Habitação popular deve seguir aquecida

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Embraesp aponta queda no preço médio dos imóveis

Tatiana Bertolim

Após dois anos intensos, o setor imobiliário viveu um 2012 de acomodação na região metropolitana de São Paulo. O número de novos empreendimentos e de unidades lançadas diminuiu, refletindo os esforços das construtoras para ajustar estoques e arrumar a casa. A Even, no entanto, conseguiu se destacar nesse cenário. Com atuação diversificada, a companhia alcançou o topo do ranking da construção imobiliária feito pela Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp).

A construtora avançou cinco posições em relação ao ranking do ano passado, que se referia ao desempenho do setor em 2011. Nessa mesma base de comparação, a Even aumentou sua participação no mercado da Grande São Paulo de 3,67% para 4,87%. No estudo, a empresa liderou nos quesitos número de lançamentos (20), número de unidades lançadas (3.607) e produto total (R$ 2,147 bilhões).

“A Even é uma empresa mais jovem, mas está se consolidando com uma atuação em todos os padrões, mas predominantemente no alto”, afirma o diretor da Embraesp, Luiz Paulo Pompeia.

Esse perfil diversificado também se faz notar, de forma geral, na composição da lista das dez maiores empresas do setor.

Há desde companhias com foco em imóveis populares – casos da Cury e da Atua – que se beneficiam do programa Minha Casa, Minha Vida, até empresas com empreendimentos residenciais e comerciais de padrões variados, como a PDG Realty. “Foi um pouco de tudo”, observa Luiz Paulo.

Embora o mercado tenha desacelerado em 2012, o segmento de imóveis residenciais de luxo (com preço acima de R$ 800 mil) continua aquecido. Segundo o diretor da Embraesp, a oferta não é suficiente para atender um nicho que cresce com a emergência de mais brasileiros às classes mais ricas.

Na outra ponta, o Minha Casa, Minha Vida movimenta a faixa de empreendimentos com preços abaixo de R$ 200 mil. O segmento representa entre 30% e 35% do total do mercado. “A demanda por residências nesse padrão é muito superior à oferta”, afirma o especialista.

A grande questão é o mercado que se encontra entre essas duas pontas, onde a situação é mais “preocupante”, na opinião de Luiz Paulo. “Em alguns segmentos de valor, começamos a perceber certa falta de liquidez”, afirma. “Os estoques estão altos e já é possível encontrar descontos grandes, de 35%.”

Por isso, a estimativa da Embraesp para este ano é que o mercado fique estagnado na comparação com 2012. Não está descartada uma queda de 2% a 5% no preço médio dos imóveis residenciais, de acordo com o diretor da entidade.

No ano passado, os empreendimentos lançados na região metropolitana de São Paulo totalizaram R$ 29,2 bilhões. Houve queda na comparação com 2011, quando o produto total foi de R$ 29,8 bilhões. A participação das dez empresas mais bem colocadas no ranking baixou de 45,21% para 35,56% desses volumes de um ano para outro.

Outros sinais de desaceleração ficam evidentes no número de lançamentos, que recuou de 562 em 2011 para 503 no ano passado; e no número de unidades lançadas, que baixou de 76.683 para 67.523 na mesma base de comparação.

Apesar dessa tendência de desaceleração, o executivo faz uma ressalva. Ainda que o mercado não esteja tão aquecido como se viu no boom imobiliário de 2010 e 2011, ainda está acima dos números que ostentava até então. “Houve uma mudança de patamar no setor”, diz.

Para elaborar o ranking, a Embraesp reúne dados divulgados pelas construtoras e também informações disponíveis em folhetos, estandes de vendas e em páginas na internet. Com base nessas informações, é atribuída uma pontuação para cada empresa, que define a posição de cada uma delas no levantamento.

Dentre as grandes empresas, chama a atenção a queda da Cyrela Brazil Realty. A companhia, que figurava em terceiro lugar no ranking geral divulgado pela Embraesp no ano passado, despencou para a 14ª colocação no levantamento mais recente.

Segundo Luiz Paulo, a perda de posições reflete os desafios que a Cyrela enfrentou em 2012, quando teve de se voltar “para dentro” na tentativa de se reorganizar. A companhia, que nos anos anteriores fez aquisições, precisou de um tempo para integrá-las e arrumar a casa. “Mas tudo indica que, neste ano, a empresa estará mais forte”, afirma o diretor da Embraesp.

Fonte: Revista O Empreiteiro


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