Imagem 3D do elevado reformulado e ampliado, com ciclovia em destaque
Cartão-postal do Rio, conexão viária à beira-mar, entre Zona Sul e Zona Oeste, ganhará também duas pistas extras; terreno acidentado é obstáculo à engenharia
Guilherme Azevedo
O custo total estimado das obras é de R$ 458 milhões, com execução da construtora Odebrecht Infraestrutura e fiscalização da Fundação Geo-Rio, órgão da prefeitura municipal especializado em geotecnia, que é o contratante. Com data marcada para terminar em março de 2016 (as obras tiveram início em junho deste ano), inclui a execução de um elevado, do lado montanha do já existente; de um viaduto; dois novos túneis, junto dos dois já construídos; e de uma nova ponte, contígua à atual. A extensão do projeto é de 5 km.
Com a ampliação, os motoristas vão ganhar mais duas faixas de rolagem, paralelas às hoje quatro existentes, com mão reversível. O projeto prevê também a construção de uma ciclovia com 3,1 km, enveredando por todo o traçado, incluindo o interior dos novos túneis. A expectativa é de que a capacidade de tráfego de veículos entre São Conrado e a Barra da Tijuca cresça 35% com as obras de ampliação.
Dificuldades
Márcio Carvalho, presidente da Fundação Geo-Rio, avalia como complexa a execução do empreendimento. Porque ele exige múltiplas especialidades e cuidados, como construção de túneis em região adensada; execução de ponte com a técnica de balanços sucessivos; e construção de elevado sobre terreno de geologia diversificada. Além disso, a geografia local dificulta ainda mais: área de encosta, acidentada, formada ainda por terrenos heterogêneos. Essa característica irregular, pontua Márcio Carvalho, exigirá a construção de pilares de dimensões diferentes, com fundações igualmente distintas. Isso, claro, impacta de forma desfavorável sobre a velocidade da execução, reduzindo a chance de industrialização do processo, e ainda pede atenção redobrada em termos de segurança e logística.
Plano de fogo controlado
Os novos túneis terão extensão de 230 m (anexo ao do túnel do Pepino) e 400 m (junto do atual túnel do Joá). Serão perfurados com o auxílio de explosivos, com “plano de fogo controlado e brando”, nas palavras do presidente da Geo-Rio. Isso devido à presença de 300 moradias, na região da Joatinga. Segundo Carvalho, já se encerraram as vistorias cautelares desses imóveis, situados no raio de influência das futuras detonações, condição primordial para o início das obras. Este mês (outubro) já se iniciava a escavação a frio dos emboques, que receberão contenção especial. Essa contenção é feita com cortinas atirantadas e solo grampeado, isto é, com concreto projetado no talude mais tirantes. Os emboques também receberão barreiras metálicas flexíveis, para evitar o deslocamento de material sólido para a via.
Dentro do atual túnel do Joá tiveram início, nas madrugadas dos dias de semana, as escavações do túnel de serviço, por onde também seguirá frente de desmonte e perfurações do novo túnel. Hoje há também obras nos dois túneis existentes, do Pepino e do Joá, para tratamento e melhoria. Eles estão sendo revestidos com concreto projetado e tela metálica, para ampliar a segurança interna.
As detonações para abrir os novos túneis devem começar em dezembro deste ano ou em janeiro do ano que vem. O prazo de término da obra é o segundo semestre de 2015.
Nova ponte e viaduto
Conforme o projeto de renovação do Joá, a nova ponte da Joatinga, na Barra da Tijuca, contígua à obra de arte especial existente, terá 550 m de extensão, com tabuleiro de 8,60 m de largura e duas faixas de 3,50 m. Será executada com a técnica de aduelas em balanços sucessivos. As fundações da ponte, que devem começar ainda este mês (outubro), serão de tipos variados, combinando estacas-raiz e estacas cravadas. Os dois novos viadutos a ser construídos somam 1.500 m. Um é a própria ampliação do Elevado do Joá e o outro, de 50 m, faz a ligação do elevado com novo túnel.
Com relação aos cuidados ambientais, Márcio Carvalho pontua que haverá controle de partículas suspensas e monitoramento de fauna e flora, com a observação de medidas de mitigação e compensação. O projeto se situa dentro do Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar. Uma parte do material escavado será reutilizado no próprio processo construtivo, o que deve reduzir o número de viagens de caminhões ao bota-fora. Nas contas das construtoras, serão escavados 60 mil m3 de rocha no total.
Apesar da elevada complexidade e interferências numerosas do projeto, o presidente da Fundação Geo-Rio lembra a experiência da instituição, pois entre as especialidades dela está exatamente o trabalho de contenção de encostas, serviço para o qual foi especialmente criada em 1996, quando o Rio foi alvo de chuva intensa. “Também estamos nos valendo de estudos prévios para que não ocorra nada fora do previsto. É um exercício constante”.
Pontos-chave da ampliação do Elevado do Joá
Início
– Proximidades da Igreja de São Conrado. Alargamento da via atual, ao longo de 930 m de extensão, até o novo viaduto que será construído para acesso ao novo túnel do Pepino.
Novo túnel do Pepino
– 250 m de extensão. Desmonte com explosivos. Ligará com o novo Elevado das Bandeiras.
Novo Elevado das Bandeiras
– Extensão de 1.100 m. Ligará com o novo túnel do Joá.
Novo túnel do Joá
– 400 m de extensão. Desmonte com explosivos.
Nova ponte da Joatinga
– Depois de ligação rodoviária com 410 m de extensão. Ponte executada em balanços sucessivos e extensão de 550 m.
Ciclovia
– Com extensão de 3.100 m, ligará a ciclovia de São Conrado com a ciclovia da Barra da Tijuca.
Fonte: Revista O Empreiteiro