Sinaenco aponta carências de infra-estrutura

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“O momento é agora”, diz o engenheiro José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), ao sinalizar que a Copa do Mundo de 2014 está aí e que, em especial os interessados na evolução do futebol brasileiro, precisam ajudar a mobilizar empresários e autoridades em favor das obras de melhoria e implantação de uma infra-estrutura logística e de arenas esportivas compatíveis com a importância daquele evento internacional.

O tema foi discutido por arquitetos, engenheiros, empresários, administradores públicos e investidores, dia 26 de agosto último, durante 8º Encontro da Arquitetura e da Engenharia Consultiva de São Paulo, no Centro Brasileiro Britânico, em três amplos painéis: 1. O planejamento do Estado de São Paulo para a Copa de 2014; 2. O desafio das arenas – construção, modernização e acessos e 3. Mobilidade e infra-estrutura urbana: oportunidades de negócios para a arquitetura e a engenharia.

Caio Luiz de Carvalho, presidente da São Paulo Turismo, que participou do primeiro painel, disse que algumas obras precisam ser concluídas, em São Paulo, a fim de que prefeitura e Estado possam cumprir, conforme os requisitos exigidos pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), a programação da Copa do Mundo em 2014. Uma das obras é a Linha 4 (Amarela), do metrô, que possibilitará acesso rápido eficiente a grande contingente público até o estádio Cícero Pompeu de Toledo, situado a 1,2 km da estação Morumbi, na confluência das avenidas Francisco Morato e João Saad. Pelo cronograma previsto, essa estação deverá estar pronta até 2012.

Outra obra será a avenida perimetral João Dias, que vai ligar a ponte João Dias, em Santo Amaro, à praça Roberto Gomes Pedrosa, defronte do estádio. Essa obra, que deverá estar pronta até 2009, é estimada em R$ 20 milhões, recursos que deverão ser disponibilizados pela prefeitura paulistana.

A terceira obra listada por Caio de Carvalho como prioritária para a Copa serão a ampliação e a modernização do aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas (SP). Com as ampliações e adequações operacionais necessárias, Viracopos passará a atender a um contingente da ordem de 60 milhões de passageiros/ano. E a quarta obra ali mencionada será modernização do estádio do Morumbi, construído nos anos 1950 do século passado a partir de um projeto de arquitetura concebido por Vilanova Artigas. As obras de modernização estarão a cargo do arquiteto Ruy Ohtake e estão orçadas em cerca de R$ 35 milhões, devendo ser custeadas pelo São Paulo Futebol Clube (SPFC). O Morumbi, hoje com capacidade para 75 mil pessoas, poderá abrigar 62 mil expectadores.

O projeto proposto por Ruy Ohtake – e apresentado por ele no encontro – prevê a construção de um centro de imprensa com capacidade para 4 mil lugares, uma redação para atender a cerca de 600 jornalistas, um estacionamento para 4,8 mil veículos e a cobertura do estádio, que terá desenho estético futurista, apoiada em quatro pilares laterais. A estrutura de concreto do Cícero Pompeu de Toledo já foi objeto de obras de reforço, executadas há alguns anos. Quando ele foi construído, não se imaginava que o comportamento tranqüilo, do público, derivasse para a sobrecarga produzida pelos contínuos das torcidas organizadas.

Empresários presentes ao evento do Sinaenco concordaram com a idéia exposta por Caio de Carvalho, de que o SPFC precisa, com urgência, estabelecer parcerias privadas, para tornar viáveis a reforma do Morumbi.

Além de Caio e Ruy Ohtake, os demais participantes do encontro foram os seguintes: João Alberto Manaus Corrêa (presidente do Sinaenco-SP); José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco nacional; Francisco Vidal Luna, secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo, Marcelo Branco, secretário de Infra-Estrutura Urbana e Obras da prefeitura paulistana; Vladimir Rioli, presidente da Pluribank – Engenharia Financeira e Societária; Ailton Brasiliense, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP); Jurandir Fernandes, presidente da Emplasa; Roberto Scaringella, presidente da Connection Tecnologia Ltda. e Adalberto Febeliano, vice-presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral.

Antecedentes históricos

Cícero Pompeu de Toledo, que no começo da década de 1950 presidia o São Paulo Futebol Clube, procurou o então diretor do Bradesco, Laudo Natel, para que ele assumisse a administração do clube.

Dois anos depois, era lançada a campanha Pró-Construção do Morumbi. A comissão eleita com aquele fim era constituída por Cícero Pompeu de Toledo e pelos seguintes sócios: Piragibe Nogueira (vice-presidente); Luís Cássio dos Santos (secretário); Amador Aguiar (tesoureiro); Altino de Castro Lima, Carlos Alberto Gomes Cardim, Luís Campos Aranha, Manuel Raimundo Paes de Almeida, Osvaldo Artur Bratke (arquiteto pai de Carlos Bratke), Roberto Gomes Pedrosa, Roberto Barros Lima, Marcos Gasparian, Pedro França Filho e Paulo Machado de Carvalho, que mais tarde se tornaria o “Marechal da Vitória”, em razão do êxito da seleção brasileira de futebol em 1962, no Chile. Esse grupo de empreendedores e aficionados pelo futebol construiriam, na época, o maior estádio particular do mundo.

Parte do dinheiro da venda do Canindé, que foi vendido para a Portuguesa de Desportos em 1956, acabou aplicado na compra de material para a construção. E toda a receita do clube também foi investida na obra, iniciadas em 1953, a partir do projeto desenvolvido por Vilanova Artigas, considerado num dos representantes da “escola paulista” da arquitetura moderna.

Fonte: Estadão


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