderando sobre o conflito de interesses em torno da terceirização, ele diz que em qualquer economia vale a identidade: crescimento do PIB = crescimento da população + crescimento da produtividade média do trabalhador.
Ele afirma que o crescimento do PIB no Brasil, hoje, é nulo porque a população cresce a 1% ao ano e a produtividade média decresce 1% ao ano.
Desde que o mundo é mundo sabe-se que a saída para um país é o crescimento. Apostar em outra possibilidade é atrofiá-lo. E, prendê-lo na camisa-de-força do decrescimento e da desindustrialização é comprometer o seu futuro e o futuro das gerações que vêm por aí.
Por isso, muitas das providências do reajuste devem ser observadas com um passo atrás. É necessário, sim, reajustar as contas públicas. Mas seria necessário identificar responsabilidades. E, reajustar as contar públicas não deveria significar levar ao sacrifício quem ao longo das décadas já vem sendo sacrificado.
Alguma coisa está produzindo graves equívocos quando sobra dinheiro para alguma coisa e falta dinheiro para a saúde, a habitação e a infraestrutura em geral. Quem errou? Acaso quem errou é quem está pagando a conta? Não se pode fazer reajuste fiscal comprometendo a inclusão social obtida desde o começo da década. Cabe aqui, portanto, a máxima popular: Quem pariu Mateus que o balance.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira