Porto Franco já produz energia no Rio Tocantins

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PCH interligada à Coelba, na Bahia,
proporciona também desenvolvimento para a região do Cerrado

Há cerca de sete anos, o Brasil passa por uma fase de retomada na construção de obras para geração de energia. Dentre as hidrelétricas mais recentes, encontra-se a PCH Porto Franco que começou a funcionar no dia 14 de novembro de 2009.

Localizada no município de Dianópolis, Estado do Tocantins, com sítio de barramento no rio Palmeiras, afluente da margem direita do rio Palmas, na bacia hidrográfica do Tocantins, essa usina foi executada pela S.A. Paulista, empresa que completará 60 anos em 2011.

Com capacidade instalada de 30 MW, potência máxima que define uma pequena central hidrelétrica (PCH), a expectativa é gerar 25 MW de média ao ano, segundo o engenheiro Edgard Crema, presidente da Porto Franco Energética S/A, empresa contratante. A PCH, através da construção de uma nova linha de transmissão, se interliga à Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba) e reforça o sistema de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica da Eletrobrás.

Benefícios e meio ambiente

Antes mesmo da construção da PCH, a região foi beneficiada por meio de um convênio firmado por iniciativa da empresa contratante, a Porto Franco Energética S/A, envolvendo a prefeitura de Dianópolis e a Escola de Medicina da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (Uberaba, MG), para estudos, acompanhamento e tratamento de doenças endêmicas como leishmaniose, mal de Chagas e esquistossomose.

A mão de obra local tinha pouca ou nenhuma especialização e cerca de 600 funcionários receberam treinamento como pedreiros, carpinteiros, armadores, feitores, motoristas, operadores e mecânicos de máquinas pesadas, entre outras funções. Com o término da hidrelética, eles poderão ser aproveitados em futuras obras da S.A. Paulista, ajudando a combater a rotina regional da falta de empregos.

O meio ambiente recebeu atenção especial, de acordo com o engenheiro Luiz Sérgio de Queiroz, gerente do contrato e engenheiro supervisor da empresa: "Para obtenção da licença, foi aprovado o Plano Básico Ambiental (PBA) com todas as ações mitigadoras que pudessem levar ao menor impacto possível". Ele explica que, como parte do Cerrado, há grande biodiversidade no local e o processo de implantação foi acompanhado pelo órgão responsável, o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins). "A qualidade da água, flora e fauna de toda a área de influência direta e indireta, ao redor do empreendimento, será monitorada também nos próximos dois anos", afirma Luiz Sérgio.

Construção

"Aproveitamos toda a capacidade possível do rio, buscou-se uma melhor concepção do projeto, houve um estudo apurado", conta o engenheiro, que destaca a contratação de consultores renomados e de larga experiência nesse tipo de trabalho. Ele afirma que a obra pode ser considerada modelo, desde a construção dos alojamentos até as centrais de britagem e concreto.

A principal dificuldade, segundo Luiz Sérgio, foi o tipo de rocha encontrada na escavação (granodiorítico fraturada), o que tornou necessário um rebaixamento da cota da fundação. "Precisamos escavar até encontrar uma rocha mais resistente para a fundação das estruturas de concreto", afirma o engenheiro. A definição da areia adequada para uso nos filtros da barragem e no concreto e da argila para o núcleo da barragem também demandou a participação de especialistas contratados.

Para o desvio do rio, houve a construção de um túnel (seção de 22,32 m2 e 112 m de comprimento) sob as estruturas de concreto da barragem. O desvio do rio foi feito em duas etapas para atender ao cronograma: na primeira, visando o tratamento da fundação; e, na segunda, para a execução do maciço da barragem de terra, visto que o período seco (sem chuvas) não seria suficiente para a execução em uma única etapa.

"A barragem é de terra e enrocamento com estruturas de concreto, provida de um sistema de drenagem interna constituído por filtros verticais e horizontais e dreno de pé", explica o engenheiro. O comprimento total é de 932 m, a largura de crista de 6 m e a altura máxima de 50 m.

As concretagens foram feitas por sistema convencional de bombeamento, utilizando-se, predominantemente, fôrmas deslizantes para a execução das estruturas, com fundação implantada em rocha e as ombreiras em solo de alteração rochosa e solo residual.

Na construção da tomada de água, houve o emprego de concreto armado, em camadas de 1,0 m de altura. Junto à fundação lançou-se uma camada de concreto para a regularização da superfície. O lago, que ocupa área de 6 km2, foi formado após o fechamento das comportas de desvio do rio, com a obra concluída.

60 anos de atividades

A S.A. Paulista, que completará 60 anos em 2011, começou sua trajetória com serviços de terraplenagem e pavimentação, diversificou as atividades com a construção de rodovias, pontes, viadutos, aeroportos, obras urbanas como canalização de córregos, grandes avenidas e terminais para passageiros, entre outras. Foi ainda a primeira concessionária a tratar do lixo urbano, no Rio de Janeiro, trabalho encerrado em 2008.

Dados quantitativos

Contratante: Porto Franco Energética S/A
Período de Implantação: de 22/10/2006 até 14/11/2009
Potência: 30 MW
Volume de Concreto: 67.950 m3
Volume de movimentação de terra: 1.550.500 m3
Volumes de escavação (a céu aberto/ rocha subterrânea): Solo – 2.390.400 m3 (solo), 39.540 m3 (céu aberto) e 3.500 m3 (rocha subterrânea)
Volume do reservatório: 85,89 x 106 m3

Ficha técnica

Construtora: S/A Paulista de Construções e Comércio
Consultoria Ambiental: CTE Engenharia
Consultoria em Geotecnia: Paulo Cruz; Matra Engenharia e Consultoria Ltda; Vecttor Projetos Ltda; Nobutugu Kaji
Consultoria em Concreto: Luércio Scandiuzzi
Consultoria em Túnel: Paulo Kobayashi

Montagem

Elétrica: Andritz Hydro Brasil Ltda
Mecânica: Andritz Hydro Brasil Ltda
Gerenciamento e Fiscalização: Grupo Energia
Software de gerenciamento da implatação: MS Project / RM Solum

Principais fornecedores de equipamentos e materiais

Cimento: Ciplan / Votorantim
Aço Estrutural: Belgo Arcelor Mittal
Formas e escoramentos: Doka; S.H e Temek
Equipamentos de Construção: S/A Paulista
Turbinas: Andritz Hydro Brasil Ltda
Geradores: WEG
Transformadores: Siemens
Cabos elétricos: Prysmiam
Isoladores: Areva

Fonte: Estadão


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