Vamos abrir um parêntesis para falar do Ipea. No começo, era uma fundação: a Fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, criada naqueles tempos de 1964 e ligada, pelo perfil e propósitos, ao Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
A partir de 1969 mudou de feição. Na presidência do economista João Paulo dos Reis Veloso já funcionava como instituto e foi se tornando cada vez mais necessário pela contribuição que passou a oferecer ao País com a formulação de trabalhos e análises na área econômica. Pela sua presidência passaram diversas personalidades de peso, dentre elas a socióloga Aspásia Camargo, Élcio Costa Couto, o economista José Flávio Pécora e o professor Márcio Pochmann. Agora, está sendo presidido pelo economista Marcelo Neri, da FGV.
Em sua trajetória o instituto realizou trabalhos sérios em favor do conhecimento no País. Desenvolveu indicadores econômicos e de percepção social e estudos sobre um arco muito amplo das carências em diversas áreas das atividades. Ainda recentemente elaborou, com muita acuidade, estudos sobre a situação dos aeroportos, portos e estradas brasileiras. E são muitos valiosos os projetos elaborados sobre temas da atualidade: a climatologia, as mudanças nas políticas públicas nas três instâncias de governo, a disseminação do conhecimento e os problemas estruturais, com indicações de como resolvê-los.
A revista O Empreiteiro, mesmo, já utilizou referências dos estudos do Ipea em várias das matérias aqui publicadas. E o então presidente do órgão, Marcio Pochmann, participou de seminários temáticos que realizamos, trazendo-nos contribuições oportunas, para o entendimento de muitas peculiaridades brasileiras.
Agora, assume a presidência do Ipea o economista Marcelo Neri, dentro de uma condição política que poderá deixar o instituto menos infenso, talvez, à influência direta da Presidência da República. Ao menos, é isso que a sociedade espera.
Contudo, há um dado que preocupa. Acaso o Ipea, para funcionar corretamente precisaria de um orçamento da ordem de R$ 305 milhões (orçamento do ano passado)? E, o número de 256 pesquisadores não seria um exagero? Quem sabe um dia teremos as respostas a essas indagações.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira