Para a manutenção do tanque TQ101, que armazena água para o sistema de combate a incêndios no Terminal de Itaqui, localizado no Porto do Itaqui, em São Luís (MA), a empresa Ultracargo utilizou uma abordagem avançada e minimamente invasiva, permitindo que o tanque continuasse operando normalmente enquanto as inspeções e a limpeza estavam sendo realizadas. Para tanto, usou uma solução robotizada, que fornecia informações detalhadas sobre as condições do tanque, sem a necessidade de sua desativação.
De acordo com a empresa, a inspeção do tanque TQ101 representava um desafio significativo para o Terminal de Itaqui, uma vez que ele é a única reserva técnica operacional do terminal destinada ao Sistema de Combate a Incêndio (SCI). Construído em 2010, o TQ101 tem 17,18 m de diâmetro, altura de 19,52 m e capacidade para 4.524 m3.
“O processo de inspeção convencional implicaria na retirada do tanque de operação, o esgotamento ou transferência completa da água armazenada, bem como a remoção do sedimento acumulado e a criação de um ambiente seguro e acessível para os trabalhadores”, explicam os técnicos do projeto. O interior do tanque é classificado como espaço confinado, conforme a norma NR-33, o que eleva a complexidade e os riscos envolvidos no serviço.

Além disso, o processo exigiria a desativação de outro tanque de inflamáveis, responsável pelo armazenamento de produtos dos clientes do terminal. “Esse tanque precisaria ser temporariamente adaptado para armazenar a água necessária ao SCI, gerando a necessidade de grandes obras de interligação entre os tanques e o sistema de sucção. Tal processo acarretaria não apenas altos custos, mas também uma série de desafios logísticos, como o desperdício de água durante a transferência e a adequação do sistema”, revelam os técnicos da Ultracargo
Adicionalmente, a paralisação do tanque de inflamáveis impactaria diretamente na operação do terminal, resultando em uma redução de 5% na capacidade estática durante um período estimado de 60 dias, o que representaria uma perda significativa de receita. Em 2023, a movimentação de granéis líquidos no Porto de Itaqui alcançou aos requisitos normativos, validando o ativo para mais uma campanha de 10 anos com segurança, sem a necessidade de exposição dos colaboradores no interior do tanque, conforme a NR-33”.
SOLUÇÃO PROPOSTA PARA LIMPEZA DOS TANQUES
A fim de realizar a limpeza dos tanques do SCI com eles operando, a equipe técnica da Ultracargo buscou no mercado tecnologias e empresas que oferecessem soluções voltadas para casos semelhantes, visando a otimizar o processo de inspeção, atendendo aos requisitos estabelecidos pela API 653, e reduzir os impactos operacionais.
Após uma extensa pesquisa, optou-se pela estratégia de incluir o uso de tecnologias avançadas de limpeza e inspeção robotizada, que fornecessem informações detalhadas sobre as condições do tanque, sem a necessidade de desativação.
Assim, foram implementadas medidas para a introdução de equipamentos que permitiram a execução das atividades a partir do teto, garantindo maior segurança e eficiência.
Inicialmente, foi feita a inspeção visual. “Introduzimos um submarino equipado com tecnologia de câmera de alta resolução, permitindo a inspeção visual interna do tanque (chapas de fundo, chapas do costado e soldas), para avaliação de anomalias e processos corrosivos”, explicam os técnicos.
No final de todo o processo, foi realizada a medição das chapas de fundo, para o cálculo da vida residual do ativo, utilizando um robô com sistema de ultrassom embarcado. “Com a estimativa do volume de sedimento, dimensionamos o robô de limpeza mais adequado para a remoção de todo o resíduo, garantindo que o processo fosse realizado de forma eficiente e com menor risco, deixando as chapas de fundo do tanque visíveis.”
Todo o projeto foi realizado sem qualquer incidente. “Os robôs foram operados a partir de uma sala de operação (container) de forma segura, o que permitiu realizar toda a inspeção e análises necessárias, atendendo aos requisitos normativos, validando o ativo para mais uma campanha de 10 anos com segurança, sem a necessidade de exposição dos colaboradores no interior do tanque, conforme a NR-33”.
Ainda de acordo com os especialistas, o processo resultou em uma redução de custos em comparação com métodos tradicionais de aproximadamente R$ 1 milhão, “com potencial de ganho para os demais terminais, além de aumentar a confiabilidade do tanque e reduzir os entupimentos dos sprinklers, após a remoção do sedimento que se acumulava por mais de uma década”, concluem.

TERMINAL ESTRATÉGICO
O Terminal de Granéis Líquidos (TGL) de Itaqui é uma instalação estratégica para o armazenamento e distribuição de combustíveis, como diesel, gasolina e biocombustíveis. Operado por empresas como a Santos Brasil, o terminal possui conexões com modais ferroviário, rodoviário, dutoviário e marítimo, facilitando a distribuição para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Vale observar que Itaqui está integrado a importantes ferrovias, como a Transnordestina (FTL), que passa por sete estados do Nordeste e tem 4.238 km de extensão, a Estrada de Ferro Carajás (EFC), trecho concedido à Vale e operado pela VLI, com 892 km de extensão, ligando a capital maranhense a Carajás (PA), além de uma conexão com a Ferrovia Norte-Sul, consolidando-se como um corredor estratégico para o escoamento de combustíveis e outros granéis líquidos. O porto possui infraestrutura capaz de receber navios de até 155 mil toneladas.
Nos últimos anos, o terminal passou por expansões importantes. Em 2022, a Santos Brasil iniciou investimentos para ampliar as áreas TGL 1 e TGL 3, com previsão de construção de um novo terminal, o TGL 2. Essas expansões visam a aumentar a capacidade nominal de armazenamento para aproximadamente 201 mil m³ até 2026.
O Porto do Itaqui como um todo possui nove berços operacionais, com profundidades que variam de 12 a 19 m, permitindo a atracação de navios de grande porte. O canal de acesso tem profundidade natural mínima de 23m e largura aproximada de 500 m, facilitando a navegação.
