Planejamento + projetos executivos + gestão transparente = obras concluídas

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A tecnologia a serviço da fiscalização e da transparência. Câmaras fotográficas instaladas em drones (acima) e programas inseridos em tablets (abaixo) têm se tornado ferramentas poderosas que permitem acompanhamento de obras, com possibilidade de disponibilização dos dados ao público pela internet em tempo real

Em janeiro próximo assumem novos governantes em Brasília, Distrito Federal e nos Estados. Esse exercício de democracia sempre traz lufadas de esperança por mudanças positivas, suscitadas a partir dos protestos de rua de junho de 2013. A população cansou de esperar o cumprimento de promessas oficiais e decidiu se manifestar como pode.

A carência de infraestrutura nas cidades brasileiras está em primeiro lugar entre as reivindicações da população, que exige habitação, saneamento, transporte público de qualidade, escolas, hospitais, etc.  Há décadas, entra governo sai governo, continuamos a discutir os benefícios que adviriam da boa gestão das obras públicas, dos contratos executados sem atrasos nos pagamentos e sem estouro de orçamento.

Há um volume de recursos apreciável aplicado em obras públicas, que poderia ser muito maior caso os gastos da máquina administrativa parassem de crescer, como tem ocorrido nos anos recentes. Em 2013, o governo federal pagou por obras e serviços executados R$12,416 bilhões, enquanto seis Estados — SP, RJ, MG, BA, PE e CE — pagaram R$18,415 bilhões, segundo levantamento da revista O Empreiteiro nos respectivos portais de transparência.

Inspirando-se no sucesso do setor privado nos seus empreendimentos, que no geral cumpre o orçamento e o cronograma acordados entre contratante e contratados, as etapas de uma obra são sobejamente conhecidas: após o projeto básico aprovado, é preciso desenvolver o projeto executivo, que possibilita realizar uma licitação com orçamento e prazos definidos. Ao vencedor da concorrência compete executar a obra segundo o custo contratualmente fixado, e no prazo e com a qualidade estipulados. Se houver quebra contratual sob qualquer aspecto, as multas serão inevitáveis. São procedimentos-padrão no setor privado e não há razão para ser diferente no setor público.

Para a obtenção da maior transparência, melhor fiscalização e incentivo para que o público possa atuar também como agente fiscalizador, as informações da obra em curso devem ser acessíveis pelo site do órgão contratante, com imagens atualizadas e percentagens executadas em termos de custo e prazo. É prática corrente entre os órgãos contratantes dos EUA e da Europa nos três níveis de governo e deveria ser adotada obrigatoriamente aqui no Brasil.

Há ainda ferramentas de tecnologia da informação que podem tornar esses trabalhos mais precisos, atualizados e ágeis. Se o projeto adotar o formato eletrônico BIM, todas as modificações e atualizações poderão ser feitas em tempo real, e acessíveis a todas as partes envolvidas. Câmaras fotográficas poderão ser instaladas no canteiro de obras para enviar imagens a intervalos regulares ou transmitir imagens em tempo real pela internet, e postadas no site.

A revista publica nesta edição o programa pioneiro do DOT – Department of Transportation do estado de Missouri, EUA, que substituiu ou reabilitou 802 pontes no seu território em três anos e meio. As chaves do sucesso: planejamento, contratação de um consórcio de construtoras+projetistas, projetos detalhados com padronização das vigas pré-moldadas, que foram produzidas com antecedência e estocadas, e logística aprimorada. Ou seja, pura engenharia e bem executada. Um exemplo inspirador.

Nossa proposta é tornar a gestão de obras públicas eficaz. Abrir a caixa-preta a fim de torná-la transparente. Fazer valer cada real aplicado. Todas essas ferramentas são comerciais e estão disponíveis no mercado. Falta somente decisão política para que essa página seja virada. Não tem mais sentido a prática de se executar obras com “pá e picareta”, com o apontador anotando as medições no caderninho. É preciso ingressar na era da tecnologia da informação, em que um tablet fará a conexão em tempo real entre a obra remota, o escritório do projetista na cidade e a equipe do contratante em outro local. As mudanças, quando necessárias, são validadas pelos responsáveis nos próprios projetos eletrônicos, que hoje já estão no estágio 4D.

Está lançado o desafio!

Fonte: Revista O Empreiteiro


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