Yves Besse*
Ao mesmo tempo que discute a universalização da internet, o Brasil permite que mais de 10 milhões de pessoas fiquem sem acesso à água potável, 40 milhões sofram com a falta de fornecimento regular de água de qualidade, 70 milhões de brasileiros não tenham acesso à ligação de rede de esgoto e mais de 100 milhões não contem com o tratamento dos efluentes domésticos.
Esses números são conhecidos. Aliás, estão no SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, que o Ministérios das Cidades, disponibiliza para quem quiser consultar. Também é de domínio público que são necessários investimentos de R$ 270 bilhões para universalizar os serviços de água e esgoto. O setor propôs mudanças por meio de novas leis, criação de regras claras para todos os operadores: públicos e privados. As empresas privadas, competentes na gestão dos serviços, se mostraram dispostas a atuar em todas as frentes para ajudar os municípios a resolverem seus problemas de água e esgoto.
O fato é que, a cada iniciativa que toma, o setor privado enfrenta o preconceito de um segmento desestruturado, esbarra em um executivo e legislativo que, depois de acenarem com novos tempos, lavam suas mãos. É mal entendido pelo Ministério Publico quando pede apoio para combater iniciativas inconstitucionais, como as tomadas no Paraná e Rio Grande do Sul, para mexer na Constituição Estadual e impedir a entrada do privado no saneamento.
O desanimador é que, enquanto perdurar esse quadro, o conjunto da população urbana não poderá ter água de qualidade nas torneiras e seus esgotos tratados. Mesmo assim, não vamos desistir de mostrar que o caminho da parceria entre público e privado é uma das alternativas para mudar o triste enredo dessa história. Afinal, o Brasil merece esse esforço.
*Yves Besse é presidente da Abcon – Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto e da CAB ambiental
Fonte: Estadão