Sejam quais forem os resultados das próximas eleições municipais em SP, um recado dos eleitores já está dado: eles estão cansados da manipulação de que têm sido vítimas ao longo dos anos pelos dois partidos políticos que se revezam incansável e convenientemente, na cadeira da prefeitura.
Na véspera da substituição do poder, os candidatos dos dois partidos vêm a público. Passeiam pelas ruas, devoram pastéis, carregam criancinhas no colo. Ultimamente até andaram de bicicleta e um deles ensaiou cair no ridículo, quase caindo de um skate.
As mensagens são as mesmas de anos anteriores, com pequenas variações inspiradas no noticiário. Mudam conforme a mudança da direção do vento. Não há criatividade nem sinceridade. O que existe é um esforço manipulador. Um deles até parece alérgico ao povo. Sai às ruas apenas para cumprir uma tarefa sem a qual estaria desobedecendo ao script.
E nenhum traz à tona propostas que possam ser traduzidas em soluções práticas para o problema do transporte público, ocupação de áreas de risco, saneamento, educação, saúde, construção e disseminação de creches, e programa para a redução da violência que toma conta da cidade em qualquer local e hora. No fundo, sabem que nenhum desses problemas pode ser resolvido apenas na área municipal.
Qualquer que seja o eleito, no dia seguinte ele desaparecerá das ruas. Cumpriu a agenda partidária e dali em diante vai cuidar dos interesses dos patrocinadores da campanha política. O leitor poderá estar certo, no entanto, de uma coisa: o carnê do IPTU virá mais gordo, numa demonstração de que o seu imóvel, aos poucos, vai se tornando um instrumento de esbulho e tortura.
Ah, mas por que a referência ao recado que será dado pelos eleitores? Por que, de tanto ser manipulado pelos dois partidos que se revezam continuamente no poder, o eleitor pode considerar um terceiro candidato. Será a sua possibilidade de exercitar o voto de protesto.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira