O patamar de debates para um projeto de Nação

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Previsto para 27 de outubro próximo, no Sheraton São Paulo, o 1º Fórum Brasileiro da Construção, organizado pela revista O Empreiteiro e a Totvs, pretende extrapolar o cenário da Construção e da Engenharia e fornecer subsídios para um projeto de Nação com vista para o 3º Milênio

Importantes acontecimentos, desde a ocorrência de fenômenos naturais que têm abalado obras de infraestrutura e destruído cidades em diversas regiões brasileiras, até fatos os mais auspiciosos para a economia e para o estímulo à diversidade da produção industrial e de outras atividades, vêm alterando a realidade nacional, com impactos no pensamento e nas ações dos que postulam a administração do País.
Contudo – e apesar até dos debates que a campanha política tem proporcionado – não se conta, sequer, com uma perspectiva de um projeto de Nação. Os debates têm sido esquemáticos, derivando para manifestações de inconformismo com obras, projetos ou lacunas pontuais em programas de governo, indicando as vulnerabilidades na educação, na saúde e nos investimentos, sempre insatisfatórios, para saneamento, habitação, e outras áreas que afetam a população.
No fundo, a propaganda política, de um lado ou de outro, reflete o esforço para a fixação de imagens, como se o governo de um país dependesse mais da personalidade a ser colocada no poder, do que de um programa que racionalize, identifique e aponte a necessidade de se construir uma Nação para todos. A falta de um projeto com esse fim explica porque as discussões, mesmo as mais qualificadas, dispersam-se e não encontram contrapartida na sociedade. E induz até à crença de que o Brasil, em razão de suas exigências, absolutamente primárias, em diversas regiões, não precisa de um governo, mas de um pai ou de uma mãe que os tutelem.
Sem um projeto de Nação, que costure a diversidade de planos e programas de governos nas três instâncias, o Brasil continua crescendo, resolvendo, como pode – ou deixando de resolver – os gargalos que vêm aparecendo e que comprometem o movimento nos portos, aeroportos e em outras áreas consideradas essenciais para o transporte de pessoas, bens e serviços, tais como rodovias e ferrovias.
Vez ou outra ele é favorecido por fatos que independem de seu modelo de crescimento. É o caso, hoje, de eventos esportivos internacionais, como a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, que acabam impulsionando projetos e empreendimentos eventuais e que, por causa disso, não podem ser inseridos em um programa de nação.
O conjunto desses fatores pesou na elaboração do programa que está sendo montado para o 1º Fórum Brasileiro da Construção, articulado pela revista O Empreiteiro e pela Totvs e que será realizado dia 27 de outubro, na capital paulista, no Sheraton São Paulo. O evento é uma decorrência dos encontros que a OE/Totvs realizaram, ao longo deste ano, em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Os temas do Fórum
O evento prevê um dia de reflexão, mas a partir de experiências acumuladas por parte do conjunto das personalidades convidadas para os debates. Os temas selecionados incluem os seguintes:
– Desenvolvimento do Brasil: Projeto de País para o 3º Milênio.
– Novos cenários para a indústria da construção – Ética nas relações de mercado; impacto das mudanças climáticas na engenharia; Sustentabilidade; Habitação Social, um balanço do programa "Minha casa, minha vida";
– Copa do Mundo 2014 e Olimpíada 2016 – A construção de um legado para futuras gerações.
Economistas, empresários, urbanistas, engenheiros, arquitetos e personalidades que vêm estudando a evolução de outras regiões do mundo do ponto de vista das mudanças climáticas e da interação crescimento urbano-economia, integram o grupo de convidados para esse dia de reflexão. Os subsídios serão em seguida publicados pela revista, que repercutirá as manifestações que venham a será provocadas pelo fórum.

