Nos anos 1980, a chamada “década perdida”, ganhou destaque como símbolo daquele período a história de um engenheiro que, não encontrando colocação profissional dentro da sua especialidade, abriu uma casa de sucos em plena avenida Paulista, em São Paulo, e a chamou de “O engenheiro que virou suco”.
Outro engenheiro, José Ricardo R. Barella, que hoje é o presidente do Conselho Diretivo e que foi o fundador da Progen, lembra-se dessa fase e conta que por pouco não mudou também de profissão: “Eu quase virei pizza, naquela época. Queria em montar uma casa de pizza para viagem, negócio que era promissor na ocasião. Mas, pensando melhor, cheguei à conclusão de que eu estava mais para consumidor do que para fabricante de pizza. Assim, insisti na profissão de engenheiro mecânico”.
No final da década de 1980, ele trabalhava no grupo Bunge como engenheiro e gerente de projetos do parque industrial de Jacupiranga, no Vale do Ribeira. Com a crise, a empresa dispensou muitos funcionários, inclusive ele, e foi quando a ideia da pizzaria surgiu. Mas, logo em seguida, a própria empresa em que ele trabalhou o chamou para atuar como terceirizado na área de engenharia de projetos. Assim, surgiu a Progen, há 25 anos.
De desempregado a empresário
“Em 1995, já estávamos em São Paulo, desenvolvendo projetos no segmento de cimento. Foi nesse ano que nos instalamos no escritório em que estamos até hoje, no Largo do Arouche, centro de São Paulo. Logo entramos também no segmento de medicamentos e saúde humana”, descreve o engenheiro.
Nos anos 2000, com a mudança na economia brasileira e com o início de abertura do mercado nacional, as oportunidades começaram a surgir, relembra o engenheiro José Ricardo: “A partir de 2002, a cada ano, a Progen dobrava o seu tamanho. Em 2008, já tínhamos cerca de 1.600 funcionários e foi quando entendemos que a administração da empresa precisava ser profissionalizada, porque já tínhamos esgotado o modelo de crescimento que até então vínhamos experimentando. Corríamos um risco muito grande de comprometer a continuidade da empresa e a nossa responsabilidade social, afinal, tínhamos quase dois mil empregados”.
Hoje, ele sente que a economia enfrenta um ciclo de baixa, embora o mercado ainda tenha muita liquidez e o Brasil ainda represente um cenário potencial e interessante para investimentos, atraindo grandes empresas de engenharia. “O nosso País é notadamente a sexta economia do mundo, mas não temos empresas de engenharia de projeção. O Brasil, diferentemente do resto do mundo, ainda é movido pelas grandes construtoras, pelas empresas que fazem e não pelas que pensam”, analisa.
Para ele, “o brasileiro é muito bom de discurso, mas fica devendo no que diz respeito a projetos específicos para executar cada um dos muitos planos lançados”. E aponta a falha: “Percebe-se que ninguém concebeu, estudou, planejou, verificou como fazer ou avaliou o quanto vai custar”.
Sem propósito não tem caminho
E conclui: “Eu sou e sempre fui um otimista por natureza. Do contrário, eu teria virado pizza. Mas é importante dizer que sou realista. Para tudo é preciso ter um propósito, tem de saber aonde se quer chegar, reconhecer as dificuldades e ter noção de quando é preciso mudar de caminho quando necessário”.
Fonte: Padrão