Princípios do engenheiro: Sobreviver, crescer e perpetuar Quando, há alguns anos, o empresário Norberto Odebrecht, falecido no dia 19 deste mês (julho) em Salvador (BA), disse que “O homem precisa ser o agente do seu próprio destino”, a revista O Empreiteiro salientou que este pensamento resumia e acabava sendo o recado do criador da Organização Odebrecht, para as próximas gerações da empresa. Norberto Odebrecht é um exemplo maior do pioneirismo na engenharia brasileira. Para ele, uma obra não era apenas uma obra, mas o resultado da capacidade de criar, projetar e executar uma ideia, em articulação com a capacidade de acumular conhecimentos e ampliar competência para torná-los produtivos. Ele seguiu os passos do pai, Emílio Odebrecht, primo de outro nome renomado da engenharia: Emílio Baumgart. Nascido no Recife, ele formou-se engenheiro na Bahia. Em 1944, fundou a construtora que preserva o seu nome. Era uma empresa pequena, que se limitava a realizar serviços locais. Mas foi crescendo e, já nos anos 1960, atravessava os limites da Bahia, passando a atuar em todo o Nordeste. No começo dos anos 1970 a empresa passou a atuar em âmbito nacional, ao construir a sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. Ela conquistou a concorrência para construir o Aeroporto do Galeão, além da usina nuclear de Angra dos Reis, que introduziu o conceito de garantia de qualidade. Nos anos 1980, na expectativa de consolidar sua capacitação técnica, ela adquiriu o controle acionário da Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO), empresa fundada em São Paulo em 1931, e da Tenenge, com as quais criou a Holding Odebrecht S. A. Nos anos seguintes, a empresa construiu a usina hidrelétrica de Charcani, no Peru, e iniciou a construção da hidrelétrica de Capanda, em Angola, obra visitada pela revista O Empreiteiro em 1985. Ela seria objeto de matéria na edição em que Emílio Odebrecht, filho de Norberto, foi eleito pela revista “Homem de Construção do Ano”, mantendo a tradição do pai, que antes recebera título idêntico. Com obras na América Latina, Caribe e África, a holding voltou-se para os mercados da Inglaterra e dos Estados Unidos. Em meados dos anos 1990 integrou a Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), responsável pela administração das rodovias Dutra, Bandeirantes, Anhanguera, Via Lagos e Ponte Rio-Niterói. Depois, já associada ao Grupo Mariani, adquiriu o controle da Petroquímica do Nordeste (Capene), matriz da Braskem. Hoje, presente em 23 países, emprega mais de 180 mil pessoas e, no ano passado, registrou faturamento da ordem de R$ 97 bilhões. É uma história e uma lição. (Nildo Carlos Oliveira) Fonte: Revista O Empreiteiro