Nova universidade no Sul do País recebe mais recursos da pasta
Guilherme Azevedo
Omaior investimento do Ministério da Educação em obras e instalações, em 2012, teve como destino a Universidade Federal da Fronteira Sul, localizada na chamada Mesorregião Grande Fronteira do Mercosul, que abrange o norte do Rio Grande do Sul, o oeste de Santa Catarina e o sudoeste do Paraná e inclui 396 municípios.
A universidade se ramifica pelos três estados com cinco campi: Chapecó (SC), onde fica a sede central; Erechim e Cerro Largo (RS); e Realeza e Laranjeiras do Sul (PR). No ano passado, foram investidos R$ 55,6 milhões na criação da infraestrutura e da estrutura necessárias para as atividades letivas da instituição. São 38 cursos oferecidos, com 47 novas turmas todo ano, totalizando 184 turmas em 2013.
A Universidade Federal da Fronteira Sul foi criada em 15 de setembro de 2009, com a missão de ajudar a desenvolver a mesorregião em que se insere, marcada por desigualdades econômicas e sociais. Segundo o Atlas das Mesorregiões, do Ministério da Integração Nacional, essa área concentra um quarto da população da região Sul do País, mas representa apenas um décimo do Produto Interno Bruto dela.
As aulas começaram em março de 2010, em campi provisórios. Hoje, as atividades já acontecem nas instalações construídas em Realeza (com 776 alunos) e Laranjeiras do Sul (718 estudantes); a mudança para as instalações efetivas em Chapecó (2.363 alunos), Erechim (1.147 estudantes) e Cerro Largo (916 alunos) está marcada para acontecer no segundo semestre, com a entrega de edifícios.
Obras
A responsabilidade pela gestão e acompanhamento geral dos projetos, em todas as fronteiras, é do engenheiro civil Paulo Roberto Pinto da Luz, o secretário de obras da universidade. “Pegar um terreno sem nada e em cima disso traçar uma universidade é um trabalho gratificante”, orgulha-se.
Do ponto de vista da engenharia, os projetos, nos cinco campi, se assemelham. Estão sendo construídos sobre terrenos em áreas rurais, doados pelas prefeituras locais, com 100 ha cada (1 milhão de m2).
Há um bloco de salas de aula de quatro pavimentos, com 5 mil m2 de área construída, em cada um deles (apenas em Chapecó, que é maior, são dois blocos assim). Esse serviço já foi concluído em todas as unidades.
Um dos laboratórios em construção no campus de Cerro Largo (RS)
Prédios de laboratórios de 1.150 m2 de área construída também estão sendo erguidos: são quatro em Chapecó e três em cada um dos outros campi. Salvo o campus catarinense, os demais ficam prontos ainda no primeiro semestre. O restaurante universitário, com 2,4 mil m2, já foi entregue em Chapecó e está em construção nos demais sítios, com previsão de conclusão ainda este ano.
Outra obra de relevo em andamento nos campi da Universidade Federal da Fronteira Sul é a de construção dos blocos de salas de professores, com 4,1 mil m2 (Chapecó) e 2,4 mil m2 (demais unidades). A expectativa é de que sejam aprontadas até o fim deste ano.
Há projetos futuros, ainda não licitados, como o de construção de centros de cultura e eventos, com sala de teatro e biblioteca integrados, em 12 mil m2 de área construída; a edificação de um hospital veterinário em Realeza; e a oferta de conjuntos de moradias para os estudantes.
Obstáculos
A localização rural dos campi, distante, portanto, das aglomerações urbanas formalmente constituídas, foi um dos fatores que dificultou a execução da obra: nos sítios só havia o chão. Por isso, além da construção civil propriamente dita das edificações, o projeto inclui também a criação de toda a infraestrutura viária local, os acessos internos e externos às instalações, e a implementação da rede elétrica e de água e esgoto.
O fato de estar presente em três estados também colocou questões novas para resolver, como aprenderam na prática o engenheiro Paulo e sua equipe. Por exemplo, a legislação a ser seguida e a forma de atuação de alguns órgãos dependiam de que lado da fronteira o canteiro se encontrasse. “Precisamos falar com interlocutores diferentes, em cada canto”, explica o diretor de obras da universidade. Paulo cita especificamente o caso do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, que, depois do incêndio que matou 242 pessoas na boate Kiss, em Santa Maria, tornou-se, em suas palavras, “o mais rigoroso do País”.
Desde o lançamento da nova universidade, já foram contratados R$ 144 milhões em projetos e obras. As construtoras Prumo, Oliveira, Engedix, Cidade Bela e Guilherme estão entre aquelas que estão mobilizadas a lançar uma nova (e importante) fronteira educacional no País.
Campus de Chapecó (SC) entra em atividade no segundo semestre. Na foto, blocos A e B da edificação
Fonte: Revista O Empreiteiro