Quando as obras da usina hidrelétrica do Jirau estiverem concluídas, o estado de Rondônia receberão algo em torno de R$ 50 milhões/ano pelos royalties da energia gerada pelas águas do rio Madeira. Situada a 130 km do centro urbano de Porto Velho, a hidrelétrica terá uma potência de 3,3 mil MW e uma geração assegurada de 1,9 mil MW médios, suficientes para abastecer quase 10 milhões de casas. A hidrelétrica deverá entrar em funcionamento em janeiro de 2013.
Juntamente com a usina Santo Antônio, Jirau forma o Complexo do Rio Madeira. O empreendimento, um dos principais projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foi concedido por licitação ao consórcio Energia Sustentável do Brasil, formado por Suez Energy (50,1%), Eletrosul (20%), companhia Hidrelétrica do São Francisco-Chesf (20%) e Camargo Corrêa Investimentos em Infraestrutura (9,9%). O projeto apresentado pelo consórcio foi considerado inovador, com obras civis reduzidas a cerca de um quinto do total previsto na licitação, permitindo ainda redução do impacto ambiental e manutenção da navegabilidade do rio Madeira.
A hidrelétrica com barramento contínuo contará com duas casas de força, uma em cada margem do rio. A primeira possui 28 unidades geradoras, do tipo bulbo, acoplada à tomada d’água, localizada no braço direito do rio. Na margem esquerda, localizam-se mais 18 unidades geradoras, também do tipo bulbo, tendo como vértice a extremidade sul da Ilha do Padre.
A barragem principal, tipo enrocamento com núcleo argiloso, está disposta segundo um eixo retilíneo ligando a extremidade sul da ilha do Padre à parede direita da casa de força 2, na margem esquerda. A área do reservatório será variável e terá 302,6 km², em seu nível d’água máximo normal, com área inundada variando entre 31 km² e 108 km².
Uma das dificuldades da obra, que está a cargo da Camargo Correa, foi a implantação, na margem direita, das ensecadeiras de primeira etapa no período de vazões maiores do ria Madeira (entre fevereiro e maio do ano passado). Devido à velocidade da água, nessa época do ano, há necessidade de se lançar blocos de rocha maiores na construção das ensecadeiras.
Na mesma margem, foi iniciada também a implantação de uma nova ensecadeira em solo, que atingirá dois milhões m3, localizada na jusante das ensecadeiras já implantadas, para permitir a escavação dos canais de fuga e de restituição. Na margem esquerda, será implantada a Casa de Força 2, com início previsto para junho de 2010. O segmento exigirá um volume de escavação de 3 milhões m3 em solo e1,5 milhão m3 de escavação em rocha.
O consórcio já assinou contrato de fornecimento no valor de US$ 410 milhões para aquisição de parte das turbinas necessárias com o pool formado pelas empresas Dong Fang Electric Corporation International e Dong Fang Electric Machinery, da China. De um total de 46 unidades, as empresas chinesas fornecerão 18 turbinas com 75 MW de capacidade. As 28 turbinas restantes serão fornecidas pelo pool formado pelas empresas Alstom, Voith Siemens e Andritz, em contrato no valor de R$ 1,95 bilhão.
O consórcio Energia Sustentável do Brasil assinou com a prefeitura de Porto Velho (RO) protocolo de intenções no valor de R$ 69,3 milhões para investimentos em programas de compensação social, saúde pública, e de apoio às atividades de lazer e turismo, além de recuperação da infraestrutura atingida e como complementação em obras do governo federal. O pacote contempla o Programa Básico Ambiental (PBA), que visa a minimizar os impactos sociais e ambientais causados pela construção da usina Jirau.
O convênio inclui ainda a construção do Polo Jirau de Desenvolvimento, para onde serão transferidas as famílias que residem nas áreas abrangidas pelo futuro reservatório da usina, e compreende 1.600 casas, escola, posto de saúde e correios, entre outras obras. Até mesmo o alojamento, refeitórios e quadras e esportivas, construídas para os operários, bem como os acessos rodoviários para as obras, serão doados para a comunidade local assim que os trabalhos forem concluídos.
Volumes de escavação
– Terra – 6.266.169 m³
– *Rocha – 43.636.876 m³
– Ensecadeiras – 1.353.830 m³
– Remoção de Ensecadeiras – 530.313 m³
*(19,5 vezes o volume da envoltória externa do Maracanã, ou 537 vezes o volume de concreto utilizado na construção do Maracanã ou 3,5 vezes o volume de concreto utilizado na construção de Itaipu)
Fonte: Energia Sustentável do Brasil
Complexo do Madeira / Santo Antônio
Maiores turbinas bulbo do mundo
Com potência instalada de 3.150,4 MW, a Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira, deve entrar em operação em 2012, atingindo plena capacidade, em 36 meses após a inauguração. Quando estiver operando a plena potência, a usina produzirá mais de 19,5 milhões de MWh por ano de energia elétrica – o que equivale a cerca de 4,3% da produção brasileira em 2007.
Para receber a licença de instalação (concedida pelo Ibama em 18 de agosto de 2008), foi determinada a redução da área a ser inundada. Isso foi possível porque a usina irá funcionar a "fio de água", graças às turbinas bulbo. Nesse sistema, as turbinas ficam deitadas e são movidas não por uma queda de água, mas pela correnteza, o que mantém constante a vazão e a velocidade das águas do rio. De acordo com o projeto, o reservatório da UHE Santo Antônio terá uma área de 271 km².
