Minas Gerais constrói novo marco da arquitetura

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A maior ousadia do projeto do Centro Administrativo de Minas Gerais, concebido pelo mestre da arquitetura brasileira, é o vão livre de 146 m do prédio do Palácio do Governo. É considerado o maior vão livre do mundo, em obra do gênero. O edifício terá cinco pavimentos de 147,5 m x 26,60m, suspensos por tirantes protendidos.

O engenheiro Mário Terra Cunha, responsável pelo desenvolvimento do projeto, afirma que o partido estrutural está calcado em dois grandes pórticos, dispostos paralelamente nas fachadas longitudinais, que sustentam as vigas transversais da cobertura, nas quais se apóiam os tirantes. "Desta forma, o prédio, cujo cálculo estrutural foi feito pelo engenheiro José Carlos Sussekind, ficará totalmente solto dos quatro pilares que o sustentam, podendo-se observar a laje do pavimento térreo, em sua projeção, sem qualquer obstáculo", diz.

Para a construção deste prédio, segundo Cunha, previu-se a utilização de pilares metálicos provisórios, compondo um conjunto de pilotis no pavimento térreo, alinhados com as estruturas metálicas dos tirantes que, na fase construtiva, funcionarão como pilares, sustentando os pavimentos.

A construção dos pórticos, desligados dos pavimentos e da cobertura, e que formam a grande estrutura de sustentação do prédio, seguirá uma programação pré-estabelecida para a transferência gradual das cargas.
"Essa transferência se dará através da protensão das vigas dos pórticos, das vigas transversais da cobertura e dos tirantes", explica o engenheiro. Neste processo, segundo ele, está prevista uma campanha de monitoramento das deformações nas estruturas de sustentação e das tensões na estrutura provisória.

Cunha afirma ainda que foram previstos materiais de uso corrente no projeto estrutural, mas com aplicação de uma grande variedade de detalhes e de soluções técnicas para atender aos desafios impostos pelo projeto, que exigia uma estrutura totalmente desligada dos pórticos. "Na obra é utilizado concreto com fck ≥ 35MPA, obtido com a adição de sílica ativa. Para as vigas principais dos pavimentos, protendidas, previu-se a adição de fibra de polipropileno multifilamentos, para a melhoria da resistência ao fogo", observa.

O engenheiro ressalta que as estruturas metálicas dos tirantes foram previstas em aço estrutural SAC-350, com resistência à corrosão atmosférica. Nos pilares provisórios foram utilizados perfis em aço ASTM A-36. "Para a protensão foram adotadas soluções com cabos aderentes e não aderentes, de acordo com o indicado em cada caso. Nos tirantes optou-se por um sistema que confere o máximo de segurança aos cabos responsáveis pela sustentação dos pavimentos".

Outra preocupação, no caso dos pavimentos, foi a utilização, além da protensão nas duas direções, de lajes nervuradas, do tipo Atex, que reduz o peso da estrutura a ser suspensa.

"Na a análise estrutural foram utilizados modelos, desenvolvidos com o auxílio do programa GTSTRUDL, seguindo a técnica de elementos finitos associados a elementos de barra, permitindo uma avaliação consistente dos efeitos dos diversos carregamentos passíveis de atuar nesta estrutura", observa o responsável pelo desenvolvimento do projeto.

O acesso ao prédio é outro ponto destacado pelo engenheiro Mauro Terra Cunha: ele se dará por duas estruturas vizinhas, através de elevadores e escadas, que serão interligadas por passarelas, em todos os pavimentos. Segundo o projeto, o heliponto será instalado no topo de um tabuleiro circular excêntrico em relação à torre.

"As estruturas vizinhas terão importante função na estabilidade do prédio suspenso, quando submetido às ações de vento. Foi previsto um sistema composto por cabos de protensão e aparelhos de apoio em neoprene, que manterão as três estruturas ligadas através das passarelas", observa ele.

Progresso Regional


A mudança da sede do governo do Estado de Minas Gerais, que deixa o complexo histórico e arquitetônico da Praça da Liberdade, acontecerá no início de 2010. O novo Centro Administrativo, que fica no bairro Serra Verde, na região Norte da cidade, é uma megaestrutura, com cinco edificações – dois edifícios de 15 andares, o Palácio do governo, auditório e centro de convivência.

As obras, sob a coordenação da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), estão sendo executadas por três consórcios e seis diferentes empresas. Atualmente é feita a concretagem das lajes das edificações. A idéia, com a construção, segundo o presidente da Codemig, Oswaldo Borges da Costa Filho, é transformar economicamente a região que fica às margens da Linha Verde, via expressa que liga o Centro de Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves.

Iniciadas em dezembro de 2007, as obras estão gerando 3,5 mil empregos diretos e, com a instalação da administração estadual, a expectativa é a criação de centenas de outras vagas indiretas.

O governo do Estado pretende obter uma economia de mais de R$ 20 milhões por ano, deixando de pagar aluguéis das antigas instalações. Hoje, além das secretarias e da sede do governo na Praça da Liberdade, alguns órgãos e entidades estaduais estão dispersos pela cidade, o que tem elevado os custos administrativos, com o pagamento de aluguéis, taxas de condomínio e custos logísticos. A administração, na nova sede, reduzirá os gastos.

