Ora, esses debates. Imaginei-os como fonte de informação e, depois, como elementos motivadores de reflexão. Mas as informações pecaram por não se sustentarem. Talvez houvesse ali a preocupação em dissimular a verdade, caso ela existisse. Ou, quem sabe, os debatedores estivessem com medo de que ela viesse à tona. A verdade sempre provoca alguns estragos considerados intoleráveis.
De repente, o País sumiu do radar. Onde encontrar o País e seus cruéis e tradicionais problemas? A preocupação estava no lado pessoal; no irmão da candidata oficial, que havia conseguido uma sinecura; nos parentes e em um aeroporto do candidato opositor ou nas vulnerabilidades humanas de ambos.
O que havia, e que foi esquecido, no calor das questões pessoais de cada um, é a necessidade de se mostrar a realidade brasileira: a miséria que permanece no campo e nos grandes centros urbanos, utilizada para fins de exploração política, via bolsa disso ou daquilo; a falta de política habitacional; as grandes carências da infraestrutura; a desindustrialização, cada vez mais acelerada; o aparelhamento nas estatais e nas agências reguladoras; as obras superfaturadas que constituem escândalo de escala internacional; a saúde pela hora da morte e a falta de perspectiva para as novas gerações que saem dos bancos universitários.
Se, um dia, houver seriedade política, os debates terão outra orientação. E os debatedores terão o que dizer. Hoje eles não dizem o que sabem ou não sabem o que dizer, com exceção das meias verdades que alimentam a mediocridade de cada um.
Por ora, no momento desses debates, é preferível que as crianças saiam da sala.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira