O espaço da Cracolândia. E outros espaços urbanos

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A ação policial e outras ações paralelas estão chegando tarde ao espaço em que ficou confinada a Cracolândia. Estão chegando tarde e jamais deveriam ter chegado.  A administração pública deixou, ao longo dos anos, que aquele vazio urbano começasse a ser ocupado anárquica e equivocadamente. O resultado é aquela multidão de seres humanos manipulados pelo negócio da droga.

No fundo, o problema é de raiz. Faltou organizar a cidade para evitar que o bem público acabasse sob o domínio da degenerescência social. E não houve orientação da administração pública, para bloquear o problema, ainda a tempo de resolvê-lo, antes que ele se alastrasse e adquirisse as proporções que hoje a gente vê in loco e no vídeo. De repente, a dimensão é de tal ordem, que a solução passa a exigir uma operação de tamanho federal, com as consequências metastésicas previsíveis.

Nenhuma área urbana, desocupada por conta do avanço da cidade para outras regiões, deve ser abandonada. O planejamento da cidade deve estar atento para analisar e colocar em prática outros tipos e usos de ocupação. No caso da área da Cracolândia, a administração fechou os olhos para o geral e deixou que a ocupação predatória se encarregasse de deteriorá-la. Alguns projetos pontuais, que saíram do papel depois da desativação da antiga rodoviária, apenas douraram a pílula. O problema poderia ter sido resolvido ainda nos primórdios de sua feição social. Quando ele se torna argumento para operação policial expõe a constatação de que a administração pública foi incompetente. E chegou com atraso.

Outros espaços urbanos que vêm criando sérios riscos para a cidade, sobretudo para a sua mobilidade, são aqueles sob os viadutos, de que é exemplo o Viaduto da Pompéia. É necessário que a administração pública dê a esses espaços alguma utilidade adequada para prevenir deterioração e desastres.

 

 

Fonte: Nildo Carlos Oliveira


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