O programa preliminar do evento é o seguinte:
Desenvolvimento Brasil: Projeto de País para o 3º Milênio
Especialistas antecipam que a economia global caminha para a Era do Conhecimento, onde os commodities e bens industriais ficarão em segundo plano.
Para o Brasil manter sua competitividade, quais as deficiências a serem solucionadas? A gestão obsoleta do Estado; a educação ainda estagnada; a infraestrutura que levara pelo menos uma década para atingir um nível satisfatoriamente funcional; a ausência de um projeto de País para o 3º Milênio (ainda continuamos valorizando a exportação de commodities); gastos públicos crescendo mais que os investimentos – são muitos problemas para parcos recursos. Como o Brasil pode se inspirar na Coréia do Sul pós- II Guerra e na Índia que se transformou numa plataforma de serviços de TI?
Conferencistas:
– Júlio Sérgio Gomes de Almeida – economista, conselheiro do Instituto para Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi) e professor da Universidade de Campinas (Unicamp).
– Raul Velloso. Economista, especializado em Análise Macroeconômica e Finanças Públicas e Ph.D, Master of Philosophy e Master of Arts em economia pela Universidade de Yale, nos EUA, diretor da ARD Consultores Associados, ex-secretário adjunto da Secretaria Nacional de Planejamento do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento e ex-secretário de assuntos econômicos da Secretaria de Planejamento da Presidência da República
– Frederico Poley. Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (1991), mestrado em Planejamento Urbano pela Universidade de Brasília – UnB (1994), doutorado em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional – UFMG (2001) e pós-doutorado em Políticas Públicas pela University of Sheffield UK (2009). Atualmente é diretor do Centro de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro e foi Coordenador do Mestrado em Administração Pública na Escola de Governo da mesma instituição. Foi Gerente Estadual de Desenvolvimento Local e Setorial do Sebrae Tocantins. Tem experiência na área de Administração pública nos níveis Municipal, Estadual e Federal, com ênfase em Política e Planejamento Governamentais, atuando principalmente nos seguintes temas: população e demandas por serviços, espaço, urbanização e desenvolvimento, planejamento e avaliação de políticas públicas.
– Laércio Consentino. Presidente da Totvs

Novos cenários para a
Indústria da Construção

• Ética nas relações de Mercado
Cresce o número de obras embargadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Enquanto o Governo Federal busca criar mecanismos q

ue venham a blindar determinados estatais dessa fiscalização, a sociedade considera indispensável a atuação do TCU, como guardião da lisura no uso de recursos públicos. Instituições ligadas a setores de engenharia sugerem outras penalidades que não o embargo puro e simples da obra.
É verdade que obras paralisadas e inacabadas também causam prejuízo ao publico.
Conferencistas:
– Anis Kfouri Jr. Advogado, Professor de Direito e Presidente da Comissão Especial de Fiscalização da Qualidade do Serviço Público da OAB/SP
– Eduardo Capobianco. Administrador de empresas, Presidente Transparência Brasil e vice-presidente do Grupo Construcap.

• As mudanças climáticas ao longo do tempo e as previsões possiveis
Representante de instituição especializada apresente uma análise estatística dos últimos 10 anos sobre o aquecimento global como fato, bem como o aumento da ocorrência de chuvas, inundações e ciclones. Uma projeção para os próximos anos do clima, na qual fique evidenciado se essas mudanças vão continuar.
Conferencista:
– Patrícia Madeira. Meteorologista do Clima Tempo.

• Impacto das mudanças climáticas nas obras de engenharia
O agravamento das mudanças climáticas deixa evidente a ausência total de planejamento para fenômenos naturais como enchentes e sistemas de alerta à população.
Como a prevenção custa menos do que as operações de socorro às vitimas, como esta política poderia ser incorporada às três esferas de governo?
Um programa de obras preventivas nas bacias hidrográficas onde ocorreram enchentes históricas seria uma medida sensata?
Um programa de monitoramento de encostas e das pontes de viadutos das rodovias federais é cabível?
Conferencistas:
– Luiz Otávio Vieira. Diretor de Estudos e Projetos do Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro (Geo-Rio).
– Willy Alvarenga Lacerda. Graduado em Engenharia Civil pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, com mestrado em Geotechnical Engineering – University of California – Berkeley (1969) e doutorado em ¬Geotechnical Engineering – University of California – Berkeley (1976). Atualmente é professor colaborador da COPPE – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em Estabilidade de Taludes, atuando principalmente nos seguintes temas: aterros sobre argila mole, escorregamentos de terra, estabilidade de taludes, solos colapsiveis, mecanicas dos solos e solos tropicais. Foi Presidente da ABMS (Associação Brasileira de Mecanica dos Solos e Engenharia Geotécnica), atualmente é Sócio Emérito e membro permanente do conselho diretor. É Presidente do JTC1- Joint Technical Committee on Landslides and Engineered Slopes ,das 3 sociedades Internacionais: ISSMGE, ISRM, IAEG. É coordenador do INCT "Insatituto Geotécnico de Reabilitação de Encostas e Planicies-REAGEO.

