Para o Sistema de Logística Sul, formado pela Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e o Complexo Portuário de Tubarão, em Vitória (ES), a Vale tem pronto outro programa de investimentos. A meta, nesse caso, é aumentar sua participação no transporte de carga geral até 2012. Para isso serão aplicados US$ 2 bilhões na compra de 28 locomotivas e 900 vagões, e na melhoria da via permanente. Segundo a diretoria de Logística da Vale, com os investimentos a proporção de transporte de carga geral poderá ser equivalente ao transporte de minério de ferro.
Localizada na região Sudeste e com 905 km de extensão, a Vitória a Minas é considerada estratégica na consolidação do Corredor de Transportes Centro-Leste, integrado principalmente pelos estados de Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e pelo Distrito Federal, Bahia e Sergipe. Apesar de representar apenas 3,1% da malha ferroviária nacional, a ferrovia transporta atualmente cerca de 40% de toda a carga ferroviária brasileira, o que corresponde a mais de 135 milhões de t/ano, das quais cerca de 80% é minério de ferro e 20% de mais de 60 diferentes tipos de produtos, tais como aço, carvão, calcário, produtos florestais e granito.
Já a FCA, maior ferrovia do Brasil, com 7.080 km de extensão, corta os estados de Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe, além do Distrito Federal, interligando-os aos portos marítimos do Rio de Janeiro, Vitória, Angra dos Reis, Salvador e Aracaju. Suas linhas se conectam com a MRS Logística, Ferroban, Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) e com a própria Vitória Minas.
Seus principais produtos são petroquímicos, captados no pólo de Camaçari (BA), commodities agrícolas (grãos), minerais, calcário, produtos siderúrgicos, cimento e ferro gusa. Juntas, as duas ferrovias transportaram 60 milhões de t de carga geral, em 2007.
Sinalização de última geração na EFVM
No plano de expansão do Sistema Sul está prevista a compra de 1 mil novos vagões e 23 locomotivas para a EFVM. Esse aumento de frota se destina ao atendimento do aumento de produção do parque siderúrgico em Minas Gerais, de até 60 milhões t, e das indústrias do setor de celulose.
Além da compra de material rodante, a Vale está expandindo os pátios intermodais em Drummond e Ipatinga, em Minas Gerais, e ampliando o pátio do Complexo de Tubarão. Está ainda implantando um moderno sistema de sinalização e licenciamento de trens na Vitória a Minas, que dará ganho de 17% na produtividade. Com tecnologia de ponta, o novo sistema de circulação permitirá intervalos mais curtos entre trens, sem prejuízo da segurança.
O atual sistema, em operação desde a década de 1970 é baseado em componentes analógicos. Os pontos de sinalização são distribuídos a cada 7,5 km de sua linha, com subseções a cada 3,5 km. Com a nova rede, composta por microprocessadores, os pontos serão instalados a cada 3,5 km, com subseções em intervalos de 1,75 km.
O projeto será concluído em 2010, abrangendo a malha tronco, de 601 km, em linha dupla, e o pátio ferroviário de Tubarão. Apenas alguns ramais e trechos secundários não serão contemplados com a inovação tecnológica. O custo do novo sistema é de US$ 1,8 bilhão e está sendo fornecido pela GE Transportation, braço do grupo americano para a área de transporte.
FCA terá novo corredor
Para a FCA, estão sendo destinados R$ 53,3 milhões para suportar o crescimento, principalmente do agronegócio na região que a ferrovia atende. Esses recursos estão sendo aplicados na recuperação de 25 locomotivas e 400 vagões da frota inativa, e na instalação de computadores de bordo para reduzir o consumo de combustível.
Em se tratando de via permanente, os investimentos prioritários irão para dar início às obras do Projeto Noroeste de Minas, que consiste na criação de um novo corredor ferroviário ligando a região ao porto de Tubarão, no Espírito Santo. Cerca de 200 homens já estão trabalhando na instalação dos trilhos do trecho entre os municípios de Corinto e Pirapora, ambos em Minas. O projeto, que receberá investimentos de R$ 300 milhões nos próximos cinco anos, servirá para o escoamento de cerca de 2,6 milhões t de grãos destinados à exportação.
A partir de sua implantação, o Projeto Noroeste de Minas vai incentivar na região a produção de 2,6 milhões t de grãos para exportação, com a geração de cerca de 20 mil empregos em toda a cadeia produtiva, além de incrementar em R$ 77 milhões a arrecadação estadual até 2013.
A Vale está aguardando o licenciamento ambiental para dar início à construção, ainda este ano, da variante Litorânea-Sul, no Espírito Santo, que irá aumentar muito a produtividade no trecho. Serão 165 km que ligarão a FCA ao porto de Ubu e à Vitória a Minas, com investimentos previstos de US$ 500 milhões, ao longo de 30 meses. Com a variante, a prioridade será o escoamento da produção da siderurgia Baosteel, em que a Vale tem participação.
Fonte: Estadão