Uma carta-manifesto assinada por entidades do setor — Aeamesp, Instituto de Engenharia, Seesp, ANTP e organizações ligadas à indústria ferroviária — foi enviada aos candidatos à Prefeitura de São Paulo com um alerta enfático: a capital precisa adotar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) como transporte de massa, seguindo o exemplo de mais de 200 sistemas implantados no mundo desde o ano 2000.
Segundo as entidades, o VLT representa uma solução moderna, sustentável e eficiente para os grandes centros urbanos e poderia reduzir significativamente os congestionamentos e o tempo de deslocamento na maior metrópole do país.
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Brasil tem poucos VLTs em operação; São Paulo acumula obras inacabadas
Atualmente, o país opera apenas três sistemas:
- VLT Carioca — centro do Rio de Janeiro
- VLT da Baixada Santista — em Santos, com expansão estudada
- VLT de Salvador — em fase inicial de implantação
Enquanto isso, São Paulo registra diversos trechos de VLT inacabados, que se tornaram símbolos de má gestão, desperdício de recursos públicos e paralisações que atravessam governos. As entidades reforçam:
não existe obra mais cara do que a obra paralisada.
Corredores de ônibus saturados reforçam urgência por soluções sobre trilhos
A carta destaca a ineficiência do modelo atual, dominado por grandes empresas de ônibus. Os principais eixos viários da cidade permanecem congestionados, com viagens longas, imprevisíveis e poluentes.
Trabalhadores da periferia chegam a gastar 3 a 4 horas por dia no deslocamento casa–trabalho–casa, um indicador de baixa produtividade urbana e fragilidade na oferta de transporte de massa.
Manifesto recupera protagonismo da Engenharia no debate público
O documento também funciona como um chamado para que a Engenharia retome um papel ativo nas discussões sobre infraestrutura e políticas públicas. Mesmo prestando serviços essenciais aos governos, o setor tem se mantido à margem dos debates sobre:
- transporte coletivo,
- combate a enchentes,
- manutenção de semáforos,
- requalificação urbana,
- fiscalização de pontes, viadutos e passarelas,
- conservação de calçadas e passeios públicos.
Faculdades de engenharia, arquitetura, urbanismo e centros de pesquisa também têm participado pouco.
Segundo o manifesto, cresce a percepção de que “a inteligência técnica prega no deserto”, sem ser ouvida pelos governos.
Proposta: unir Engenharia e universidades para influenciar políticas públicas
Às vésperas das eleições municipais e a dois anos das eleições estaduais e federais, as entidades propõem a formação de uma frente integrada de engenharia e academia para elaborar propostas objetivas e técnicas para os principais problemas estruturais do país.
As organizações defendem que a Engenharia possui uma visão madura de planejamento, gestão de recursos e uso de tecnologias digitais, o que deveria orientar decisões de investimento em infraestrutura urbana.
Tecnologia digital: aliada para transformar a gestão da infraestrutura
O manifesto reforça que as tecnologias digitais podem revolucionar o setor público, reduzindo prazos, custos e a dependência de operações manuais.
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Hoje, ferramentas como:
- drones,
- imagens de satélite,
- softwares de fotogrametria como ContextCapture,
- modelagem 3D e digital twins
permitem inspeções remotas de alta precisão — um engenheiro pode fiscalizar diversas obras por dia sem estar fisicamente presente no canteiro.
Um exemplo bem-sucedido citado é o caso de Seul, na Coreia do Sul, onde órgãos de pesquisa implementaram o uso de drones para inspecionar centenas de viadutos, com acompanhamento contínuo e custos muito inferiores aos modelos tradicionais.





