MCMV já é +50% das vendas e mostra forte expansão nas cidades médias

MCMV já é +50% das vendas e mostra forte expansão nas cidades médias

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O setor imobiliário brasileiro apresentou resultados expressivos no primeiro semestre, impulsionado pelo aquecimento do mercado de trabalho e pelo ganho real salarial. No período, foram comercializados 206.903 imóveis, um crescimento de 9,6%, enquanto o Valor Geral de Vendas (VGV) alcançou R$ 123 bilhões, alta de 19,4% em comparação com o mesmo intervalo de 2024.

Em 2024, o setor já havia demonstrado força, com crescimento de 5,1% nas unidades vendidas e 11,6% em valor, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Lançamentos atingem recorde histórico

Entre janeiro e junho de 2025, foram lançadas 186.547 unidades residenciais, o maior volume já registrado pela série histórica da CBIC, iniciada em 2006. O resultado representa um avanço de 6,8% em relação ao primeiro semestre do ano anterior.

No acumulado de 12 meses, os Indicadores Imobiliários Nacionais da CBIC apontam o lançamento de 414 mil unidades, com um Valor Geral de Lançamentos (VGL) de R$ 260 bilhões. Assim como em 2024, o desempenho foi favorecido pelo mercado de trabalho aquecido e pelo aumento real da renda. A taxa de desemprego encerrou 2024 em 6,2%, a menor desde 2012.

Minha Casa, Minha Vida impulsiona vendas

O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) segue como um dos principais pilares do mercado imobiliário. No primeiro semestre de 2025, as vendas do programa cresceram 25,8%, totalizando 95.483 unidades comercializadas.

Os lançamentos do MCMV avançaram 7,8%, as vendas subiram 25,8% e a oferta final teve alta de 5,7% no período. Em 2024, o programa respondeu por mais de 50% das vendas totais, com forte presença em cidades de médio porte.

De acordo com o Secovi-SP, nos 12 meses até junho, as vendas do MCMV na cidade de São Paulo cresceram 52%, alcançando 67,8 mil unidades, o equivalente a 60% das vendas totais, frente a 50% no ano anterior. Já os lançamentos subiram 48%, chegando a 75,2 mil unidades, ou 61% do total.

Mercado atinge o topo e entra em fase de estabilidade

Apesar do aquecimento, a oferta de imóveis novos recuou 4,1% em 12 meses, somando 290.086 unidades em junho, o menor nível já registrado. Mantido o ritmo atual de vendas, a CBIC alerta que, sem novos lançamentos, o estoque disponível poderia se esgotar em oito meses.

A análise trimestral mostra estabilidade nas vendas, que variaram entre 100 mil e 108 mil unidades nos últimos cinco trimestres. Para o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, o mercado imobiliário caminha para um cenário de estabilidade após atingir patamares recordes.

Nos últimos 12 meses, foram lançadas mais de 414 mil unidades residenciais, contra 244,6 mil em 2020. “De 2020 para cá, o mercado cresceu cerca de 180 mil unidades, o que representa aproximadamente 15 mil imóveis a mais vendidos por mês”, afirmou Petrucci durante coletiva da CBIC.

No acumulado de 12 meses, o Brasil registrou 414.375 unidades lançadas e 423.241 imóveis vendidos, um avanço de aproximadamente 16% em relação a 2024. Em cinco anos, o volume praticamente dobrou — em 2020, foram 242.605 unidades lançadas e 244.619 vendidas.

Segundo Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Estratégia, “o mercado já chegou ao topo e agora o desafio é manter a estabilidade. O maior impacto tem ocorrido nos lançamentos, mais do que nas vendas”.

Perspectivas para o segundo semestre

Na avaliação do presidente da CBIC, Renato Correia, a expectativa é de retomada gradual dos lançamentos no segundo semestre. Ele destaca que a estabilidade atual está relacionada à recomposição pontual dos recursos de financiamento, como o FGTS, além do impacto do custo do crédito.

“Estamos em um cenário em que a taxa de juros ainda não apresentou queda, o que reduz o apetite para determinadas operações do mercado, somado a um contexto de incertezas na economia externa”, afirmou Correia.


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