Durante cúpulas realizadas nesta semana na Costa do Sauípe (BA), presidentes e chefes de Estado da América Latina e do Caribe defenderam a integração regional como forma de enfrentar a crise econômica internacional. Sem a presença dos Estados Unidos ou da União Europeia, os líderes tiveram espaço para propor alternativas e criticar diretamente o modelo econômico vigente nos países desenvolvidos.
Na abertura da cúpula do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a importância da atuação conjunta. “Nossa resposta coletiva deve ser dobrar a aposta em nosso bloco, numa integração voltada para o desenvolvimento e a superação das desigualdades regionais”, afirmou.
Cuba participa pela primeira vez da Cúpula da América Latina e Caribe
O encontro foi marcado pela inclusão de Cuba no Grupo do Rio, em um gesto que o presidente Lula classificou como uma “reparação histórica”. O presidente cubano Raúl Castro, em sua primeira visita ao Brasil, criticou o sistema econômico internacional e declarou:
“A atual crise é a manifestação mais grave de uma ordem econômica injusta que favorece os países desenvolvidos.”
Propostas regionais para um novo modelo econômico
Líderes como Hugo Chávez (Venezuela) e Rafael Correa (Equador) reforçaram a necessidade de soluções próprias para a região. Correa defendeu a criação de um fundo de reservas regional e cobrou o avanço do Banco do Sul, iniciativa ainda não implementada.
A cúpula também aprovou a criação do Conselho de Defesa Sul-Americano, uma instância de cooperação entre os ministérios da área, que visa o fortalecimento da indústria de defesa regional — sem objetivos militares operacionais.
Além disso, foi anunciada a proposta de um fundo de garantia para empréstimos no âmbito do Mercosul, estimado em US$ 100 milhões, embora o bloco não tenha conseguido finalizar as negociações sobre a dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC).
Clima político e segurança reforçada no litoral baiano
O clima dos encontros também teve espaço para críticas à política externa dos Estados Unidos, com diversas referências ao episódio em que o então presidente George W. Bush foi atingido por um sapato durante visita ao Iraque.
Com mais de 20 presidentes e representantes de 13 países reunidos, o balneário da Costa do Sauípe se transformou em uma fortaleza. Estima-se que mais de 2.000 agentes de segurança tenham sido mobilizados, incluindo tropas do Exército, forças navais e patrulhas nas praias e vias internas do complexo.