Poucas obras de infraestrutura no Brasil atualmente carregam o peso estratégico e econômico que o projeto de extensão da Malha Norte, da Rumo Logística, representa para Mato Grosso. Com 743 km de extensão prevista, incluindo o importante Ramal Cuiabá, a ferrovia desponta não apenas como um vetor de escoamento da produção agrícola, mas como um elo logístico que pode transformar a dinâmica econômica de Cuiabá e da região centro-sul do estado.
É o primeiro contrato de concessão ferroviária estadual do país e, simultaneamente, do maior investimento de capital já realizado pela Rumo. A obra prevê cruzar 16 municípios mato-grossenses, com terminais estratégicos e mais de 40 obras especiais.
Em 2025, estão sendo investidos cerca de R$2 bilhões, valor que se soma aos outros R$2 bilhões já aplicados no biênio 2023–2024, na ferrovia que liga Rondonópolis a Lucas do Rio Verde. O investimento total nessa fase será de R$5 bilhões. O planejamento está estruturado por fases, para garantir o avanço das frentes de trabalho sem comprometer a logística já existente no estado. Atualmente, cerca de 5 mil trabalhadores estão envolvidos diretamente na execução, contratados por aproximadamente 30 empresas de engenharia. A atuação ocorre em cerca de 100 frentes de trabalho, representando mais de 60% dos novos postos formais de trabalho gerados no estado neste ano.
A primeira fase, que conecta Rondonópolis ao futuro terminal na BR-070, um percurso de cerca de 162 km da linha tronco, já se encontra em ritmo acelerado, com um investimento de R$5 bilhões. Essa etapa exigiu quase 40 milhões de m³ de movimentação de terra e já conta com sete das 11 obras especiais concluídas, com previsão de terminar as demais ainda em 2025.
Dados sobre o projeto:
- 700 km de ferrovia construídos, com 89 mil toneladas de trilhos, o peso de 9 Torres Eiffel.
- 1.049.120 m³ de concreto, o bastante para preencher 13 pontes Octávio Frias de Oliveira.
- 16 municípios percorridos, passando por 6 comunidades tradicionais.
- 1.400 km de cercamento e 155 passagens para fauna.
- 105 mil empregos diretos e 41 mil indiretos.
O projeto inclui mais de 160 obras de arte especiais, entre pontes, viadutos e passagens inferiores. Já foram entregues oito dessas estruturas no trecho entre o km 0 e o km 162, de um total de 21 previstas nesta primeira fase.
Entre os destaques estão o primeiro viaduto vegetado do estado, a Ponte do Rio São Paulo e a Ponte Ferroviária sobre o Rio Vermelho, com 460 metros de extensão, 12 vãos, estrutura metálica com mais de 1.000 toneladas e pilares projetados para garantir frenagem com estabilidade. Essa última obra, a maior estrutura do tipo do modal no estado, foi concluída em junho, em Rondonópolis.
O projeto utiliza um método construtivo inovador na pré-montagem da estrutura na retaguarda, que é deslocada gradualmente por meio de macacos hidráulicos acoplados a cordoalhas, permitindo um avanço controlado. Esse processo reduz significativamente o trabalho embarcado, minimiza a necessidade de guindastes e balsas e torna o ambiente de trabalho mais seguro e otimizado em termos de custo e risco.
A ponte conta com vigas metálicas que totalizam 1.063 toneladas, garantindo resistência e durabilidade à estrutura. Para essa fase da obra, cerca de 60 colaboradores diretos e 20 indiretos atuaram na execução, possibilitando a conexão entre as margens norte e sul do Rio Vermelho. Essa interligação foi essencial para integrar dois pacotes de obras, facilitando o deslocamento das equipes e garantindo a continuidade da construção da superestrutura, que já foi iniciada.

As próximas etapas incluem a armação e a concretagem do tabuleiro superior da ponte, fundamentais para a conclusão do projeto.
