Operadora investe para suprir aumento de DEMANDA

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Bianca Portela

Aoperadora privada de ferrovia — América Latina Logística (ALL) faz seus planos para atender à crescente demanda de carga ferroviária no país.

A ALL, neste ano, pretende investir um total de R$ 650 milhões para viabilizar o crescimento orgânico da companhia, o que inclui compra de equipamentos e manutenção da malha. Cerca de R$ 250 milhões do recurso total serão destinados à continuidade da construção da ferrovia entre Alto Araguaia e Rondonópolis (MT), de 260 km, que integra o Projeto Expansão Malha Norte.

A construção do maior complexo intermodal do país, em Rondonópolis, faz parte das obras de prolongamento da ferrovia no Mato Grosso, e servirá para a movimentação de grãos, combustíveis, fertilizantes, produtos frigorificados, algodão, madeira, entre outros. Projetado para atender a demanda potencial dos próximos 25 anos, o complexo tem na sua maior diagonal 6 km de extensão e prevê a instalação de até 30 empresas, criando um distrito industrial na região, com solução logística incorporada à malha ferroviária da ALL. A construção, com início previsto ainda para este ano, será entregue em 2012, juntamente com a conclusão das obras de construção da ferrovia até Rondonópolis.

O complexo intermodal terá capacidade inicial de 15 milhões de t/ano, podendo chegar até 30 milhões de t/ano, de acordo com a demanda. O terminal pretende atingir a maior produtividade dentro da ALL, planejado para carregar um trem inteiro de 120 vagões em seis horas.

Já o projeto de duplicação de trecho de ferrovia do interior de São Paulo, a partir da região de Campinas, até Santos deve iniciar-se em breve. Com um investimento previsto de R$ 1,2 bilhão ao longo de cinco anos, aplicados em via permanente, pátios, vagões, locomotivas e terminais, a iniciativa se destina ao transporte de açúcar a granel e derivados — com meta é de 9 milhões de t de açúcar movimentadas em 2013.

No final de 2010, a ALL anunciou a criação de uma nova empresa, a Brado Logística, para atuar como operadora logística para consolidação de contêineres no Brasil. A nova companhia pretende destinar investimentos próprios de mais de R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos para melhorias nos terminais e expansão da capacidade da ferrovia.

Concessão questionada

O modelo de concessão de ferrovias tem sido frequentemente questionado. A maior discussão está no chamado direito de passagem. “Quem detém a concessão também tem o direito de controlar a linha. Quem tiver que usar, precisa pagar por isso”, explica Felipe Souza, analista de transporte ferroviário da consultoria Lofis. Segundo ele, o governo quer redefinir o plano de utilização da malha por conta disso, inclusive para viabilizar o transporte ferroviário de passageiros.

Souza aponta outros problemas que impulsionam a necessidade de mudar as regras de concessão no setor, como o fato de 50% da malha em mãos privadas serem de trechos hoje inviáveis economicamente. Ele acredita que a mudança das regras pode até beneficiar o setor que terá oportunidade de renegociar a parte da rede ferroviária não utilizada.

Apesar desse quadro instável, o setor expandiu em produção 12,28% em 2010. “O cenário econômico é muito positivo”, justifica o analista os investimentos das empresas. O anúncio da chegada da empresa espanhola Tefesa, que quer investir em uma fábrica de montagem de vagão no estado do Tocantins para a produção de 5 mil unidades anos, é outro indício do aquecimento do setor.

De acordo com Felipe Souza, os investimentos das operadoras ferroviárias privadas estão sendo destinados à modernização e à segurança para aumentar a velocidade dos trens e a capacidade de transporte de carga.

Indicadores do Setor

Transporte de cargas

2006

2007

2008

2009

2010

2011 (P)

2012 (P)

2013 (P)

Produção Ferroviária

(bilhões TKU)

238,3

257,1

267

243,9

276,3

293,5

318,8

348,3

Variação

7,05%

7,89%

3,85%

-8,65%

13,28%

6,23%

8,62%

9,25%

(P) Perspectiva Lafis

Fonte: consultoria Lafis (dados IBGE, Secex, dentre outros)

Fonte: Estadão


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