As indústrias eólica e de painéis solares podem gerar juntas 8,4 milhões de empregos até 2030. Mercado cresce apesar da crise mundial,
de acordo com relatório da ONU
Em 2008, o mundo investiu US$ 155 bilhões em empresas e projetos de energias renováveis para a geração de eletricidade, de acordo com o relatório Tendência Global de Investimentos em Energias Renováveis 2009, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), divulgado na semana passada. Esse total supera os investimentos em energias fósseis, que no ano passado ficaram na casa dos US$ 110 bilhões. Do total investido em renováveis, US$ 105 bilhões foram para projetos de energia eólica, solar, geotérmica e biocombustíveis.
Incluindo-se as grandes hidrelétricas, essa cifra chega a US$ 140 bilhões. Isso significa um crescimento de 5% em relação a 2007. Contando-se apenas os países emergentes, mercados com mais potencial, houve um aumento de 27%. Os números são expressivos se levarmos em conta que estamos no meio de uma crise econômica mundial.
O diretor executivo do PNUMA, Achim Steiner, credita o crescimento dos investimentos em renováveis em tempos de crise aos pacotes governamentais de estímulo ao setor e diz que eles poderão ser ainda maiores por conta das mudanças climáticas. “Estímulos maiores podem acontecer daqui a seis meses, em Copenhagen, na Conferência das Partes da ONU, quando os governos deverão fechar um novo acordo climático capaz de trazer investimentos transformadores para as tecnologias limpas”, disse.
O setor de energia eólica foi o que atraiu a maior parte dos investimentos, US$ 51,8 bilhões. Na seqüência, vem a solar, com US$ 33,5 bilhões, registrando um crescimento de quase 50% em relação a 2007. E a expectativa é que a geração de eletricidade a partir da energia do sol aumente em cerca de 40% em 2009. Os biocombustiveis, por outro lado, registraram queda de 9% no período, movimentando US$ 16,9 bilhões.
A Europa e os Estados Unidos lideraram os aportes, respondendo por US$ 49,7 bilhões e US$ 30,1 bilhões do total investido, respectivamente. Entre os países latinos, o Brasil foi o maior investidor, com US$ 10 bilhões, a maior parte aplicado em etanol. Para Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de renováveis do Greenpeace, apesar do bom desempenho brasileiro, faltam leis para estruturar o desenvolvimento de um mercado de renováveis consistente. “O que antes soava para muitos como discurso de ambientalista, agora se mostra um mercado economicamente viável e atraente. No Brasil ainda falta vontade política para viabilizar esse setor por meio de leis e políticas coerentes para o desenvolvimento das energias renováveis, o que já vem sendo feito em diversos países do mundo”, analisou.
O exemplo mais recente vem das Filipinas, onde foi aprovada uma legislação de incentivos para energias renováveis baseada no mecanismo tarifário “feed in”- mecanismo que garante conexão da energia gerada à rede de distribuição e comercialização da energia por contratos de longo prazo – e em metas de participação destas energias na matriz elétrica do país.