Cerca de 1850 homens, sendo 1250 na mão-de-obra direta (funcionários envolvidos diretamente na construção e montagem) e 400 na mão-de-obra indireta (engenheiros, supervisores e técnicos), além de 200 sub-contratados estão trabalhando neste momento nas obras da planta da carteira de gasolina da Reinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim. O objetivo é a construção de duas plantas para tratamento da gasolina: uma unidade de hidrotratamento de nafta de coqueamento e uma unidade de hidrodessulfurização da nafta de craqueamento. Segundo o gerente de empreendimentos da Regap, Vítor Meniconi,estas unidades, juntamente com a unidade de geração de hidrogênio a elas acopladas, embora não aumentem o volume de produção, irão dotar a Regap de uma maior flexibilidade de processamento dos óleos nacionais e propiciar a oferta de produtos que atendam as mais novas especificações de qualidade.
"Ambas as unidades têm por objetivo a redução do teor de enxofre e a melhoria da estabilidade dos compostos da gasolina, melhorando a qualidade deste produto no tocante às emissões atmosféricas e na performance nos motores", observa Meniconi. Ele afirma que as obras em andamento integram o Plano de Negócios da Petrobras 2009-2013 da Petrobras. "Existem vários contratos para execução de projeto, das várias obras e fornecimento de materiais e equipamentos somando cerca de US$ 1,3 bilhão, se considerarmos todos os empreendimentos aprovados", afirma o gerente.
Atualmente, segundo o gerente de empreendimentos, a Regap está em montagem das unidades da Carteira de Gasolina (HDT de Nafta de Coque, HDS de Nafta Craqueada e Unidade de Geração de Hidrogênio – UGH) e do empreendimento da Co-geração. Existe ainda em projeto para outros empreendimentos como a Carteira de Diesel, a nova Unidade de Recuperação de Enxofre e a revamp (revisão e ampliação) da Unidade de HDT de Diesel. O cronograma final de todas essas obras é para 2013.
A principal finalidade e objetivo das plantas de processo que estão sendo construídas atualmente é a redução do enxofre e outras impurezas dos combustíveis de 1000 ppm (partes por milhão) para 50 ppm, atendendo às exigências do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). "Esta redução trará um combustível extremamente menos poluente", afirma o gerente de contratos do Consórcio Andrade Gutierrez, Mendes Júnior e KTY, Mauro Faísca.
As obras, que tiveram início em 2007, a cargo do consórcio formado pela Andrade Gutierrez, Mendes Júnior e KTY, têm previsão para conclusão no primeiro semestre de 2010. Atualmente, o avanço físico do contrato do consórcio é de 68% e a construção e montagem estão com 63%%. "As obras estão com aproximadamente 90% de eficiência física e estão sendo tocadas em ritmo adequado", afirma Faísca.
Para o projeto executado pelo consórcio, estão a construção de uma unidade de hidrodessulfurização de nafta craque Ada (HDS U-206), uma unidade de hidrotratamento de nafta leve de coque (HDT U-306), uma unidade de geração de hidrogênio a ser consumida no processo (UGH U-309), ampliação da torre de resfriamento existente e uma subestação de energia (PT-215). A unidade HDS terá capacidade para processar 4 mil m³/dia de nafta craqueada leve (a chamada gasolina rica), com um teor de enxofre que passará de 1.300 ppm para 30 ppm. No caso da unidade HDT a capacidade de processamento será de 3 mil m³ de nafta de coque.
O gerente de empreendimentosda Regapafirma que estas unidades foram projetadas e estão sendo construídas de acordo com a mais moderna tecnologia de hidrotratamento, utilizando catalisadores de última geração. Atecnologia utilizada é a de origem francesa AXENS, que consiste em um tratamento com severidade controlada de maneira a promover as reações de remoção dos compostos de enxofre e de estabilização dos hidrocarbonetos, sem que haja uma perda significativa das características de octanagem da gasolina. A unidade de hidrodessulfurização de nafta craqueada, por exemplo, utiliza uma tecnologia exclusiva e pioneira, que permite o tratamento da gasolina ao mesmo tempo em que preserva as características de octanagem.
"Os maiores desafios nestas unidades estão relacionados ao cumprimento do cronograma de implantação, com grande conteúdo nacional em um panorama de grande aquecimento do mercado, tanto de serviço quanto de suprimento dos principais equipamentos", informa Meniconi.
As obras de montagem industrial, segundo o gerente de empreendimentos, consistem em estruturas civis, montagem das tubulações de interligações, instalação de infraestrutura, montagem eletro-mecânica e atividades de condicionamento e pré-operação.
