A John Deere, fabricante de tratores agricolas, inaugurou no dia 15 de maio sua nova planta, em Montenegro, a 50 km de Porto Alegre (RS). Com capacidade de produção de 15 mil tratores/ano, a unidade conta com 715 funcionários e durante as obras criou cerca de 1.500 empregos indiretos. Com o objetivo de expandir a capacidade de produção da empresa, a nova fábrica exigiu investimentos da ordem US$ 80 milhões, em prédios e equipamentos.
A escolha do Brasil, pela direção mundial da John Deere, para sede da nova fábrica de tratores, foi motivada pela “confiança no crescimento do país e na sua vocação para ocupar um papel de destaque entre os fornecedores mundiais de alimentos, fibras e bioenergia”, afirma Aaron Wetzel, vice-presidente de Marketing, Vendas e Planejamento da John Deere para a América do Sul.
A unidade de Montenegro é a terceira fábrica da John Deere no Brasil. Na unidade de Horizontina (RS) são fabricadas colheitadeiras de grãos e plantadeiras. Já a fábrica de Catalão, em Goiás, produz colhedoras de cana-de-açúcar. Os motores utilizados nos tratores fabricados em Montenegro são produzidos em outra unidade na América do Sul, localizada em Rosário, na Argentina.
A nova unidade fabril ocupa uma área de 70 mil m2 em um terreno de 961 mil m2, junto ao Pólo Petroquímico de Triunfo. De cordo com a direção da empresa, desde o início de sua construção, foram seguidos rigorosos critérios de proteção ambiental. Cerca de 25% do terreno foi reservado, formando três áreas de preservação permanente. Árvores de espécies protegidas foram cuidadosamente realocadas. Como medida compensatória, foram plantadas quatro árvores para cada uma que foi cortada durante a construção.
Duas estações fazem o tratamento de todos os efluentes líquidos gerados pela unidade. Os efluentes gerados pelo pré-tratamento de pintura, na limpeza de pisos e pelas lavadoras de peças usinadas são tratados por ultrafiltração, sistema usado para esse fim por apenas mais uma indústria no Brasil.
Uma estação de tratamento biológico trata os efluentes de sanitários, dos refeitórios e da lavagem dos tratores. Depois de passar por análise para verificar se estão de acordo com os parâmetros de controle do órgão ambiental, os efluentes são usados em irrigação da vegetação ornamental em torno da fábrica. Esse sistema, que também é único no país, é monitorado por uma equipe de engenheiros químicos e agrônomos.
O projeto da nova fábrica inclui ainda um sistema de pintura que utiliza tintas isentas de metais pesados e com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis. As cabines de aplicação contam com tecnologia de cortina d’água para controle das emissões na atmosfera. Para garantir a qualidade da pintura, os tratores passam por um pré-tratamento e por limpeza por fostatização. Depois da aplicação da pintura poliuretânica por aspersão é feita a cura em um forno para obter superfícies de alto brilho e assegurar a durabilidade da pintura.
Cuidados com a comunidade
O efetivo da nova fábrica foi formado com 540 funcionários contratados na região de Montenegro e 170 transferidos de outras unidades da John Deere, especialmente de Horizontina. Todos passaram por treinamento com focos em tecnologia, segurança de trabalho e ergonomia, e a maior parte desse trabalho foi feita em parceria com o Senai de Montenegro. Todos os operadores e montadores tiveram uma fase de treinamento prático na fábrica de Horizontina.
Desde o início da construção da fábrica, a John Deere procurou a integração com a comunidade de Montenegro. A Fundação John Deere, braço social da companhia, vem executando vários programas de apoio a entidades sociais e culturais da região.
Um dos programas da fundação é o Ativa, de voluntariado corporativo. O programa incentiva e dá apoio aos funcionários para a realização de atividades em escolas, orfanatos e asilos. Em várias iniciativas, os funcionários da nova unidade já se mostram ativos no trabalho social e educativo junto às comunidades da região.
Produção flexível
A fábrica adota os últimos avanços da tecnologia industrial, dentro do conceito de flexibilidade da linha de montagem, que permitem alterações para atender com maior rapidez aos pedidos dos clientes, a redução dos estoques de matéria-prima e de produtos prontos. A fábrica segue ainda o conjunto de boas práticas aplicadas em todas as unidades da companhia, o chamado DPS – Deere Production System.
Conforme estabelece o DPS, ao longo de toda linha de produção foram instalados pontos de aferição e bancos de testes automatizados, para verificações completas. Equipamentos de última geração, como os centros de usinagem, para a qualidade na produção.
“A tecnologia disponível na fábrica faz com que os modelos fabricados no Brasil sejam idênticos aos produzidos nas três principais fábricas de tratores da John Deere no mundo: as de Waterloo e Augusta, nos Estados Unidos, e a de Mannheim, na Alemanha”, afirma Antonio Garcia, diretor de Manufatura da John Deere para a América do Sul.
A linha de tratores fabricados em Montenegro tem oito modelos diferentes, com motores de potências que variam de 75 cv (modelo 5603) até 202 cv (modelo 7815), além de versões diferentes desses tratores que aumentam as opções e permitem que os clientes encontrem o equipamento mais adequado para suas necessidades. Além do mercado do Brasil, os tratores são destinados à exportação, principalmente para os países da América do Sul.
Modelos de maior potência produzidos em Montenegro, os tratores 7715 e 7815 vão ser entregues já preparados para a instalação dos produtos do sistema AMS, como o Piloto Automático John Deere. Com o sistema eletrônico para o AMS já preparado, a instalação desses dispositivos que utilizam o geoposicionamento por satélite torna-se mais fácil e rápida para os clientes.
Fonte: Estadão