Operação de rodovias adota novas tecnologias

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Carlos Brazil

Durante a edição mais recente do Congresso Brasileiro de Rodovias e Concessões, realizada de 12 a 14 de agosto em Santos (SP), um salão de inovações foi realizado com apresentações de trabalhos acadêmicos selecionados pelo Comitê Científico da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). A seção apresentou palestras técnicas sobre soluções e experiências inovadoras para aplicação em rodovias. Veja, a seguir, alguns destaques:

Distribuição de volumes horários de tráfego e hora

O objetivo do estudo – desenvolvido por Gustavo Riente de Andrade, Saulo Horta Barbosa, Marcus Vinicius da Silva Ferreira e Antônio Clóvis Pinto Ferraz – é atualizar os valores padrão de fluxo de veículos usados no Brasil, que se mantêm com referências criadas nos anos 1960.

De acordo com a pesquisa, a distribuição dos fluxos horários de tráfego ao longo de um ano forma padrões que tendem a se repetir de maneira aproximada em locais com características semelhantes. Esses padrões são usados em uma variedade de estudos de transportes, incluindo análises de viabilidade de projetos e avaliações de capacidade e nível de serviço.

“Eu, como engenheiro de tráfego, sinto a necessidade de contar com parâmetros mais atuais para desenvolver meu trabalho prático de gestão e operação de rodovias”, afirma Andrade, que apresentou o trabalho no evento.

Segundo o engenheiro, para racionalizar custos de operação de rodovias, é preciso fazer apurado planejamento de seu uso, tomando-se como base conhecimentos de engenharia de tráfego para melhor dimensionar os projetos.

Assim, contar com parâmetros mais bem calibrados e dados de referência atuais é essencial.

O estudo construiu padrões a partir da distribuição de volumes horários de tráfego para rodovias com diferentes características, utilizando séries históricas de volumes horários para o período de um ou mais anos completos, gerando modelos mais adequados para a projeção de volume de tráfego.

Análise dos contratos de concessão de rodovias federais

 

Elaborado com base na comparação de contratos de concessões de rodovias federais em três etapas diversas – firmados nos anos 1990; entre 2007 e 2009; e os da atual década -, o estudo conclui que foram incorporadas importantes evoluções nos modelos ao longo do período.

De acordo com Dario Alexandre Guerreiro – coautor do trabalho, ao lado de Francisco Anuatti Neto e Frederico da Silveira Barbosa –, os contratos de concessão firmados recentemente incorporaram elementos que melhoraram o equilíbrio das responsabilidades divididas entre concedentes e concessionários.

“A vantagem é que o atual modelo melhora a relação custo/benefício das concessões”, afirma.

Para Guerreiro, a exposição e a divisão de responsabilidades quanto aos riscos está melhor equacionada nos contratos recentes, concedendo garantias adequadas e responsabilizações compartidas para gerar viabilidade econômico-financeira aos projetos.

Outro ponto importante, segundo ele, é que os contratos evoluíram da antiga visão de “obra pública” para um modelo que fortalece o sentido da “concessão”, o que tem permitido a aplicação de uma melhor eficiência operacional.

A adoção de itens contratuais que permitem uma melhor equalização do fluxo de caixa das concessões também é citada por Guerreiro como ponto positivo dos recentes contratos. Por outro lado, ele considera como ponto negativo a implantação do chamado “desconto de desequilíbrio”, que pode penalizar alguns concessionários em determinadas circunstâncias.

Arrecadação automática de pedágionas rodovias federais concedidas

A ampliação do sistema de arrecadação eletrônica de pedágios é ainda um desafio nas rodovias federais administradas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), segundo Stéphane Quebaud, especialista em regulação da autarquia. Nos 5.240 km das 15 rodovias administradas pela agência, apenas 37,4% dos veículos utilizam o sistema eletrônico de cobrança nas praças de pedágio. Por outro lado, 45% das receitas apuradas nos pedágios são auferidos pela via eletrônica.

Para Quebaud, as vantagens do sistema eletrônico de cobrança são: redução do tempo de viagem e de custos com combustível; melhoria da segurança; maior fluidez e conforto; redução de custos de operação para a concessionária e do investimento com desapropriação para as praças; e a redução de problemas de segurança pelo manuseio de dinheiro.

De acordo com o especialista, a baixa utilização se deve ao elevado custo de aquisição das tags (equipamentos de cobrança em movimento) e de manutenção dos pacotes de serviços. Para resolver isso, Quebaud sugere o estímulo à concorrência.

Outra tendência, segundo ele, é a adoção da cobrança de pedágio por trecho percorrido, o que gera mais justiça tarifária. Como exemplo, destacou a experiência da Artesp, em São Paulo. Uma possibilidade de viabilizar esse tipo de cobrança seria utilizar o Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (Siniav), desenvolvido pelo Denatran pela instalação de tags identificadores em toda a frota veicular nacional até 2015.

 

Soluções de AVI – leitura de placas,classificação e identificação veicular

Apresentando tecnologias desenvolvidas pela 3M para a leitura de placas, classificação e identificação veicular, o especialista Dwight Jordan falou sobre a cobrança e controle de pedágio em fluxo livre em faixas múltiplas de rodagem.

De acordo com Jordan, dispor das infraestruturas adequadas é um dos itens mais importantes para o sucesso da cobrança de pedágio em alta velocidade.

Entre os desafios, destaca a necessidade de interoperabilidade entre as rodovias; reforço contra violações de pagamento de pedágio; adequação de questões legais; adaptação de regras de negócio em contratos em vigor; como lidar com usuários casuais; desinformação entre os motoristas; e como equalizar os custos.

Por outro lado, a cobrança automatizada de pedágio gera importantes benefícios, como: redução de congestionamentos; melhores condições de segurança; queda na emissão de poluentes; eliminação de suborno ou roubo; automação de tarefas; conveniência para os motoristas; e menos investimentos em infraestruturas, como praças de pedágio.

No Brasil, Jordan destaca ainda algumas dificuldades, como o desafio de lidar com diferenças de materiais usados nas placas de identificação dos veículos para o reconhecimento eletrônico das licenças, especialmente nas variadas condições ambientais existentes. Vale lembrar, segundo o especialista, que, nos EUA, o percentual de sucesso de reconhecimento e identificação de veículos pelos sistemas automatizados ultrapassa os 95%.

Fonte: Revista O Empreiteiro


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