ETE Queimados e 700 km de redes reduzem a poluição do rio Guandu

ETE Queimados e 700 km de redes reduzem a poluição do rio Guandu

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As obras da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em Queimados, na Baixada Fluminense, já receberam mais de R$ 52,7 milhões em investimentos e integram um conjunto de melhorias em andamento, que já resultaram na implantação de mais de 71,3 km de redes separadoras de esgoto nos municípios de Japeri e Queimados. Ao todo, neste ano, estão previstos mais de R$71,9 milhões em recursos destinados à expansão da rede e ao tratamento do efluente.

A iniciativa faz parte do plano de universalização de esgotamento sanitário nos municípios, que prevê a construção de mais de 60 estações de bombeamento, instalação de 700 km de rede de esgoto, com o investimento total de R$640 milhões. Com isso, mais de 270 mil moradores serão beneficiados e 51 milhões de litros de esgoto deixarão de ser lançados diariamente no rio Guandu, conforme explica Felipe Esteves, diretor executivo da Águas do Rio.

“As obras de Japeri e Queimados representam um marco de mudança de saneamento quando falamos do Rio, principalmente da Baixada Fluminense, região que historicamente ficou sem receber investimentos nessa área. Começamos as obras no sistema de esgotamento sanitário ainda em 2024, tanto na ETE Queimados, quanto nas execuções das redes separadoras nos dois municípios. É uma obra muito importante, tanto para a concessão quanto para o ecossistema local. Japeri, por exemplo, é o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Rio de Janeiro. Hoje, a gente já tem cerca de 15 frentes de serviços mobilizadas no município, aproximadamente 70 km de rede implantada e a ETE numa fase bem avançada, já próxima da entrega da primeira fase”, destacou Felipe.

Para garantir o pleno funcionamento do sistema atual durante a execução das obras, a Águas do Rio estruturou um planejamento operacional dividido por fases. Essa abordagem permite a integração gradual das novas estruturas à operação existente, sem comprometer a eficiência do tratamento. A estratégia contempla o controle técnico em cada etapa, mitigando riscos, otimizando recursos e assegurando a continuidade dos serviços com qualidade e segurança.

“Pelo fato de os dois municípios estarem a montante, antes da captação da Estação de Tratamento de Água do Guandu, que abastece quase 10 milhões de pessoas na região metropolitana do Rio, o nosso contrato colocou metas antecipadas. Em até 5 anos, precisamos universalizar esses serviços em Japeri e Queimados, por isso mobilizamos os serviços com uma certa urgência e, ao mesmo tempo, acompanhamos o cronograma como foi montado, com essa estratégia vamos conseguir entregar a obra de maneira antecipada”, disse o executivo.

A ETE Queimados é projetada para ter a capacidade de tratamento de 500 litros de esgoto por segundo, pensando em toda a vida útil dela. De modo que se possa antecipar o início de operação dessa estação e acompanhar a evolução da rede coletora, ela foi separada em fases. “Isso é comum numa obra de ETE, estamos entregando neste ano, 125 litros por segundo, o que representa ¼ da capacidade da estação. A gente consegue fazer isso separando as obras, fisicamente. Nas estruturas de concreto, o tanque de aeração foi dividido em quatro, os decantadores primários e secundários também”, detalhou o diretor.

“Temos 70km de rede implantada, cerca de 4 mil ligações domiciliares já executadas, então, se colocamos essa estação para operar de imediato, evitamos que esse esgoto seja lançado no Rio Guandu e vá no final cair na Baía de Guanabara. Outro tema importante, é a adesão à coleta de esgoto da população. A concessionária vai executar a rede coletora de esgoto, deixando o Terminal de Inspeção e Limpeza, dispositivo que fica para acesso na calçada, para o morador se conectar. Então, temos algumas ações que estamos viabilizando junto ao Ministério Público e ao Comitê da Bacia do Guandu, para apoiar esse morador que normalmente não tem condição financeira para fazer essa conexão.”, explica Esteves.

A conclusão da implantação das redes de esgoto nos municípios de Japeri e Queimados está prevista para o segundo semestre de 2027. A SEEL Engenharia, em parceria com a Águas do Rio, está executando o projeto de saneamento básico nas regiões da Baixada Fluminense.

