Limpar para inspecionar
Quando lidamos com pequenos diâmetros, tipicamente entre 150 mm e 600 mm, a Pré-limpeza por hidrojateamento é o procedimento normal, afinal, nesses diâmetros é difícil que ocorram assoreamentos por gordura ou entulhos, e se isso ocorrer, normalmente eles vão impedir o avanço da câmera, seja ela tracionada ou sobre esteiras, ou pior, que haja entrelaçamento de materiais que podem eventualmente danificar a lente dela.
OU INSPECIONAR PARA LIMPAR?
Em que situação estamos trabalhando no inverso? Acima de 600 mm ou em Sifões, o custo da limpeza é muito alto, e sem inspecionar, na realidade você nem certeza tem de que a tubulação de fato precisa ser limpa, a menos de que haja registros de assoreamentos antigos e graves, e onde eventualmente você já tenha derivado o fluxo para outro coletor ou interceptor. Sem saber exatamente a situação, se você licitar, forçará o empreiteiro de limpeza a se proteger, e estimar sempre a pior situação.
Imagens do Sifão antes e depois da limpeza
O fluxo nas redes de grandes diâmetros determina o tipo de plataforma de inspeção por CCTV que deve ser usada, ou sobre esteiras ou sobre um flutuador. As inspeções noturnas têm a vantagem do menor fluxo, e nos casos dos sifões, hoje se utiliza o SONAR, como melhor opção, pois ele vem num chassis protegido e ao ser puxado através da rede, consegue registrar uma imagem de 360° do interior, além disso, o sonar também identifica o tipo de assoreamento e defeitos sob a lâmina d´água. Aplicar o flutuador, de montante para jusante, desde que haja uma taxa de vazão suficiente, é o procedimento indicado. Se o fluxo estiver insuficiente é recomendável prender o flutuador a um cabo de reboque acoplado a um guincho. Logicamente, se a quantidade de entulhos for visível, limpe para evitar perda de tempo e recursos, para depois inspecionar.
O poder do Sonar é hoje um recurso largamente utilizado pois ele “enxerga” como dito, sob a lâmina d´água. Com isso é possível entender o estado dos materiais de assoreamento submersos e defeitos na tubulação, particularmente nos sifões ele é indispensável, permitindo assim definir se a limpeza é necessária. Ele também pode ser aplicado para constatação, após a limpeza e eventuais reparos, como um “as built” do contrato. Outro recurso é o Laser que pode definir as dimensões internas da tubulação e ainda gerar uma imagem em 3D dela, sendo essa informação muito útil para definir o nível de corrosão que possa já ter tomado conta da tubulação. Uma combinação de CCTV/Laser/Sonar, é a situação excelente para abordar a renovação de uma tubulação, dando inclusive, ao projetista que estiver envolvido, as melhores informações para definir os métodos de reabilitação a serem aplicados.
O perfil produzido pelo Sonar permite identificar a espessura da lâmina d´água e o quanto assoreamento há submerso. Os gráficos identificam a perfeita localização ainda, georreferenciada desses assoreamentos ou depósitos, dando ao empreiteiro de limpeza uma orientação precisa de como proceder na limpeza e onde aplicar mais ou menos esforço, ou ainda, bicos especiais de remoção de sólidos. Com essas informações, antecipadamente à licitação, tanto o proprietário da rede, como a empreiteira contratada, têm conhecimento total da situação do coletor ou interceptor, podendo identificar o tipo mais apropriado de equipamento, mão de obra, volumes e taxas de descarte em aterros controlados, que são necessários para completar o trabalho com sucesso, num modelo ganha-ganha.
Podemos concluir que, logicamente a ordem, INSPECIONAR para LIMPAR ou LIMPAR para INSPECIONAR, são ambas aceitáveis na manutenção dos ativos e cada uma tem suas vantagens e desvantagens. Parece óbvio que, o REGISTRO das limpezas e intervenções já efetuadas ainda é o melhor documento, pois quem NÃO REGISTRA, NÃO CONTROLA e que não CONTROLA, NÃO GERENCIA.
Nenhum método de inspeção, limpeza e renovação é útil, se não tivermos uma agenda proativa de limpeza das nossas redes coletoras e interceptoras. Assim, um programa que determine e ajuste limpeza e inspeção, a frequência com que são feitas ao longo do período, permitirá definir um programa mais denso para os casos críticos (desde que você os conheça) e reduzir o investimento nos casos onde a inspeção e limpeza revelaram uma situação mais tranquila, e com isso, maximizando as verbas de OPEX. Redes enquadradas no nível 5, da classificação da NASSCO, são redes cujo COLAPSO é eminente, e, portanto, o custo de reparação após a ocorrência, é imensamente maior do que o custo da inspeção, diagnóstico e intervenção para renovação.