Ideia é direcionar recursos e atrair investidores de acordo com as necessidades e potencialidades de cada uma das regiões de MG
José Carlos Videira
Maior Estado brasileiro em número de municípios e quarto maior território do Brasil; maior produtor nacional de aço e de minério de ferro, o Estado de Minas Gerais abriga ainda o segundo polo automotivo do País. Toda essa envergadura, porém, dificulta a distribuição de investimentos, concentrados, junto com a população, em algumas regiões.
Existem muitas Minas, em Minas! Tanto que o governo mineiro dividiu o Estado em 17 regiões para direcionar os investimentos privados destinados à terceira maior economia do País. A ideia é descentralizar o crescimento econômico do Estado, com políticas de desenvolvimento econômico e de atração de investimentos para essas regiões, que foram estabelecidas pelo atual governo mineiro.
“Nossa intenção é conhecer as condições de cada um desses territórios (ver tabela), para direcionar recursos e atrair investidores, de acordo com as potencialidades e necessidades de cada um deles”, explica o titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) de Minas, Altamir Rôso. Ele afirma que, nos últimos anos, o foco da secretaria foi a região metropolitana de Belo Horizonte, em detrimento de outras localidades. “Essa ação centralizadora dificultou novos empreendimentos”, diz.
O secretário adianta que o governo pretende ouvir entidades de classe, sociedade civil, poder público local e academia para definir as políticas de desenvolvimento. “Tudo será construído de forma participativa”, ressalta Rôso.
De 2010 até maio deste ano, os investimentos privados efetivados no Estado de Minas Gerais representam recursos de R$ 39 bilhões, referentes a 434 projetos, que somam mais de 92 mil empregos diretos. Os dados, do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi), mostram, ainda, que, no mesmo período, o Estado registrou mais de 700 protocolos de intenção referentes a mais de R$ 130 bilhões de investimentos.
Ainda segundo o Indi, dos investimentos efetivados em Minas, os setores que mais atraíram investimentos foram os de mineração, metalúrgica, energias hídricas, mecânica e bens de capital, cimento e minerais não-ferrosos, alimentos e bebidas. Somados, representam recursos de R$ 24 bilhões de 2010 até maio deste ano.
As regiões que concentraram o maior número de investimentos no Estado, segundo o Indi, foram, pela ordem, a região Central do Estado, o Sul de Minas e o Triângulo Mineiro. No total, essas três regiões receberam R$ 32,44 bilhões do total investido desde 2010. Mais de R$ 24 bilhões ficaram na região Central, ou 63% do montante total de investimentos nos últimos cinco anos.
De acordo com a SDE, o governo mineiro também está trabalhando para aumentar a competitividade e a atratividade de 53 distritos industriais do Estado. Conduzido pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), foi criado o Plano de Revitalização e Modernização dos Distritos Industriais. “Com isso, teremos uma avaliação completa de cada distrito, para que as ações executadas sejam assertivas e capazes de transformar a realidade dos distritos”, afirma o secretário.
Aposta em Minas
Rôso comemora anúncios de empresas com planos de investimentos para o Estado (ver tabela), entre os quais, CSN, Nestlé e Walmart. “Apesar de o atual cenário econômico nacional ter afetado setores estratégicos para o desenvolvimento do Estado, temos essas empresas direcionando investimentos para Minas Gerais”, ressalta.
A Coca-Cola Femsa, por exemplo, inaugurou agora, em junho, uma planta em Itabirito, a cerca de 60 km de Belo Horizonte, com capacidade de produção de 1,4 bilhão de l/por ano. A nova fábrica, com 65 mil m² numa área total de 320 mil m², representa um investimento de US$ 258 milhões.
Com um projeto de R$ 1,8 bilhão, a Companhia Siderúrgica Nacional (CNS) planeja construir duas fábricas de cimento em Minas Gerais. Uma em Arcos, a cerca de 200 km de Belo Horizonte, e outra em Romaria, a quase 500 km da capital mineira.
No setor de comércio, a Tenco investe R$ 150 milhões no município de Varginha, a pouco mais de 300 km de BH, para construir o primeiro shopping center da cidade do Sul de Minas (ver reportagem nesta edição). Previsto para novembro, o empreendimento deve atingir 400 mil potenciais consumidores de 15 cidades sob sua área de influência.
Minas em Números
Território | 588 mil km² |
População | 20,6 milhões de habitantes |
Municípios | 853 |
PIB | US$ 386,2 bilhões (2011) |
NVESTIMENTOS EFETIVADOS EM MINAS
Anos | Nº de Projetos | Valores | Empregos Diretos |
2015* | 15 | 0,417 | 6.270 |
2014 | 116 | 11,93 | 18.384 |
2013 | 88 | 3,23 | 17.877 |
2012 | 86 | 4,39 | 19.810 |
2011 | 73 | 15,17 | 17.747 |
2010 | 56 | 3,84 | 12.064 |
Totais | 434 | 38,977 | 92.152 |
*Até maio / Fonte: INDI-MG
LGUMAS EMPRESAS QUE ELEGERAM MINAS
PARA INVESTIR
Empresa | Cidade | Valor |
CSN | Arcos e Romaria | R$ 1,8 bilhão |
Coca-Cola Femsa | Itabirito | US$ 258 milhões |
Grupo Danone | Poços de Caldas | R$ 120 milhões |
Nestlé | Montes Claros | R$ 186 milhões |
Tenco Shopping Centers | Varginha | R$ 150 milhões |
Walmart | Região metropoliona de BH | R$ 150 milhões |
Aperam South America | Timóteo | US$ 17 milhões |
Ferrero | Poços de Caldas | R$ 54 milhões |
Fontes: SDE-MG e OE
As 17 Regiões de Minas (em ordem alfabética)
Alto Jequitinhonha | |||||||||
Caparaó | |||||||||
Central | |||||||||
Mata | |||||||||
Médio e | |||||||||
Metropolitana | |||||||||
Mucuri | |||||||||
Noroeste
|
Fonte: Revista O Empreiteiro