Os investimentos recomendados para melhorar a malha rodoviária

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Embora o reconhecimento da necessidade de vultosos investimentos no transporte rodoviário seja unânime, o que varia, em relação a isso, é o montante que se deve investir nos próximos anos

Levantamento do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), do Ministério dos Transportes, mostra que o segmento deveria receber, nos próximos dez anos (de 2011 a 2022), alguma coisa da ordem de R$ 60 bilhões, para cumprir os programas de obras de ampliação e modernização.

Já o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) têm previsões bem mais arrojadas, notadamente para o transporte rodoviário. O Ipea fala em R$ 183,5 bilhões, até 2022 e, a Abdib, em R$ 12,6 bilhões anuais.

Esse foi um dos assuntos amplamente abordados durante o 9o Congresso Brasileiro da Construção (Construbusiness 2010), realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com o tema geral Brasil 2022: planejar, construir, crescer.

Documento publicado na ocasião, contendo os principais estudos e análises, constata que a participação de investimentos privados deverá crescer decisiva e significativamente nos próximos anos, passando de 2,4%, em 2010, para 51,4%, em 2022. Essa participação seria possibilitada por modalidades como as concessões simples, parcerias público-privadas (PPP) ou concessões administrativas (uma novidade que prevê a contração, pelo governo, por cinco ou dez anos, de serviços de pavimentação, manutenção, expansão e outros, visando o aprimoramento da qualidade das rodovias).

O setor privado, segundo a Pesquisa Rodoviária CNT 2010, detém apenas 16% das rodovias nacionais. E são justamente elas que apresentam os melhores índices de qualidade: 87,3% são consideradas “ótimas” e “boas”, enquanto que 58,1% das públicas tiveram avaliação “ruim” ou “regular”.

O governo, então, precisa realizar novos processos de licitação e, ao mesmo tempo, procurar tomar as seguintes medidas: aumento da fiscalização para controle de excesso de peso de carga; regularidade na contratação de obras de conservação e não só de expansão; revisão dos limites de carga por eixo.

Outra iniciativa seria a formação de funding para projetos em estradas vicinais, baseando-se no potencial valor econômico de cada região. É para isso que foi criada em 2001, por exemplo, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seu derivados e álcool etílico combustível.

De acordo com a Receita Federal, se os recursos da Cide, que somaram R$ 40 bilhões, entre 2004 e 2009, tivessem sido aplicados adequadamente, poderiam ter contribuído para diminuir em 20% o gargalo de investimentos no segmento rodoviário.

O Estado de São Paulo, que apresentou em 2009 os melhores índices de qualidade de suas rodovias (pavimentação, sinalização e geometria), segundo a CNT, ainda está longe das condições ideais. Apenas 33 mil km de suas vias, de um total de 200 mil km, são pavimentados.

Entre as melhorias necessárias para o Brasil, também se destaca a pavimentação de estradas. Hoje, o País só tem pavimentados pouco mais de 12% do total de suas rodovias. Países como México, Índia e Turquia têm mais que o dobro do que isso. Mesmo tendo a quarta maior malha rodoviária do mundo, o Brasil ainda tem um índice insuficiente de atendimento da demanda por carga desse modal. Isso provoca gargalos e perda de competitividade por parte da indústria.

Rodovias – Comparações

Malha rodoviária brasileira é a 4ª maior do mundo

Total pavimentado (%)

Brasil

México

Índia

Turquia

12,2

49

47

41

World Factbook – 2009

Avaliação por tipo de gestão das rodovias 2010 (%)

Conceito

Extensão pública

Extensão concessionada

Ótimo

7,1

54,7

Bom

25,3

32,6

Regular

37,6

11,3

Ruim

20,5

1,3

Péssimo

9,5

0,1

Total

100,0

100,0

Fonte: Confederação Nacional de Transportes (CNT)

­Ranking de países por porcentagem de estradas pavimentadas

Ranking

Países

% estradas pavimentadas (km)

Extensão rodoviária (km)

1

Alemanha

100,0

644.440

2

França

100,0

Fonte: Estadão


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