No primeiro trimestre deste ano, a MRS atingiu a marca de 30,8 milhões de t de minério ferro transportadas, com destinado à exportação. O volume, um recorde histórico para a ferrovia, representou um crescimento de 11,7% em relação ao alcançado no mesmo período de 2007. Mas o crescimento da ferrovia não aconteceu apenas na movimentação de minério. Foi registrada uma expansão maior ainda no transporte de soja e farelo de soja, da ordem de 51,4% quando comparado ao primeiro trimestre de 2007. O volume total transportado no período atingiu 30,8 milhões de toneladas, ou seja, um incremento de 10,9% em relação ao primeiro trimestre de 2007. Observando a série histórica dos resultados atingidos no 1º trimestre de cada ano, nota-se o contínuo incremento da produção, gerando um CAGR – Compound Annual Growth Rate (taxa média ponderada de crescimento em um determinado período) de 11,4% para o período a partir de 2002. A receita líquida atingida nos três pimeiros meses do ano foi de R$ 532,3 milhões, representando um incremento de 10,8% sobre mesmo período do ano passado.
Segundo a diretoria da empresa, o aquecimento da economia brasileira e da indústria de bens de capital, foram alguns dos fatores que pressionaram os negócios. Isso coincidiu com o mercado internacional igualmente aquecido. Neste cenário, a MRS, se consolidou como principal transportadora de ferro-gusa para exportação no sistema Sul, mostrando um crescimento de 150,2% neste mercado, no primeiro trimestre, em relação ao 1T07.
A MSR Logística é uma concessionária ferroviária do sistema da extinta Rede Ferroviárioa Federal (RFFSA), que controla e opera a Malha Sudeste. A concessão completou 10 anos em dezembro de 1996. Ao longo desse período, a evolução da sua receita aumentou cerca de 10 vezes e o volume de transporte aumentou cerca de três vezes.
A malha ferroviária operada pela MRS possui extensão total de 1.674 km, sendo 1.632 km de bitola larga (1,6 m) e 42 km de bitola mista (1,0 e 1,6 m). Suas linhas permitem o acesso às minas de minério de ferro em Minas Gerais às principais siderúrgicas (CSN, Cosipa, Açominas e Usiminas) e aos terminais exportadores (Guaíba – MBR e Sepetiba – CVRD).
Seu traçado atravessa estados que concentram cerca de dois terços do PIB brasileiro, interconectando as regiões metropolitanas das cidades de Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e os portos de Santos, Rio de Janeiro, Itaguaí (ex-Sepetiba) e Guaíba (RJ – no trecho Barra Mansa-Itaguaí).
Investir para crescer
Os bons resultados alcançados pela concessionária da Malha Sudeste da extinta rede Ferroviário Federal são consequência de um programa contínuo de investimentos para capacitação da via permanente e modernização de frota, equipamentos e sistemas. O primeiro trimestre deste ano, por exemplo, marcou o início de obras importantes, como as reformas entre o pátio de Volta Redonda e da duplicação do pátio de Barbará, em Barra Mansa, ambos no Rio de Janeiro. Tais obras, bem como as da duplicação entre Pulverização e Waldemar de Brito, aguardavam apenas o Licenciamento Ambiental para serem iniciadas.
Em junho foram concluídas as obras de ampliação do Pátio de Saudade, incluindo a construção de uma passarela para pedestres. Este pátio ferroviário, além de registrar um dos mais altos índices de atropelamentos fatais de pedestres, sempre foi um entrave por dividir o bairro ao meio, principalmente nos últimos 20 anos, depois que a Ferrovia do Aço passou a operar. Com a saturação do pátio de Barbará, o excesso de trens passou a estacionar no pátio de Saudade, dificultando ainda mais a travessia de pedestres, que são obrigados a saltar sobre os vagões ou passar debaixo deles.
Outra obra concluída em junho foi a da ponte sobre o Rio Bananal. Já a duplicação do trecho de Waldemar de Brito a Vargem Alegre encontra-se em fase final de conclusão.