"O Centro Administrativo vai proporcionar a integração da administração pública estadual, elevando a qualidade e a eficiência dos serviços públicos, melhorando as condições de trabalho dos servidores e o atendimento ao cidadão, ao mesmo tempo em que reduzirá custos operacionais do Estado. A instalação do Centro Administrativo, com todos os cuidados ambientais e urbanísticos, vai elevar a qualidade de vida dos moradores da região Norte de Belo Horizonte", destaca o presidente da Codemig.

A construção

A construção da sede do governo, auditório e praça cívica, do lote 1, está a cargo do consórcio formado pelas construtoras Camargo Corrê

a, Mendes Júnior e Santa Bárbara Engenharia. O prédio da sede do governo será composto por subsolo, pilotis, quatro pavimentos, cobertura e heliponto, totalizando 21 mil m2.

O conjunto conta com um auditório de 4 mil m2, com capacidade para 490 pessoas. Os serviços de terraplenagem já foram executados e as obras de drenagem pluvial e de manutenção de vias estão em andamento.

O gerente deste consórcio, Elcio José da Silva, informa que o primeiro passo para um contrato dessa magnitude foi a contratação de mão-de-obra, compra de materiais e contratação de serviços. "Pelo fato de sermos responsáveis pela infraestrutura total, tínhamos que criar condições de trabalho para as edificações não só do lote 1, mas dos demais. As obras de infraestrutura terminam com a inauguração do Centro Administrativo e, portanto, exigem atenção constante, já que interferem diretamente no trabalho dos outros lotes", afirma o gerente.

Silva destaca que com o início das obras para a construção do Palácio do Governo e do auditório, alguns obstáculos técnicos apareceram. No caso do auditório, o formato dificultou a execução de fôrmas e o cimbramento. "Assim, tivemos que fazer um estudo do concreto para que o mesmo fosse auto-adensável", completa.

O gerente completa que as principais inovações nas obras do Lote 1 foram a utilização de concreto autoadensável no auditório e a dimensão do vão livre. "O fato do projeto ser do Niemeyer já nos antecipou que seríamos provocados a pensar em uma execução diferenciada. Como as ‘peças’ possuem geometria não convencional, tais como o auditório, os pilares do palácio, o heliponto e a circulação vertical, vimos que o trabalho teria uma característica cuidadosa, como se fosse extremante artesanal", observa Silva.

O lote 2, que inclui o prédio das secretarias, tem como responsável o consórcio formado pelas construtoras Norberto Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão. O projeto prevê a construção de um prédio de 15 andares e cobertura, de volumetria curva. As obras estão situadas na parte nordeste do terreno. O prédio, com 116 m2, tem extensão de 240 m no eixo médio e largura de 25 m nas extremidades a 32 m no eixo central. A edificação é constituída de subsolo, térreo, 14 pavimentos tipos, pavimento técnico e cobertura.

O diretor de contrato do lote 2, Carlos Zaeyer, da Odebrecht, destaca que o ritmo das obras e a peculiaridade do projeto fez com que o consórcio buscasse soluções inovadoras e práticas, que possibilitassem a execução no prazo estabelecido e segundo a qualidade requerida. "Por tratar-se de um complexo arquitetônico onde atuam três diferentes consórcios, compostos pelas maiores empresas do País, foi necessário equalizar procedimentos e materiais para atingir uma padronização dos aspectos estéticos e de manutenção de toda a estrutura", afirma.
Entre as principais inovações desse lote, Zaeyer destaca o sistema do pano de vidro, idealizado para reduzir o custo energético e propiciar conforto ao usuário, além da adoção de concreto com alto desempenho e fibras, utilizado para redução das seções estruturais de forma a vencer vãos com a leveza prevista. "O prazo dessa construção: 16 meses. Na obtenção do concreto de alto desempenho, foi considerada a necessidade de se atingir 60% da resistência preconizada de projeto em sete dias, e os módulos de elasticidade secante em quatro dias, viabilizando a protensão das lajes e a estabilidade estrutural necessárias para a implantação do ciclo de 29 dias de concretagem", destaca o diretor.

Zaeyer afirma que o sistema de escoramento com torres travadas do prédio 1 foi desenvolvido prevendo seu aproveitamento no andar seguinte.

Já no lote 3, com obras executadas pelo consórcio formado pelas construtoras Andrade Gutierrez, Via Engenharia e Barbosa Mello, estão o prédio 2 das secretarias e o centro de convivência. O segundo prédio tem projeto idêntico ao do lote 2. O centro de convivência, localizado entre os dois prédios das secretarias, terá três pavimentos e cerca de 4,5 mil m2 de área. Nele, deverão ser instalados um posto de abastecimento integrado ao cidadão, lojas de conveniência, postos bancários, posto médico, agência dos Correios, lanchonetes, livrarias e cafeteria.

Fonte: Estadão


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