O coordenador de obras do consórcio afirma que, na condução deste empreendimento, estão sendo usadas, na fase de engenharia, as mais modernas ferramentas disponíveis, como o software PDMS, que projeta em 3 dimensões as unidades, possibilitando uma melhor visualização e interação entre as disciplinas. Também foram desenvolvidas técnicas de construção e montagem para obter uma melhor utilização da mão de obra operacional na execução, buscando o atendimento máximo dos requisitos de qualidade, segurança, meio ambiente e saúde ocupacional.
"O desafio é enorme. Atender o Planejamento Físico de um empreendimento desta envergadura requer participação e empenho de todos. Todas as áreas de nosso empreendimento têm suas peculiaridades e dificuldades", afirma o gerente de contratos do consórcio. Segundo ele, no suprimento, os desafios são atender as exigências técnicas requeridas, no prazo que viabilize a construção e montagem, para o fornecimento de equipamentos, bombas, vasos de pressão, painéis elétricos, instrumentos, todos os materiais de tubulação, insumos etc.
"Adquirimos no mercado nacional em torno de 98% dos materiais e componentes numa situação em que o mercado estava em franca expansão. Pegamos o mercado no apogeu, por isso tivemos muita dificuldade de atendimento e prazo. O suprimento nesta obra representa em torno de trezentos milhões de reais", observa Faísca.
Na engenharia, o consórcio partiu de um projeto básico fornecido pela Petrobras para detalhar, a partir do cálculo de cada item, cada elemento estrutural, especificando todos os materiais utilizados no empreendimento. "Chegamos, no pico da Engenharia, com 130 colaboradores, dentre eles 70 engenheiros na sua grande maioria seniores. Outra grande dificuldade é a carência de profissionais de Engenharia disponíveis hoje no mercado", diz.
O gerente de contratos afirma que entre os equipamentos diferenciados que foram utilizados na montagem estão guindastes de grande porte (capacidade de 600 toneladas) para o içamento de reatores de processo, além de equipamentos com 40 metros de altura e extremament
e pesados, além de vários outros equipamentos de ponta como miniescavadeiras "bob cat", plataformas auto-elevatórias, guindastes telescópicos, equipamentos auto-propelido de perfuração de estaca raiz.
A meta agora é chegar, ao final do ano, com 80% de avanço físico no empreendimento com a Engenharia e Suprimento totalmente concluídos. Segundo o gerente da Regap, as unidades se encontram em fase de montagem dos equipamentos e tubulações. "Após a complementação mecânica desta montagem começaremos a fase de condicionamento e teste das malhas de controle, preparando a unidade para a partida, prevista para o fim do próximo ano", observa.
Para as obras, estão sendo utilizadas 1.550 t de tubulação, 320 unidades com 2.500 toneladas de equipamentos; 14.000 m cúbicos de concreto, 1.230 t de estrutura metálica; 3.200 instrumentos; 115.000 m de eletrodutos e 600.000 m de cabos.
O consórcio conquistou, na execução da obra, o Prêmio Petrobras/Engenharia de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde para Empresas Contratadas. "A conquista tem um valor muito grande, não só pelo tamanho do desafio como pelo grau de dificuldade, pois o prêmio não era entregue a ninguém há 2 anos por nenhuma empresa atingir os requisitos técnicos exigidos pela Petrobras. Para nós prêmio é o reconhecimento pela nossa busca continua pela excelência e pela superação de desafios".
Segundo Meniconi, a Regap também está construindo duas subestações de energia para outro projeto, chamado de co-geração, que tem por objetivo aumentar a capacidade de produção de vapor e de energia elétrica da Regap. "Estas novas instalações tornarão a reinaria praticamente auto-suficiente em energia elétrica e irão possibilitar uma maior confiabilidade operacional, além de trazer um melhor aproveitamento da energia consumida nas operações industriais", observa Faísca.
A Regap também construirá uma nova Unidade de Hidrotratamento de Diesel, que se encontra em fase final de projeto básico. A previsão é que no primeiro semestre do próximo ano ocorra o início da fase de projeto de detalhamento, construção e montagem. "Estamos no inicio do projeto básico de uma nova unidade de recuperação de enxofre, prevista para entrar em operação em 2012. Estamos prevendo ainda uma revisão da atual unidade de Hidrotratamento de Diesel, com vistas a adequá-la a uma maior severidade do tratamento, de maneira a atender às novas especificações do óleo Diesel (partida em 2011)", diz.
Fonte: Estadão