Na área de manutenção, a concessionária adquiriu o equipamento Wheelspec, de fabricação australiana, que mede, através de feixes de laser, o perfil das rodas de vagões e locomotivas. Com esse equipamento, será possível verificar desgaste nas rodas, possibilitando, além da retirada de rodeiros que possam trazer risco de descarrilamento, um conhecimento sobre como e a velocidade com que as rodas vão se deteriorando. Adicionalmente, este instrumento permitirá estimar a quantidade de rodas a serem adquiridas ou reperfiladas no futuro e o desenvolvimento de novos perfis que sejam mais adequados à ferrovia.
Prosseguem os trabalhos de implementação do Sistema Integrado de Gerenciamento da Manutenção de Ativos (SIGMA), que entrará em produção no segundo trimestre de 2008. Esse sistema é a ferramenta que possibilitará à MRS desenvolver a Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC).
Em relação ao Projeto SIACO – Sistema Integrado de Automação e Controle da Operação, já foram instalados equipamentos de bordo em 90 locomotivas, além de outros sistemas de apoio – Controladores de Objeto, Estações Radio Base, entre outros – ao longo da via. Ainda neste período, deu-se continuidade ao “protótipo” do SIACO (Teste em Campo), com a verificação da necessidade de ajustes no projeto para compatibilização entre os sistemas novo e existente. Com isso, testes em fábrica foram refeitos, e iniciados em maios os novos testes em campo.
R$ 30 milhões em 2008
Para ampliar a capacidade de escoamento do ferro-gusa produzido em Minas Gerais para exportação, a MRS Logística, planeja investir R$ 30 milhões até o final deste ano. A meta da empresa é saltar de 1,5 milhão de t embarcadas até o final de 2008, para 2 milhões de t em 2009. Segundo Júlio Fontana Netto, presidente da MRS, o maior gargalo para o crescimento da exportação de gusa hoje é o sistema de descarga de vagões no Porto do Rio de Janeiro.
Os trens chegam ao Porto do Rio de Janeiro com 60 vagões e têm de ser desmembrados em pequenos lotes de seis vagões cada. O tempo de descarga leva 24 horas, sendo que são 12 horas só de deslocamento dentro do porto.
Para eliminar essa demora, a operadora vai investir em um novo sistema de descarga dentro do terminal, vizinho ao porto, de forma a não precisar mais dividir os trens. Isso lhe dará um ganho de capacidade de 30%. Fernando Poça, gerente corporativo da ferrovia, destaca o início dos embarques de gusa em navios Panamax a partir de agosto como um importante ganho para o setor. “O setor de ferro-gusa vive um momento importante, com o alto preço da commodity. Queremos crescer junto com o setor”, afirmou Poça.
Investindo na interface com o porto
Em maio, a ferrovia deu início às operações do ramal ferroviário para atender a Libraport Campinas, inaugurand
o o primeiro serviço de transporte ferroviário direto para Porto Seco (Terminal Alfandegado) da região metropolitana de Campinas (SP). A iniciativa vai incrementar a movimentação de importações e exportações no Porto de Santos. Os trens da MRS que fazem a rota Santos – Campinas têm um diferencial importante: além de ser a única ferrovia com acesso às margens esquerda e direita do Porto de Santos, o atendimento na Libraport, para os clientes, é a possibilidade de agilidade no desembaraço aduaneiro.
Para a construção do acesso ferroviário, cm 2,6 km de extensão, a Libraport Campinas realizou investimentos de R$ 4 milhões. Ele vai ligar o terminal à malha principal, que passa perto da rodovia Anhanguera. As equipes das duas empresas trabalharam em conjunto neste projeto. Os estudos iniciais apontam para um aumento de 40% nas atividades dos armazéns e na distribuição das mercadorias. “Investimos também em tecnologia e infra-estrutura do Porto Seco, modernizando e especializando nossos armazéns. Estamos preparados para receber este aumento de volume de carga”, diz o Diretor-Presidente da Libraport Campinas, Ricardo Arten.
De acordo com o Diretor Comercial da MRS, Valter Luís de Souza, a empresa oferecerá um serviço diferenciado, que ganhou o nome de MRS Shuttle. “Com esta solução, ofereceremos fluxos de transferência entre os terminais do porto e do interior, exclusivos para contêineres, com rotas, freqüências de embarque e transit-time fixos. Além das tradicionais vantagens da ferrovia, tais como segurança da carga, preços competitivos e redução do impacto ambiental, estamos oferecendo previsibilidade e alta confiabilidade, entre outros. Também temos acesso direto aos terminais portuários de contêineres da região sudeste, o que é um diferencial significativo”.
O foco da logística MRS – Libraport Campinas está no mercado de contêineres, porém, o terminal também oferece uma carteira de serviços para outros mercados, além da liberação alfandegada, uma vez que conta com um posto da Receita Federal. “Os clientes terão a possibilidade de um desembaraço aduaneiro mais próximo deles, atendido por ferrovia, com preços competitivos e qualidade de atendimento”, diz Souza.
A MRS anuncia também que ainda este ano serão feitos novos investimentos para a ampliação da capacidade de estocagem nos terminais ferroviários de Joaquim Murtinho e Sarzedo, em Minas Gerais.
Mais investimentos em terminais
Há cerca de um ano entrou em operação, na região da Grande BH, o Terminal de Cargas de Sarzedo Novo (TCS). Não precisou muito tempo para que a estrutura se tornasse uma nova e atrativa opção de movimentação de cargas na região. Servido exclusivamente pelos trens da MRS, o terminal já é considerado o melhor canal de exportaçãopara pequenas e médias mineradoras da região da Serra Azul. Ele ainda atende a grande números de clientes da carga geral, de diversos segmentos. E a expectativa é de crescimento nos próximos anos.
O corredorlogísticoformadopelamalha daMRSqueacessa diretamenteo terminal se converteu em um grande alternativa multimodal para os fluxos que têm os Portos do Rio e de Itaguaí (RJ) como origem ou destino. “Prevemos elevado crescimentopara2008,de200% na movimentação de contêineres. Antevemos igual expansão, principalmente nas movimentações de gusa (63%) e de minério (150%)”, diz Valter Luís de Souza.
Para fazer juz a previsões tão animadoras, o TCSreceberá investimentosda ordem de R$ 1,5 milhões, em 2008, destinados a aumentar sua capacidade e a qualidade dos serviços prestados.
“Prevemosdobrar nossa capacidade de movimentação até 2009, com investimento de cerca de R$ 2 milhões. A ampliação do pátio asfaltado e dos pátiosde estocagem de minério, ferro-gusa e contêineres, a construção de maisuma pontedeacessoeo aprimoramento de sistemas e circuitos de monitoramentosão algumasdasnossas prioridades”, revela o engenheiro José Eduardo Bumachar Pereira, Gerente do Terminal.
“Novos clientes estão utilizando os embarques via ferrovia, em sua logística integrada, taiscomoa Itambé,ArcelorMittal,Alcicla, Fuchsevárias siderúrgicas. Muitas mineradoras, comoa J. Mendes, AVG, CSN e Minerminastambém utilizam o terminal para escoamento de suas cargas através da ferrovia”, diz Pereira.
Já em São Paulo, aMRS, em parceria com oCragea,de São José dos Campos, está oferecendoaos clientes da região um terminal com amplo portfólio de serviços logísticos,atendidopor um corredor ferroviário que dá acesso aos Portos de Itaguaí e Rio de Janeiro (RJ) e o Porto de Santos (SP). Dentre as principais vantagens estãoa criaçãodeumpátio para depósito de contêineres com algumas das principais empresas de navegação que atuam no Brasil, operações de exportação através doregimeespecial Redex, uma alternativa que agiliza o desembaraço aduaneiro de cargas para exportação,eserviçosde armazenagemde carga solta e paletizada.
Comcapacidadeaproximadaparamovimentaçãode36milTEU´s e localizadono coraçãodoValedoParaíba,oCrageaéumterminal moderno e o único da região servido pela ferrovia. Embora seu foco esteja na logística de contêineres, o terminal está capacitado para movimentar e armazenar diversos tipos de carga. Asimplantação do pátio para depósito de contêineres vazios representa importante redução de custoslogísticospara a devolução destes, possibilitando a integração com cargas de cabotagem de outros portos.
Fonte: Estadão