Os pioneiros da Engenharia são exemplos para gerações futuras

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Em duas edições de passado recente, O Empreiteiro tratou em profundidade das questões da memória da Engenharia brasileira. Foram as edições OE 397, de março de 2002, e a edição OE 491, de outubro de 2010. A primeira enfocou As obras e os pioneiros que construíram o Brasil moderno e, a segunda, trazia as histórias e os perfis da nova geração de empresários, forjada a partir dos pioneiros que os antecederam. Eram os Pioneiros da Engenharia Brasileira II, divulgados em cuidadoso trabalho de levantamento jornalístico, mostrando como a Engenharia do País se desenvolveu a partir de novos patamares econômicos e tecnológicos, dentro da moldura fixada pelo processo da globalização.
O conjunto de obras e dados históricos de gerações de pioneiros que a revista documentou constituiu um divisor de água expondo fases diferentes do crescimento brasileiro. A fase que espelhou uma política de governo voltada para a abertura dos caminhos de implantação da infraestrutura até hoje disponível – rodovias, ferrovias, hidrovias, energia, com a construção das grandes hidrelétricas; a montagem das extensas linhas de transmissão cobrindo o território continental; as obras de saneamento e de abastecimento de água; os transportes urbanos, sobretudo a construção dos metrôs de São Paulo e Rio de Janeiro; a montagem das plantas siderúrgicas e metalúrgicas; a exploração do petróleo, disseminada em terra e avançando mar profundo adentro, com a construção das plataformas da Petrobras; as redes de telecomunicações e outros empreendimentos que projetaram o Brasil para o futuro.
Ao lado das obras, o registro das empresas que as construíram. E, nas empresas, a inteligência dos pioneiros da engenharia, em todas as suas múltiplas vertentes, passando pela ousadia de fazer, diante da necessidade e do estímulo para fazer. Foi uma época em que o Brasil se voltou para ele próprio, explorando as suas potencialidades internas, recorrendo à genialidade de seus grandes mestres na arte de arquitetar e engenheirar. A construção de Brasília, nos 50 anos em cinco da visão de JK, se tornaria um exemplo dessa fase.  E a revista O Empreiteiro , que no ano passado comemorou 50 anos de atividades, foi testemunha ocular desta e de outras histórias. 
Com a edição, a revista exibiu uma nova geração de pioneiros.  Eles desenvolvem suas atividades no contexto de um país que rompeu as amarras dos anos de chumbo, vive o processo da democracia plena em um regime econômico que obteve estabilidade com o advento do Real, e recebe o influxo de políticas direcionadas para a sustentabilidade; tem nova visão do crescimento urbano; conta com nova formação de modelos contratuais, como as PPPs  e as concessões; introduziu melhorias nas relações capital-trabalho e quebrou as caixas-pretas das tecnologias, hoje amplamente disponíveis e que favorecem o intercâmbio da inteligência na engenharia e em outras atividades.
Esgotadas aquelas duas edições históricas, começamos a receber solicitações de leitores, clientes e até de pesquisadores em diversos campos da inteligência nacional para obtê-las. Em razão disso, achamos oportuno reuni-las em uma nova edição – esta que agora temos o prazer de colocar à disposição do mercado, como uma contribuição à história da engenharia do País. Ela recompõe as duas faces do pioneirismo brasileiro na Engenharia e pode ser o exemplo para os pioneiros da era iniciada neste milênio.
O tema nos remete também a fatos posteriores à Lei 8.666, que trata de licitações e contratos no âmbito da administração pública, e a medidas do Tribunal de Contas da União (TCU), que tem procurado salvaguardar o caráter ético que deveria ser inerente aos contratos públicos a partir de editais corretos, sem dirigismo e subterfúgios. A necessidade de cumprir prazos, que ficou mais evidente com os eventos globais Copa 2014 e Olimpíada 2016, e as enormes carências na capacidade de gestão dos contratantes públicos, não podem servir de desculpa para atropelar a legislação.
A lição que fica, desse trabalho amplo sobre Os Pioneiros da Engenharia, é que nenhuma empresa pode ser construída com pés de barro ou com base em relações promíscuas, as quais  confundem os limites entre o público e o privado. Pioneirismo é uma luta de gerações, onde a ética pode e deve ser o fiel da balança.

Fonte: Padrão


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