Novos modelos de ocupação urbana

Compartilhe esse conteúdo

Claudio Bernardes*

Oconsistente incremento do mercado imobiliário nos últimos anos decorreu de fatos específicos, como a diminuição das taxas de juros, a melhoria do poder aquisitivo de boa parte da população e a volta do crédito imobiliário, após lacuna de duas décadas que quase levou o mercado à estagnação. Isso foi possível graças a novo marco regulatório, que deu garantias a compradores, produtores e financiadores.
Com a volta dos financiamentos, a sociedade partiu em busca do imóvel e o mercado passou a lançar e produzir fortemente. Hoje, o setor está se ajustando. Começa a haver a necessária acomodação para que seja alcançado o equilíbrio entre volume de produção e demanda efetiva, diminuindo desta forma a pressão sobre os preços.
Porém, a demanda deve continuar forte. Nos próximos 10 anos, para acomodar o crescimento vegetativo e eliminar o déficit habitacional, deveremos produzir, em todo País, cerca de 1,9 milhão de unidades por ano.
À luz da dinâmica do mercado e do positivo cenário de mobilidade social, a cidade de São Paulo vai exigir, anualmente, cerca de 30 mil novas moradias. Assim, a grande questão é como e onde vamos produzir esse volume, de forma a satisfazer as famílias que procuram habitação, bem como contribuir para que o desenvolvimento urbano se dê em bases mais sustentáveis, com mobilidade e qualidade de vida.
Evidencia-se, pois, a necessidade de não só adotar novos modelos de ocupação urbana, como também considerar a verticalização como parte da solução. Isso é ainda mais significativo em razão do modelo de ocupação disposto na lei de zoneamento em vigor.
Diante da insuficiência de infraestrutura, é fundamental que, além das contrapartidas do mercado imobiliário para a malha viária e outros tipos de equipamentos urbanos, o setor público invista efetivamente no transporte de massa. Mas, até que isso ocorra, é indispensável orientar a produção de imóveis de forma a diminuir ao máximo a necessidade de deslocamentos. Daí a importância de planejar e adotar novos modelos de ocupação. Do contrário, será cada vez mais difícil colocar São Paulo no caminho da sustentabilidade.

*Claudio Bernardes é presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) e da Ingaí Incorporadora S.A.

Fonte: Padrão


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário