A via elevada, que os seus idealizadores batizam de Alta-Via, poderá ser, na prática, uma estrutura com mão dupla de direção disposta ao longo da Marginal Direita do Tietê, desenvolvendo-se ao longo do canteiro central existente entre as vias expressas atuais. Ela prolongar-se-á por cerca de 24 ou 25 km, dotada de três faixas de tráfego em cada sentido, separadas por uma barreira central e limitadas por duas barreiras laterais. Terá sistema adequado de iluminação, drenagem, pavimentação de concreto betuminoso usinado a quente, pintura de faixas, placas de proteção acústica e outros elementos modernos de proteção para obra do gênero, conforme as normas brasileiras e internacionais.
O vão entre pilares será da ordem de 30 m, ou de 33 m, na conformidade das interferências no traçado. O elevado terá grade médio de 20 m de altura e grade típico na cota de 15 m acima do nível do piso do canteiro central da marginal, de modo a transpor as pontes atuais e futuras que cruzem ou venham a cruzar o Tietê no trecho em questão. O tabuleiro será constituído por uma estrutura em caixão contínuo de concreto protendido (seção unicelular), onde lateralmente se apoiarão treliças de concreto pré-moldado presas por intermédio de barras Dywidag de fixação, transversalmente dispostas no interior da laje superior do caixão, espaçadas a cada 3 m. Sobre essas treliças serão apoiadas placas pré-moldadas de pré-laje. Posteriormente será feita a concretagem da laje moldada in loco.
A meso-estrutura será constituída de um pilar de seção circular vazada compondo um cilindro esbelto e vertical, com uma viga que dá aos apoios típicos a forma de um T. Nele se apoiará a superestrutura – basicamente as duas longarinas da seção unicelular do tabuleiro. Os aparelhos de apoio previstos são de neoprene fretado. Já o pilar se apóia em um bloco de fundação que, por sua vez, é suportado por um conjunto de estacas-raiz. Estas se ancoram na rocha ao longo da margem do rio.
A via elevada ocupará apenas o canteiro central e as pistas expressas e local da Marginal Direita. Ela deixará totalmente livre e desimpedido o canteiro central da Marginal Esquerda. Essa solução preserva os espaços hoje disponíveis da margem esquerda para possível implantação de uma via elevada para Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Esse expresso poderá conectar-se com os trens e linhas do metrô hoje em operação nas proximidades do rio Tietê (linha do metrô na ponte Cruzeiro do Sul e linha de trem de subúrbio da CPTM próximo à avenida Raymundo Pereira de Magalhães). Estará, assim, aberto o caminho para a linha do futuro expresso que levará os usuários do Aeroporto Internacional de Guarulhos ao Aeroporto Internacional de Congonhas, passando pelas proximidades do Campo de Marte, que poderá transformar-se, proximamente, em aeroporto de porte doméstico.
Para a Marginal Esquerda do Tietê, a proposta não prevê nenhuma obra de arte, a não ser as seis pontes de acesso, que saindo de lá, transpõem o rio e conectam-se com a grande estrutura elevada, em suas pistas no sentido leste (Via Dutra e rodovia Fernão Dias). No lado direito são previstas seis rampas de acesso, alcançadas a partir da pista local da Marginal Direita. Elas favorecerão os usuários que, estando nas pistas expressa e local, pretendam utilizar as pistas do elevado no sentido da Rodovia Castello Branco. O projeto prevê que essas saídas e entradas sejam construídas de modo a minimizar custos com eventuais desapropriações.
“O que caracteriza a solução proposta”, diz o arquiteto, “é que o processo de concessão leva em conta basicamente a via elevada. Apesar disso, os nossos estudos têm outro alcance: todas as pontes da Marginal estão fora do gabarito de 5,5 m para a passagem de caminhões de carga. Em razão dessa distorção, a proposta prevê o alteamento dessas pontes (exceto daquelas que não podem ser mexidas porque estão tombadas pelo Patrimônio Histórico) ou o rebaixamento do piso, desde que essa operação não implique a colocação da pista na área de risco das enchentes. A solução prevê o tratamento urbanístico da Marginal e, no futuro, a recuperação dessas áreas para a melhoria urbana da cidade”.
Fonte: Estadão