ESTRUTURA E TECNOLOGIA

O projeto contempla a construção da ETE, equipada com tecnologias e inclui a implementação de um emissário terrestre, responsável por transportar o esgoto tratado para locais adequados, minimizando o impacto ambiental.

Durante a execução da obra, estão sendo realizados serviços como: Levantamento topográfico; escavação e reaterro; construção de estruturas em concreto armado; instalações hidráulicas e elétricas essenciais para o funcionamento da estação.

O uso da tecnologia tem sido fundamental no projeto de construção Estação de Tratamento de Esgoto, como conta Esteves. “Usamos drone para fazer o levantamento topográfico do sistema, isso traz uma velocidade e precisão interessante. Desde a etapa de pré-projeto até a etapa de levantamento de interferências, empregamos o georadar, que mapeia o subsolo sem precisar escavar, até tecnologias de execução de obra como por exemplo, em ruas mais afastadas, com subsolo mais descongestionado, com menos interferências, usamos a valetadeira, equipamento que tem uma produtividade muito boa para o dia a dia da obra. Dependendo da situação, usamos o método não destrutivo para vencer algum rio ou uma interferência mais complexa. Hoje, a nossa rede tem usado muito o uso de tubulação em PEAD (Polietileno de Alta Densidade), que tem uma durabilidade maior.”

NOVO SISTEMA DE ESGOTO EM MESQUITA ATENDE 65 MIL PESSOAS

“Há décadas convivo com a dura realidade de morar ao lado de um rio que virou um grande valão.” O desabafo é da dona de casa Márcia Liro, que reside há 25 anos às margens do Rio Dona Eugênia, na comunidade do Sebinho, em Mesquita, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. A realidade de Márcia e de vizinhos irá mudar após a entrega pela Águas do Rio do Sistema de Coleta em Tempo Seco (CTS) na região. A obra, que foi concluída em fevereiro deste ano, vai beneficiar 65 mil moradores, e faz parte do projeto macro da concessionária de levar saneamento básico a cidades do entorno da Baía de Guanabara.

O Coletor em Tempo Seco é um recurso que vai ajudar a limpar os rios e a proteger o meio ambiente no estado do Rio de Janeiro. Por meio desse sistema é possível interceptar o esgoto jogado de forma inadequada em rios que deságuam na Baía de Guanabara e redirecioná-lo para estações de tratamento. O método funciona sobretudo nos períodos sem chuvas fortes, pois nessas ocasiões o fluxo dentro das galerias pluviais, que transportam água de chuva, aumenta e não é possível separar a água contaminada com esgoto.

Em Mesquita, duas grandes estações de bombeamento, chamadas elevatórias, foram construídas nos bairros Chatuba e Edson Passos. Com isso, o esgoto que antes era despejado nos rios Dona Eugênia e Sarapuí é interceptado e direcionado para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Sarapuí, em Belford Roxo, onde é tratado. Em plena operação, o sistema tem capacidade de captar e tratar mais de 15 milhões de litros de água contaminada com esgoto, o equivalente a seis piscinas olímpicas, todos os dias.

Felipe Esteves é diretor
executivo da Águas do Rio e
atua em cinco municípios da
Baixada Fluminense.

BAÍA DE GUANABARA EM PROCESSO DE RECUPERAÇÃO

O Coletor em Tempo Seco no município de Mesquita faz parte do maior projeto de recuperação ambiental da história da Baía de Guanabara e foi o primeiro desse modelo entregue pela concessionária fora da capital fluminense. Um exemplo é o desvio temporário do Rio Carioca para o Interceptor Oceânico, que evita que mais de 250 litros por segundo de água contaminada com esgoto sejam despejados diretamente na Praia do Flamengo.

Ações como essa, somadas a reformas e manutenções no sistema de esgotamento sanitário das cidades no entorno da baía, já evitam que mais de 100 milhões de litros de esgoto sejam despejados diariamente nesse ecossistema.

Nos próximos anos, os investimentos na ampliação do sistema de Coletores em Tempo Seco somarão R$2,7 bilhões, criando um novo modelo de esgotamento sanitário que impedirá que cerca de 1,3 bilhão de litros de água contaminada com esgoto por dia cheguem à baía. Esse é um dos projetos que fazem parte do investimento total de R$19 bilhões que a Águas do Rio destinará ao saneamento em sua área de atuação até 2033, com impacto direto na qualidade de vida dos 10 milhões de habitantes.


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