O empreendimento está sendo construído em um trecho do rio Madeira onde está localizada a cachoeira do Santo Antônio, a cerca de 10 km de Porto Velho. É a primeira vez que uma usina de baixa queda (25 m) é construída na bacia Amazônica. As turbinas bulbo dispensam a necessidade de quedas d’água de grande altura e a formação de um extenso reservatório, diminuindo consideravelmente a área alagada – e reduzindo o impacto na floresta amazônica e nos ribeirinhos da região.
A UHE Santo Antônio irá atender a dois sistemas de transmissão: corrente contínua e alternada.. A construção envo
lve um investimento de R$ 13,5 bilhões e deve estar totalmente concluída em 2015. A usina começará a operar gradativamente a partir de maio de 2012, com a previsão de funcionamento de duas das 44 turbinas, as quais são as maiores desse tipo a serem implantadas numa hidrelétrica até hoje.
A construção está a cargo do Consórcio Construtor (formado pelas construtoras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez, Alstom Hydro Energia Brasil Ltda., Bardella S.A. Indústrias Mecânicas, Areva Transmissão e Distribuição de Energia, Siemens Ltda., VA Tech Hydro Brasil Ltda. e Voith Siemens Hydro Power Generation Ltda.).
A obra começou pela margem direita do rio Madeira, em Porto Velho (RO), em setembro de 2008 – cerca de um mês após a concessão da licença de instalação pelo Ibama, em 18 de agosto, e a usina será erguida em oito etapas construtivas. A primeira etapa, no final de 2008, a cargo do setor de sustentabilidade da Santo Antônio Energia, foi um levantamento de arqueologia e desmatamento parcial. O trecho do rio que vai da margem direita à Ilha do Presídio foi isolado com a construção de ensecadeiras. Neste local começou o trabalho de escavação em rocha no trecho onde ficará o primeiro dos quatro grupos de casas de força da hidrelétrica de Santo Antônio. A primeira unidade geradora do tipo bulbo vai começar a operar em maio de 2012 e três vãos complementares de vertedouros nessa margem escoarão o excesso de água do reservatório.
No início de 2009 começou a operação de limpeza da área e construção do acampamento do canteiro de obras na margem esquerda, bem como as escavações na região do vertedouro principal, com 15 vãos. Também ali perto, na ombreira esquerda, ficarão o segundo e terceiro grupos de geração, abrigando 24 turbinas. A principal diferença dos trabalhos nesse trecho (onde ficarão as turbinas 09 a 32) é que o grande volume de escavação será realizado sem a necessidade de implantação de ensecadeiras.
Enquanto as primeiras turbinas começam a gerar energia, em 2012, o vertedouro principal (erguido na margem esquerda) abre suas comportas para que o rio seja desviado e as últimas 12 turbinas possam ser instaladas (no meio do rio, na parte central da hidrelétrica). Esta etapa será executada onde hoje é o canal central do rio Madeira. Para permitir os trabalhos, serão erguidas outras ensecadeiras.
Outras estruturas importantes a serem construídas são o Sistema de Transposição de Peixes – que garantirá que os peixes não tenham seu ciclo de vida afetado pela construção da usina – e o Interceptor de Troncos. Anualmente, os peixes nadam contra a corrente procurando locais mais adequados e seguros para reprodução. Esta estrutura, localizada na margem esquerda do rio e na ilha do Presídio, permitirá que os peixes transponham a barragem e cheguem ao reservatório. O interceptor fica a montante das tomadas d’água do circuito de geração e impedirá que troncos e outros objetos flutuantes alcancem as turbinas e causem danos aos equipamentos submersos.
A Usina Hidrelétrica Santo Antônio será a sexta maior do Brasil em potência instalada (atrás de Itaipu, Tucuruí, Ilha Solteira, Jirau e Xingó), e a terceira em energia assegurada. Sua geração será suficiente para suprir a necessidade de 44 milhões de pessoas.
UHE Santo Antônio
– Localização: Rio Madeira, a 10 Km de Porto Velho (RO)
– Coordenadas geográficas: 08 48’04,0" S e 63 56’59,8" W
– Distância da foz: 1.063 Km
– Área de drenagem: 988.873 Km²
– Nível de montante: 70 metros
– Nível de jusante: 52,73 metros
– Potência: 3.150 MW
– Energia firme: 2.140 MW médios
– Número de turbinas: 44
– Tipo de turbina: Bulbo
– Reservatório: 271 Km²
– Interligação à Rede Básica (SIN): 500 kV, 5 km, circuito duplo
– Prazo de geração da primeira unidade: 48 meses
– Prazo de conclusão da instalação: 90 meses (7,5 anos)
Eletronorte vai investir em 2010
quase R$ 1 bilhão em transmissão
A Eletronorte tem previsão de investir R$ 983,5 milhões. A maior fatia desse orçamento é para fazer frente à expansão e dar continuidade às obras dos sistemas de transmissão, em andamento. A concessionária destaca a interligação das hidrelétricas do Rio Madeira por meio da linha de transmissão Porto Velho/Araraquara.
Para transmissão – linhas e subestações -, serão aplicados R$ 813,4 milhões. Para obras de geração – nas já existentes -, R$ 93,9 milhões. O restante se refere a estudos, instalações gerais e sistemas de telecomunicação.
Fonte: Estadão