Segundo Vitória Sguarizi, especialista em relações institucionais e governamentais da Rumo, além dos aspectos logísticos, o impacto social dessa obra é muito significativo para o estado. “Somente no primeiro trimestre de 2024, 62% dos empregos gerados aqui no estado do Mato Grosso foram provenientes da ferrovia. Nós tivemos um pico recente com quase 6.000 pessoas trabalhando no canteiro, um número comparável praticamente ao quadro total de funcionários da Rumo no Brasil“, evidenciando a criação de uma “segunda Rumo” em Mato Grosso.
Outro ponto relevante é a construção da fábrica de dormentes em Rondonópolis (MT) , responsável pela produção de 1,3 milhão de dormentes de cimento. A unidade deve entrar em operação neste segundo semestre de 2025, contribuindo com a etapa de superestrutura que já está em ritmo acelerado nos primeiros 160 km de trilhos, entre Rondonópolis e a região de Campo Verde, passando pelos municípios de Dom Aquino e Primavera do Leste.
A construção da fábrica marca uma nova etapa estratégica no Projeto da Ferrovia Estadual de Mato Grosso. Inicialmente voltada a atender a própria demanda da obra, a unidade já projeta capacidade futura para suprir outras regiões do Centro-Oeste. Com a produção instalada ao lado do canteiro, a logística ganha em eficiência e agilidade. Tiago Palopoli, coordenador de Implantação do Projeto, reforça a vantagem:
“Ter a fábrica ao lado da obra será muito importante. Estamos a apenas 300 metros do nosso ponto de estoque e carregamento dos dormentes, o que elimina a variável do transporte logístico e acelera o andamento da construção da ferrovia.”
Além da integração logística, a fábrica traz inovações técnicas como uma palmilha sob o dormente que melhora a distribuição de carga, elevando a durabilidade da via.
O trecho entre Rondonópolis e o primeiro terminal ferroviário, localizado nas proximidades da BR-070 (entre Campo Verde, Dom Aquino e Primavera do Leste) deverá ser concluído e entrar em funcionamento ao longo de 2026. Este novo terminal terá capacidade anual para movimentar até 10 milhões de toneladas, com possibilidade de expansão futura.
” Ao integrar a ferrovia a outros modais e ao Porto de Santos, vamos levar os benefícios desse sistema moderno a um número cada vez maior de produtores e clientes”, conta Angelo Kury, diretor executivo do Projeto Ferrovia de Mato Grosso.
O projeto também se destaca pelas ações socioambientais, incluindo doação de alimentos, revitalização de escolas e construção de hortas comunitárias, além de um viaduto vegetado pioneiro no estado e mais de 155 passagens de fauna.
Impactos econômicos e logísticos
A Rumo projeta transportar de 82 a 86 bilhões de TKUs (toneladas por quilômetro útil) em 2025, representando um crescimento de pelo menos 2% em relação a 2024. O EBITDA esperado para o próximo ano está entre R$8,1 bilhões e R$8,7 bilhões, acima dos R$7,7 bilhões de 2024. No transporte de grãos, que representa a maior fatia da operação, a companhia mantém uma perspectiva otimista para a safra atual, impulsionada pelo aumento da área plantada e da produtividade da soja. Além disso, novos contratos estão ampliando a carteira de transporte, incluindo celulose (Suzano) e bauxita (CBA), bem como produtos líquidos.
Megaestrutura e novas oportunidades com a Ferrovia Estadual de Mato Grosso
A Rumo também avança na modernização da Malha Paulista e na redução de congestionamentos no Porto de Santos. Em parceria com a americana CHS, a empresa está expandindo sua capacidade portuária para evitar gargalos logísticos futuros. O novo terminal da CHS, previsto para o final da década, deverá adicionar 9 milhões de toneladas de grãos e 3,5 milhões de toneladas de fertilizantes ao fluxo de Santos.
A empresa também planeja aumentar a movimentação da Malha Central, que liga Palmas (TO) a Estrela d’Oeste (SP), movimentando entre 7 milhões e 8 milhões de toneladas ao ano. Com isso, a logística do Centro-Oeste e do Sudeste brasileiro será otimizada, consolidando o papel estratégico da ferrovia no agronegócio.
