O Grupo Saint-Gobain estabeleceu três diretrizes para o crescimento na América do Sul, região da qual o Brasil detém sua maior participação. O primeiro deles é crescer de forma orgânica, o segundo é buscar novos mercados e o terceiro é trabalhar a excelência operacional de suas mais de 60 fábricas no continente, entre elas, 53 no Brasil. Essa estratégica foi apresentada pelo presidente da companhia para o Brasil, Argentina e Chile, Thierry Fournier, durante evento, no início deste mês de novembro, em São Paulo, que marcou as comemorações dos 350 anos da companhia no mundo.
“No Brasil, este ano foi complicado, e o próximo não será diferente”, admitiu Fournier. Porém, o principal executivo da empresa no Brasil ressaltou que, “ao longo de todos esses anos de operação por aqui, já passamos por várias crises econômicas, mas nossa visão do País é sempre de longo prazo”. Segundo ele, o que ajuda é que o Brasil tem muitos recursos naturais e um grande mercado consumidor.
Fournier lembrou que a Saint-Gobain investiu R$ 500 milhões no Brasil neste ano. “Inauguramos cinco novas fábricas e três lojas Telhanorte, desde 2014”, destacou. Porém, sem especificar valores, ele adianta que os investimentos no País serão naturalmente menores em 2016. Porém, o executivo destaca que a empresa vai buscar novas oportunidades de crescimento geograficamente e que vai intensificar a melhoria da produtividade do seu parque fabril.
O presidente da Saint-Gobain se diz decepcionado com o desempenho do setor de infraestrutura, notadamente nos negócios de água e saneamento básico. “O Brasil precisa de água, e todos os projetos nessa área estão atrasados”, frisou.
A companhia fabrica tubos de fero fundido para saneamento em sua unidade de Barra Mansa, no interior do Estado do Rio de Janeiro. De acordo com o diretor geral da Saint-Cobain Canalização, David Molho, o segmento de obras públicas teve forte redução neste ano, em comparação ao ano anterior. Em 2014, utilizávamos 100% da capacidade de produção da nossa fábrica de tubos. Neste ano, estamos com índice entre 60% e 70%”, disse. O executivo lembra, ainda, que a fábrica de Barra Mansa havia ampliado sua capacidade de produção de 130 mil para 150 mil t por ano.
Molho afirma que 80% das soluções de água e esgoto da Saint-Gobain são voltadas ao mercado de saneamento básico. Os outros 20%, atendem o mercado industrial, dos quais 10% se referem à construção civil. “E a construção civil nem cresceu este ano.”
O diretor disse que a linha predial cresceu muito em 2014, por conta das obras da Copa do Mundo. Mas esse resultado não se repetiu neste ano. “Buscamos diversificar nossos mercado, atuando em obras de aeroportos, como o de Guarulhos, em São Paulo, e do Galeão, no Rio de Janeiro”, explicou. Também a empresa reforçou a participação no segmento de hotelaria e de shopping centers, com produtos customizados para drenagem e captação de água.
A Saint-Gobain foi fundada em 1665, na França, com a criação da Manufatura Real de Vidros, durante a construção do Palácio de Versailles, por Luis XIV. De lá para cá, acompanhou todas as mudanças arquitetônicas do mundo.
Hoje, está presente em 66 países, com faturamento global de 41 bilhões de euros (em 2014) e 170 mil funcionários em todo o mundo. Posiciona-se como um grupo global, mas com respostas locais em cada país em que atua. Atua em vários mercados, como o de construção civil, indústrias automotiva, pesada e manufatureira, de petróleo e gás, de ponta (aeroespacial, eletrônica e médica), além do varejo de materiais e produtos para construção. No Brasil, são 39 lojas Telhanorte. (José Carlos Videira)
Fonte: Revista O Empreiteiro