CLI amplia complexo do maior terminal de açúcar do mundo

CLI amplia complexo do maior terminal de açúcar do mundo

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Marcelo Zucon, gerente
executivo de Projetos da CL

A Corredor Logística e Infraestrutura (CLI) deu início à ampliação do terminal de açúcar e grãos da empresa no Porto de Santos (SP), um investimento de R$ 565 milhões que irá elevar a capacidade de movimentação de cargas de 2,5 milhões de toneladas por ano. Entre as obras iniciadas, está a do Centro de Controle Operacional e Apoio (CCOA), além da fabricação do novo shiploader.

Especializada em infraestrutura e logística portuária para o agronegócio, a CLI é um dos 11 operadores de granéis sólidos vegetais do porto. A empresa administra o maior complexo açucareiro do mundo, com 42% de participação de mercado em Santos, e também responde pelo embarque de soja e milho produzidos nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. Com a modernização em curso, a expectativa é que o volume de cargas movimentado salte das atuais 15 milhões de toneladas anuais para perto de 18 milhões em meados de 2028, quando as obras estiverem concluídas.

Para a modernização, a empresa assinou aditivo ao contrato de arrendamento com o Ministério de Portos e Aeroportos. Dois dos maiores terminais de granéis sólidos (T16 e T19) de Santos foram adquiridos pela CLI em 2023. O grupo comprou 80% da Elevações Portuárias (EPSA), subsidiária da Rumo que controlava o ativo, por R$ 1,4 bilhão. No ano passado, a empresa anunciou também a incorporação da EPSA.

Com o aporte de recursos, o terminal passará por uma renovação completa, tornando-se mais moderno e, consequentemente, mais produtivo na movimentação de cargas. “O projeto faz uma composição entre o velho e o novo: preservaremos a estrutura atual do armazém, mantendo suas características originais, e desenvolveremos um novo projeto. Além de garantir sustentabilidade, com a redução na geração de entulho, também valorizamos a história do armazém”, destaca Cristiane Lunardi, diretora de Tecnologia e Engenharia da CLI.

Segundo ela, o programa de investimentos engloba um conjunto de grandes projetos a serem executados ao longo dos próximos cinco anos. “Neste momento, iniciamos dois deles: as obras do CCOA e a fabricação do novo shiploader (carregador de navios). Já definimos tecnicamente o equipamento, que está atualmente em produção no Rio Grande do Sul pela TMSA”, ressalta. A etapa inicial das obras do centro de controle está sendo conduzida pela empresa Brasil ao Cubo. Para a parte civil da instalação da infraestrutura das novas esteiras, que alimentarão o shiploader, foi contratada a Zortea, enquanto o gerenciamento do projeto segue em parceria com a LPC Latina.

NOVAS TECNOLOGIAS

O novo shiploader, que transporta a carga por meio de esteiras, permitirá maior agilidade no embarque. “Com capacidade de 2,5 mil toneladas por hora, ele incorpora a tecnologia Dust Hazard Supressor (DHS), desenvolvida pela TMSA, que traz como resultado a redução da emissão de particulados durante a operação”, explica a diretora, lembrando que a instalação final no cais da empresa está prevista para março de 2026. “As peças serão transportadas em partes e sua montagem se inicia junto com a obra civil.”

“O principal objetivo da modernização é reforçar a estanqueidade do terminal, incorporando tecnologia de última geração em correias transportadoras disponíveis no mercado”, destaca Marcelo Zucon, gerente executivo de Projetos da CLI. Ele explica que a correia possui característica construtiva semienclausurada eliminando a exposição de suas partes rodantes bem como o produto transportado. “Para aumentar ainda mais a eficiência do processo, sistemas de filtros automatizados aspiram todo o pó gerado internamente impedindo seu lançamento no meio ambiente”, diz.

Além do armazém de açúcar a granel – que ampliará em cinco vezes a capacidade de carga do terminal –, do CCOA e do novo shiploader, será implantado um parque de moegas com quatro pontos de descarga de caminhões e esteiras de última geração, mais eficientes e com menor emissão de pó. “As próximas fases do projeto incluem a construção de uma nova rota de embarque, garantindo o abastecimento do novo carregador de navios, e a substituição das correias convencionais pelo modelo semienclausurado. Também já temos um cronograma preliminar em estudo para as obras do parque de moegas e do novo armazém, previstos para 2027”, revela Zucon.

De acordo com o gerente de projeto, o investimento representa um avanço significativo para os negócios da empresa, bem como para o desenvolvimento e aprimoramento das operações portuárias no Brasil, com a adoção de tecnologias sustentáveis e práticas operacionais mais eficientes. “É nesse complexo que teremos todos os profissionais envolvidos, garantindo a melhor operação e a vigilância necessária para uma operação limpa, segura e eficiente. Um grande painel operacional disponibilizará informações importantes para que todos os times atuem de forma objetiva e estruturada”, ressalta Zucon. “Vamos implementar tecnologia de última geração também em outros setores, incluindo a instalação de câmeras com reconhecimento facial para maior controle de acesso”, acrescenta Lunardi. “Imagens de câmeras bem posicionadas, indicadores minuto a minuto e a interação das equipes possibilitarão atender melhor os clientes.”

DESAFIOS DA CONSTRUÇÃO

Em termos de obras, o principal desafio tem sido realizar a implantação em um ambiente operacional em plena atividade. “Não podemos gerar paradas, pois isso impactaria diretamente os clientes. Além disso, a segurança é um ponto crucial. Manter a operação em meio a frentes de trabalho intensas exige um plano sólido para prevenir acidentes. Entendemos que, para garantir resultados, é preciso dividir responsabilidades com nossos parceiros. Por isso, estruturamos um programa de Segurança do Trabalho robusto para profissionais próprios e terceiros, além de incluir cláusulas contratuais que reforçam esse compromisso”, afirma Lunardi.

Zucon ressalta a importância de garantir a melhor convivência com os vizinhos, considerando que a empresa está inserida em uma região do porto bastante ativa. “Para mitigar esses inconvenientes, mantemos um alinhamento transparente e próximo com a APS, que nos apoia em todas as etapas do projeto. Outra ação relevante para reduzir problemas decorrentes da grandiosidade e da quantidade de obras envolvidas foi a recente mudança na estrutura de governança. A área de projetos de engenharia foi unificada com a de projetos de tecnologia, o que alterou a forma de estruturação e passou a permitir que os projetos fossem tratados de maneira mais horizontal, em vez de segmentados por disciplinas”, relata.

Foram criadas equipes multidisciplinares, envolvendo outras áreas em reuniões de discussão sobre status, principais desafios e tomadas de decisão de forma colaborativa. Essa abordagem, segundo ele, ajuda a compartilhar responsabilidades, aproxima o projeto do dia a dia e torna a execução suficientemente flexível para lidar com a fluidez da operação. Além disso, contribui para ajustes de rota ao longo da obra, reduzindo desvios. “Acreditamos que a colaboração traz muitos benefícios. Todos os ‘insights’ gerados são incorporados ao planejamento e enriquecem nosso plano de construtibilidade”, conclui o executivo.

Lunardi complementa que é preciso enxergar o programa de modernização de forma integrada, considerando tanto as roteirizações quanto as movimentações do terminal. “Por isso, um cronograma em etapas ano a ano se torna tão importante. A gestão eficiente entre planejamento e controle do cronograma é fundamental para não impactar o negócio”, explica. “Um ponto relevante a destacar é a responsabilidade na condução de um projeto que deixará um legado para o País: a modernização de uma área alfandegada”, conclui.


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