Status das obras
Dom Aquino – em andamento
A obra de infraestrutura do terminal apresenta cerca de 16% de avanço, considerando o início da execução em setembro de 2024. O terminal está localizado no km 160 da ferrovia. A obra está nas etapas de escavação do armazém e aterro da moega.
A empresa contratada para executar a obra é EGELTE. Para o ano de 2025 estima-se mais de 800 profissionais atuando na execução da obra.
Viaduto Vegetado/Dom Aquino/MS – em andamento
A execução da obra do Viaduto Vegetado (Passagem Superior de Fauna) apresenta mais de 55% de avanço, e foi iniciada a execução em julho de 2024. A empresa responsável pelas obras é a terceirizada DUNA Engenharia, contratada pelo Consórcio C.R.A.

Poxoréu/MT – em andamento
A execução da obra de arte especial 10 (Passagem Superior Veicular na MT-260) apresenta cerca de 25% de avanço, e foi iniciada a execução em agosto/2024. A empresa responsável pelas obras é o Consórcio C.R.A.
Rondonópolis/MT – em andamento
A execução da obra dos primeiros 8km de superestrutura já se encontra com mais de 70% de avanço, tendo seu início em junho de 2024.A construtora responsável pela obra é a Franciscon Infraestrutura. Em 2024, a obra contou com mais de 30 profissionais atuando em sua execução.
Poxoréu/MT e Dom Aquino/MT – em andamento
As obras de infraestrutura do trecho apresentam cerca de 40% de avanço, considerando o início da execução em abril de 2024. O trecho está localizado entre o km 127+600 até o km 162+815.
A obra está atuando nas etapas de terraplanagem, drenagem, geotecnia, e na execução da infraestrutura das obras de arte especiais contidas no decorrer do trecho.
A empresa contratada para executar o Pacote 03 é o Consórcio Construtor C.R.A. Para o ano de 2025 estima-se mais de 700 profissionais atuando na execução do trecho. As Obras de Arte Especiais são: OAE 10 na MT 260 (Km 131+400), Viaduto Vegetado Km 134+800 e OAE 11 na BR 070 (Km 159+590).

Juscimeira/MT; São Pedro da Cipa/MT e Poxoréu/MT– em andamento
As obras de infraestrutura desse trecho iniciaram em março de 2024 e atualmente possui um avanço de aproximadamente 46%. No momento, estão sendo realizadas atividades de supressão vegetal, terraplenagem, drenagem e geotecnia, além da execução da Obra de Arte Especial sobre o córrego São Paulo.
As obras deste contrato estão sendo executadas entre os quilômetros 82+492 e 127+600. A empresa responsável pelas obras é a Construcap CCPS. Para o ano de 2025 estima-se aproximadamente 1.000 profissionais atuando nessa obra.
Rondonópolis/MT e Juscimeira/MT – em andamento
As obras de infraestrutura deste trecho apresentam mais de 55% de avanço. No momento, estão sendo realizadas atividades de supressão vegetal, terraplenagem, cercamento, drenagem, e infraestrutura de obras de arte especiais contidas no trecho.
As obras deste contrato iniciaram em 21/02/2024 e estão sendo executadas entre os quilômetros 36+200 e 82+490 da nova ferrovia. A empresa responsável pelas obras é o Consórcio FLRV. Em 2024, foram mobilizados mais de 1.200 profissionais.
Rondonópolis/MT – em andamento
As obras de infraestrutura deste trecho seguem em ritmo acelerado e já superam 93% de conclusão. No momento, estão sendo finalizadas as atividades de drenagem e terraplanagem.
As obras deste contrato iniciaram em 11/08/2023 e estão sendo executadas entre os quilômetros 00+000 e 35+250 da nova ferrovia. A empresa responsável pelas obras é o Consórcio FLRV. Em 2024, foram mobilizados cerca de 1.300 profissionais.
MT-469 – Santa Elvira, Juscimeira/MT – finalizada
A obra de construção da Passagem Superior Veicular na MT-469 foi entregue em junho/2024. Esta obra foi iniciada em julho de 2023 e foi executada no quilômetro 73+800 da nova ferrovia. A construtora responsável foi a Franciscon Infraestrutura.