• Sustentabilidade
Partindo da idéia que a Sustentabilidade em empreendimentos imobiliários ainda é muito mais propaganda que prática, como a legislação, o governo e mercado, trabalhando juntos, podem acelerar as mudanças.
O exemplo de Ribeirão Preto (SP), que tornou possível a reciclagem de entulhos de construção numa usina central, pode inspirar outras cidades grandes?
Exemplos de iniciativas que o setor da construção adota aqui e no exterior, para realizar uma obra sustentável, e como replicar esses exemplos em larga escala?
Conferencista:
– Eng. Nelson Kawakami. Engenheiro Naval (EPUSP) e pós graduado em engenharia e finanças (EPUSP / FGV), atuou nas áreas Corporativa (Análise de Novos Negócios e M&A), de Construção e Engenharia em grandes empresas (ABN AMRO, ITAUSA, RHODIA). Lidando a mais de 20 anos com projetos industriais, imobiliários e de eco-eficiência, sendo um dos pioneiros em co-geração, certificação LEED e ISO 14.001 para edifícios administrativos. Atualmente é CEO e Diretor executivo do Green Building Council Brasil Brasil

• Habitação Social – Balanço do programa "Minha casa, Minha vida"
O programa ainda mostra poucos resultados e lentidão na cadeia de produção. Quais medidas podem ser tomadas para acelerar seu andamento?
Descrever resumidamente projetos em estágio avançado do programa.
Conferencista:
– Inês da Silva Magalhães, Secretária Nacional de Habitação, socióloga e especialista em gestão.

Copa do Mundo 2014 e Olimpíada 2016 – A Construção de um legado para Futuras Gerações
• A experiência de sucesso de Barcelona, Espanha
Como a cidade catalã se transformou ao sediar a Olimpíada em 1992, mobilizando a população e o empresariado que adotaram o empreendimento como sendo de toda a sociedade.
Barcelona desde então se transformou num dos destinos mais procurados pelo turismo, alem de atrair um fluxo crescente de investimentos empresariais em multiplos segmentos da economia
Conferencista:
– Alex Giménez Imirizaldu, formado em arquitetura e urbanismo na Escola Superior de Arquitetura de Barcelona, UPC. Doutorando em planejamento urbano. Professor de diversas universidades da Espanha. Participou de projetos de reurbanização em Barcelona, na Irlanda e outros países europeus. Numerosos estudos e conferencias.

• Como Londres enfrenta os desafios para a Olimpíada 2012
A despeito de ter iniciado o planejamento com muita antecedência, o orçamento teve que ser duplicado. As obras estão dentro do cronograma. Mas ainda há segmentos da sociedade que questionam o real valor do legado na reabilitação de uma região decadente da capital britânica.
Conferencista-Especialista da London Delivery Authority(ODA)

• Construindo o legado da Copa 2014 e Olimpíada 2016

Os jogos do Pan Americano mostram como o planejamento falhou, a gestão idem, e as obras multiplicaram seu custo.
E pior, as instalações hoje permancem ociosas na sua maior parte.
Como a sociedade, a engenharia e o governo podem se articular para evitar um novo desastre, em termos de custos e legado para a população?
Conferencistas:
– Pedro da Luz Moreira. Arquiteto e vice-presidente do IAB-RJ.
– José Roberto Bernasconi. Engenheiro, diretor-presidente da Maubertec Engenharia e Projetos, ex-presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo e presidente regional do Sinaenco/SP
– Comitê Organizador Rio 2016

Fonte: Estadão


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