Ela está crescendo, à margem das atividades tradicionais, com movimento inverso àquele de empresas de engenharia brasileiras, que são adquiridas por empresas estrangeiras; ela prefere comprar empresas consolidando seu espaço nos segmentos em que atua e abrindo novas frentes naqueles em que busca expansão
Nildo Carlos Oliveira
“Precisamos acelerar a velocidade de nosso crescimento. E, para fazer frente às grandes empresas de engenharia internacionais, nenhuma oportunidade é descartada, desde que isso nos ajude a atingir nossos objetivos estratégicos.” A afirmação é do diretor-presidente Eduardo Barella, administrador de empresas, que vem desenvolvendo uma série de mudanças ousadas na Progen, seguindo o exemplo do pai, José Ricardo R. Barella, que hoje responde pelo conselho diretivo. Ele ingressou na empresa quando entrou na universidade. À época, com 16 anos, lhe acudia uma dúvida: jogar futebol ou tornar-se empresário? Preferiu a segunda opção, ao perceber que o futebol “não era muito a minha seara”.
Prevista para ser finalizada em dezembro próximo, esta obra envolveu aprestação de serviços de engenharia para o desenvolvimento do Projetode Tubovias da Rnest, para o Consórcio Ipojuca Interligações, no Rio deJaneiro (RJ).
E foi ali, na empresa, que encontrou oportunidade para colocar em prática o que estava aprendendo nos bancos universitários. Embora não se inclinasse para a engenharia, como profissão, vislumbrou que os negócios da engenharia poderiam ser, para ele, um campo vasto. Tomada a decisão de ser empresário, cuidou de montar e acrescentar alguns departamentos que julgou importantes no organograma da empresa, como o de suprimentos, qualidade, recursos humanos e comunicação e marketing.
Além disso, mesmo antes de se formar, costumava passar as férias em canteiros de obras, ajudando na parte de planejamento, controle financeiro e até almoxarifado. Participou com entusiasmo da abertura dos escritórios de Belo Horizonte, Salvador e Vitória.
O ano de 2009 foi significativo para ele e para a empresa, que possuía um sócio. Ele e seu pai consideraram que seria importante adquirir a parte da sociedade. Depois de assumida essa deliberação, resolveu ficar fora das atividades internas da companhia por cerca de seis meses, período em que conduziu a bom termo as negociações com aquele fim.
Resolvida a questão societária, o processo de reengenharia, com novo modelo de gestão, possibilitou a duplicação do tamanho da empresa. E esta, que possuía 1.300 colaboradores e contabilizava faturamento de R$ 200 milhões, registrou, em 2011, faturamento de R$ 401 milhões, aumentando o contingente para 2.600 pessoas. “Este ano (2012) deveremos alcançar faturamento de R$ 420 milhões com um quadro da ordem de 2.700 pessoas”, estima Eduardo.
Comprar e consolidar
Quando, há cerca de dois anos, Eduardo e equipe revisaram o planejamento geral da companhia, concluíram ser chegada a hora de uma ampla avaliação estratégica. Viram que o Brasil dispõe de uma engenharia mundialmente reconhecida, do ponto de vista de qualidade e potencialidade. “Mas vimos, também”, afirma o CEO da Progen, “que temos um mercado de engenharia muito pulverizado, com empresas que são, a rigor, pequenas”. Seu raciocínio ia mais longe: “Somos hoje a sexta economia mundial (há economistas que a colocam como a sétima economia do mundo), mas se observarmos as empresas do segmento só de projetos e gerenciamento, vamos verificar que a principal delas, aqui no Brasil, não está entre as 50 empresas do gênero, internacionalmente falando”.
Ele constata que as empresas de engenharia brasileiras são pequenas em relação às empresas de engenharia lá de fora. E há algumas diferenças: lá fora, as empresas de engenharia têm mercado muito mais maduro. O mercado norte-americano, por exemplo, que chega a investir R$ 1 trilhão, somente em infraestrutura.
Além deste aspecto, as empresas de engenharia internacionais têm acesso ao mercado de capitais, o que lhes permite crescer mediante fusões e aquisições. No Brasil, o que tradicionalmente tem ocorrido é a compra de empresas de engenharia daqui por empresas de fora.
Eduardo Barella aponta os casos da canadense SNC-Lavalin, que recentemente comprou a mineira Minerconsult; da australiana WorleyParsons, que adquiriu a CNEC Engenharia, do Grupo Camargo Corrêa; da Arcadis, que adquiriu a Logos, além de outros exemplos.
Foi diante dessas constatações que a Progen decidiu inverter a posição tradicional. E saiu na contramão dos exemplos citados disposta a tornar-se uma empresa compradora. Tanto é que, em março do ano passado, adquiriu a R.Peotta, especializada em projetos de portos, píeres e estaleiros, e que na época da aquisição registrava faturamento da ordem de R$ 7 milhões. Hoje, segundo Eduardo, ela deverá faturar R$ 42 milhões. Isso significa que empresa desse porte, desde que alicerçada numa plataforma mais robusta, como a da Progen, pode alcançar sucesso ainda maior.
Mais recentemente, a Progen fez outro movimento no tabuleiro de aquisições de empresas estrangeiras e adquiriu 50% das operações da espanhola AudingIntraesa no Brasil, que tem know-how em projetos de trem de alta velocidade, metrôs, VLTs, rodovias e aeroportos. Da joint-venture das duas empresas surgiu a Progen – Transportes, Água e Meio Ambiente.
Além de comprar aquelas empresas e de manter e ampliar suas atividades tradicionais nos negócios de óleo, gás, química e petroquímica, infraestrutura e energia, metalurgia e siderurgia e gerenciamento de obras de engenharia, a Progen — considerada a maior empresa brasileira na área de projetos de mineração no País — já estuda uma terceira aquisição, dentro da política de “adquirir, para consolidar”. Eduardo Barella diz, no entanto, que só mais tarde fará essa revelação à revista O Empreiteiro.
Fonte: Padrão