Quanto mais longe dos centros urbanos, melhor

Compartilhe esse conteúdo

O mestre em Engenharia Luiz Henrique Werneck afirma que o crescimento dos centros urbanos provocou uma mudança no mapa aeroviário do mundo. É natural que as metrópoles expulsem seus aeroportos para as periferias. Foi assim com aeroportos como os de Chicago, Milão, Munique, Cingapura, Estocolmo, Hong Kong. Por que com São Paulo, a maior cidade da América Latina, que abriga uma população de 10,5 milhões de habitantes, também não aconteceu o mesmo? Werneck explica que o tráfego caótico transformou Congonhas no aeroporto mais cômodo.

A comparação não deixa dúvidas: por vezes um vôo de Congonhas até o destino demorava menos do que o tempo que levava um cidadão para ir do centro de São Paulo a Guarulhos, por causa dos congestionamentos.

A solução, na opinião do engenheiro e professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Cláudio Jorge Pinto Alves, seria um gerenciamento adequado da desconcentração de vôos em São Paulo e na expansão da infra-estrutura implantada na região. “Além da desconcentração da região paulista e no investimento em obras de engenharia para expansão da capacidade instalada, acredito que seja muito importante passar a ter um plano aeroviário nacional e investir nos pontos mais críticos do sistema, além de não cair na armadilha de engessar o setor produtivo”, analisa. Para ele, as companhias aéreas, diante das limitações existentes, buscarão satisfazer o mercado.

“O que falta, então, é uma regulação que estabeleça regras de mercado duradouras”. O presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Transporte Aéreo – (SBTA), Anderson Ribeiro Correia, afirma, contudo, que o maior desafio para os aeroportos urbanos é gerenciar a área de entorno, para garantir o uso do solo na adjacência somente para atividades que são compatíveis com operação aeroportuária. “Infelizmente, Congonhas e Guarulhos não cuidaram bem da área.

E Viracopos, em Campinas, está indo para o mesmo caminho, caso as autoridades não gerenciem bem o entorno. Dessa forma, a expansão dos aeroportos na região de São Paulo está bem ameaçada”, reflete. Essa análise é corroborada pelo mestre em engenharia Luiz Henrique Werneck, que afirma que o problema de uso e ocupação do solo de áreas próximas a aeroportos é complicado não só no Brasil, mas em diversos locais do mundo.

Para Werneck, é preciso que o governo enfrente o problema em Congonhas e em Guarulhos e construa um acesso rápido a este aeroporto. “Há capacidade de expansão no sítio aeroportuário de Guarulhos bastante significativa. Será preciso a ampliação no pátio de aeronaves, que está sendo feita a conta-gotas. No futuro deverá ocorrer a construção de uma terceira pista. Mas, para fazer essa ampliação será necessário desapropriar áreas que abrigam 5.300 famílias. Que político vai querer assinar em baixo dessa decisão?”.

Fonte: Estadão


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário