Sexta unidade fabril do Grupo Petrópolis foi construída em menos de um ano com o auxílio de novas tecnologias de formas
Guilherme Azevedo
A segunda fábrica do Grupo Petrópolis no Nordeste, em Itapissuma (PE), município do Litoral Norte distante 45 km da capital Recife, foi executada em cerca de dez meses, prazo considerado pelo proprietário recorde para obras do gênero. A construção se iniciou em junho de 2013 e se encerrou em março do ano seguinte, sob liderança da construtora Odebrecht Infraestrutura, responsável pelo contrato. O pico das obras reuniu 1,7 mil trabalhadores.
A nova unidade fabril, situada às margens da BR-101 e com 185 mil m2 de área construída, emprega hoje cerca de 800 funcionários e pode produzir 600 milhões de litros de cerveja da marca Itaipava ao ano. Abastece os Estados do Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, além da região Norte. O investimento total foi de R$ 600 milhões. A inauguração oficial ocorreu em abril deste ano, embora a produção local tenha se iniciado no primeiro semestre do ano passado. A fábrica dispõe de equipamento completo para produzir cerveja e duas linhas automatizadas de envase (para garrafas e para latas), conjunto completo fornecido e montado pela empresa Krones.
Experiência
A velocidade da execução da obra pode ser atribuída à experiência da Odebrecht e de outros parceiros com plantas industriais do Grupo Petrópolis (Itapissuma é a sexta fábrica do grupo no Brasil). A unidade de Pernambuco foi a terceira do currículo da Odebrecht, que também respondeu pela construção das fábricas de Alagoinhas, na Bahia, entregue em 2013, e de Rondonópolis, no Mato Grosso, concluída em 2008. Pelos serviços de montagem da cobertura e fechamentos laterais realizados em Alagoinhas, a Isoeste também foi selecionada para atuar em Itapissuma. “Tem praticamente a mesma configuração da fábrica em Alagoinhas”, compara o engenheiro Luiz Carlos Morais Filho, supervisor de obras da Isoeste na unidade pernambucana.
Também contribuiu para acelerar as obras o fato de a maior parte da fábrica ser constituída de estruturas pré-moldadas de concreto e a incorporação de novas tecnologias para melhorar a produtividade. Segundo a Odebrecht, a obra de Itapissuma rendeu a inscrição de nove projetos no Programa Odebrecht de Inovação Tecnológica, organizado pela própria empresa para identificar e incentivar novas e eficientes maneiras de construir. “Utilizamos formas de papelão para os pilares retangulares moldados in loco, e trouxemos da Alemanha uma nova tecnologia de forma para a execução dos elementos de fundação, conhecida como Pecafil, uma forma plástica com elementos de aço”, aponta Ana Carolina Farias, diretora de contrato da Odebrecht em Itapissuma.
“Envelopamento”
Contratada para fornecer material e executar a tarefa de “envelopar” o empreendimento, a Isoeste combinou, nos edifícios que abrigam as principais atividades da fábrica, telhas zipadas do tipo sanduíche com telhas zipadas convencionais (TP40), intermediadas por chapas termoisolantes constituídas de lã de rocha. O objetivo é preservar os processos rigorosos e equipamentos decisivos para a produção, envase e estoque da cerveja.
Na execução da cobertura, e também na maior parte do fechamento, foram utilizados 35 mil m² de telhas zipadas do tipo sanduíche, 7 mil m² de telhas zipadas do tipo standard e 26 mil m² de telhas TP40. O fechamento lateral da nova fábrica, especificamente, empregou 3,5 mil m2 de painéis Isofachada (constituídos de espuma rígida de poliuretano e revestidos com placas de aço). Na sala de quadros, o “cérebro” da produção, onde se concentram comandos automatizados dos equipamentos, situada dentro do edifício de envase, na linha divisória dos envases de garrafas e de latas, a escolha recaiu sobre painéis Isojoint SL (sala limpa). Com facilidade de encaixe, superfície lisa e feitos de espuma rígida, são indicados para áreas onde a climatização correta e constante importa.
Cronograma acelerado
Segundo Luiz Carlos Morais Filho, supervisor da Isoeste na obra em Itapissuma, a cobertura e os fechamentos laterais exigiram contingente incomum para obras do gênero por causa da pressão do tempo. “Mas, apesar do prazo apertado, conseguimos cumprir o cronograma”, comemora. A Isoeste levou para o canteiro cerca de 30 profissionais, divididos simultaneamente entre os prédios coligados, quando normalmente precisa, em obras como essa, de seis a 15 funcionários, no máximo.
Contou a favor também o fato de a Isoeste manter unidade de negócios próxima ao sítio, em Vitória de Santo Antão (PE), de onde vieram insumos e equipamentos. “Em menos de duas horas já estavam na obra”, frisa o engenheiro Morais Filho. O uso extensivo de telha zipada contribuiu com o prazo e a qualidade do acabamento, uma vez que é feita de forma contínua no próprio canteiro, na medida desejada (a mais longa ali utilizada alcançou 40 m de comprimento), não tem emendas e apresenta, portanto, estanquidade completa.
A fábrica de Itaipava em Itapissuma se soma a outros empreendimentos industriais recém-inaugurados ou em fase final de execução, como a Companhia Siderúrgica do Pecém, no Ceará, para confirmar a nova vocação fabril do Nordeste brasileiro. É o desenvolvimento necessário contra atrasos econômicos e sociais herdados ainda da época colonial, que a industrialização está eliminando.
Ficha Técnica – Fábrica do Grupo Petrópolis em Itapissuma (PE)
– Propriedade: Grupo Petrópolis (fábrica de cerveja Itaipava)
– Investimento total: R$ 600 milhões
– Área construída: 185 mil m2
– Construção: Odebrecht Infraestrutura
– Cobertura e fechamentos laterais: Isoeste
– Projeto de produção de cerveja, fornecimento de equipamentos
e montagem: Krones
Fonte: Revista O Empreiteiro